[Resenha] Miss Corpus

25 de fevereiro de 2019

Título: Miss Corpus
Autor: Clay McLeaod Chapman
Editora: Rocco
Páginas: 224
Ano: 2008
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*Acervo pessoal
Sinopse: Miss Corpus mostra duas vidas em rota de colisão. No estado da Virgínia, William Colby retorna para casa após seis meses trabalhando em alto-mar e encontra sua esposa morta no chão da cozinha; na Flórida, Philip Winters encontra o corpo do filho desaparecido há cinco anos num acidente de carro. Tão distantes, mas vivenciando dores tão semelhantes, os dois botam o pé na estrada para realizar o sonho de seus entes queridos, ainda que eles agora sejam apenas dois corpos em decomposição. Em seu primeiro romance, o escritor e dramaturgo Clay McLeod Chapman apresenta uma prosa orgânica e sensorial na qual a morte, a tristeza e a solidão se contrapõem a doses de esperança e otimismo contidas nas pequenas atitudes de personagens que os protagonistas encontram, aqui e ali, em sua mórbida viagem pelas imensas highways norte-americanas. 
Resenha
William Colby passou seis meses no mar a trabalho e em casa deixou o grande amor de sua vida, Shelly. Pouco antes de ele embarcar, os dois se casaram e a viagem da lua de mel seria financiada pelos dias em alto mar. O casal se conhece há bastante tempo e os dois têm lindas histórias juntos, muita sincronia e foram feitos um para o outro. Mas Agora Will está sozinho. Shelly morreu de forma trágica e ele não consegue suportar a dor da perda.

Sua esposa estava planejando a viagem quando um acidente aconteceu, cercada de mapas e roteiros ela acabou caindo e batendo a cabeça. Will chega em casa todo empolgado para encontrá-la, a saudade é tanta. No entanto, ele se depara com uma cena que o deixa sem chão, completamente aterrorizado. Sua Shelly está morta e ele não sabe o que fazer. Mas então tem uma ideia, ela queria uma viagem perfeita e é isso que ele vai lhe dar.
“De repente, a gente começa a pensar nas coisas que nunca chegou a dizer. Quando o momento se vai e só restam os pensamentos que nunca compartilhamos com ninguém, a cabeça começa a procurar a ocasião desperdiçada. Quando perde a oportunidade de conversar com um ente querido, a maioria das pessoas prefere encontrar algum outro modo de falar o que planejava em vez de aceitar o próprio erro. Todos aqueles segundos que passei solitário, isolado, confiando no tempo para estar junto com Shelly mais tarde – somei todos esses momentos até me ver como o possuidor de semanas de ideias desperdiçadas, sentimentos confiscados. Eu não estava disposto a admitir que já era tarde demais.”
William tem algumas caixas térmicas e muitos sacos de gelo seco, ele resolve usá-los para transportar o que restou de sua esposa. Will desmembra Shelly e a coloca nas caixas cobertas com o gelo para mantê-la conservada e poder, enfim, fazer com ela a tão sonhada viagem. Ele põe as caixas no carro e torce para que nada aconteça em sua jornada, não pode ser parado por nenhum policial e precisa que todo saia conforme o planejado.

Ele tem um longo caminho pela frente e muitas coisas acontecerão no decorrer dos dias, Will conhecerá pessoas, viverá momentos que o farão relembrar sua vida com Shelly e outros que gostaria de tê-la viva ao seu lado. Mas algo desperta dentro dele, Will sabe como fazer sua amada esposa viver novamente e vai plantá-la (enterrar as partes do corpo ou simplesmente deixar com alguém que precise) e vai vê-la brotar ao olhar para traz.
“Eu espalharia Shelly durante metade da nossa lua de mel, inseminando o Sul com as sementes do corpo dela. A única maneira que imaginei de mate-la comigo seria devolvê-la ao solo, um pedaço de cada vez. O que volta à terra volta a brotar dela.”
Enquanto Will está seguindo seu percurso, conhecemos Phil Winters. Ele está completamente desnorteado, sua vida perdeu o sentido. Seu querido filho morreu e Phil sente que uma parte sua foi junto com o filho. Mas ele tem uma surpresa ao resgatarem de dentro de um pântano o carro no qual o filho estava, ele era o motorista e levava seus amigos para um passeio quando aconteceu o acidente e todos morreram. Phil vê a situação como sendo uma nova chance, uma nova oportunidade de fazer com o filho a viagem que prometera.

Phil coloca o corpo do filho no banco do carona e resolve cumprir a sua promessa. Vai levar o filho para uma viagem. Sua esposa repudia o ato, ele não entende por que e vai mesmo assim. Só eles dois, pai e filho juntos na estrada. São duas histórias diferentes, William Colby e Phil Winters, dois homens que lidam com a perda de pessoas queridas e vão até as últimas consequências para ter mais um tempinho com elas, para poder fazer aquilo que não fizeram enquanto seus amados estavam vivos. Até que os caminhos deles se cruzam e o resultado disso é ainda mais inusitado do que suas próprias histórias.
Minha impressão
Quando comprei esse livro eu esperava uma leitura bem diferente da que realizei, toda a trama me deixou chocada e eu não via o menor sentido para as coisas que estavam acontecendo. Tive uma experiência tão frustrante, tão ruim. Mas de alguma maneira a curiosidade me impulsionou e continuei a ler para ver no que esse emaranhado de loucuras ia dar e o final foi ainda mais decepcionante. 

Tudo começou quando Will chegou em casa e encontrou a esposa morta. A reação dele foi cortar o corpo dela, colocar em caixas térmicas com gelo e jogar as caixas no carro para fazer a viagem que ela tanto queria. Ele não ligou para a policia, não falou com a família dela, não pensou em mais nada a não ser desmembrar a esposa e viajar com ela. É muito sem sentido. Muito insano. Mas a bizarrice só piora. Em um determinado momento ele pega as pernas e um braço da esposa morta e coloca na banheira, então entra na banheira também e o braço roçando em sua cabeça é como se ela estivesse lhe acariciando. Nojento! 

Tem muito mais coisas mirabolantes nessa trama e não vou contar para não dar spoiler, mas é uma mais surreal que a outra. E quando outro homem aparece carregando um corpo no carro para fazer uma viagem (nesse caso é o seu filho morto) eu pensei que nada mais me surpreenderia, como eu estava enganada. O final superou qualquer expectativa negativa que eu tinha e foi ainda mais doido. 

Enfim, eu não tive uma boa leitura, mas é provável que quem se interesse por literatura gótica possa gostar. Bom, eu não sabia o que era o gênero e fui e fui pesquisar, na Wikipédia (clique aqui para ver a página completa)diz que o gênero usa a psicologia do terror (o medo, a loucura, a devassidão sexual, a deformação do corpo), do imaginário e outros. E ainda: “Talvez, uma melhor maneira de se compreender o gótico na literatura seja entendê-lo como um momento narrativo no qual a nossa razão é desafiada por um acontecimento insólito”. Vendo o que o gênero costuma tratar o livro está dentro do esperado, mas eu não gostei da obra. 

Minha nota para o livro

9 comentários:

  1. Minha nossa eu li a sinopse e meu olho já brilhou! Eu adoro literatura gótica, acho um dos melhores estilos de escrita, gosto muito. E essa busca pelo alivio e tentar realizar os sonhos de quem morreu, meu deus, que trama maravilhosa!
    Que pena que não gostou do livro, é que eu acho que é um genero muito peculiar, muitas das minhas amigas também não leem de jeito nenhum.

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  2. Eita que eu achei que seria uma história de amor daquelas e vem com a esposa morta logo de cara! Entendo perfeitamente o motivo de ter ficado chocada, eu fiquei só em conhecer a premissa da história rsrs, mas claro que também fiquei curiosa e mesmo que tenha sido tudo mirabolante e surreal eu queria ler, só pra descobrir como fecha tudo isso.

    Abraços.

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  3. Olá, tudo bem? Caramba, não conhecia essa obra ainda, a premissa é bem interessante mesmo, é realmente uma pena que a obra tenha sido decepcionante; eu tenho pavor quando acontece de eu não entender os acontecimentos história, haha. Adorei a resenha sincera!

    Beijos,
    Duas Livreiras

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  4. Olá, tudo bem? Eita, histórias que decepcionam é complicado. Eu já teria abandonado o enredo no meio se ele não tivesse funcionando para mim. Conheço por alto a literatura gótica, mas nunca li nada do gênero, aliás nem sei se gostaria. Como a sua opinião não é muito favorável, acho que deixarei a dica passar hehe Ótima resenha sincera!
    Beijos,
    https://diariasleituras.blogspot.com

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  5. Meu Deus Bia que livro é esse?

    Conforme lia a sua resenha ia arregalando os olhos... gente... esse livro definitivamente não é pra mim não

    Beijos

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  6. Olá!
    Eu até gosto de literatura gótica embora não seja um gênero que eu leia muito. Pela sua resenha este livro me passou a sensação de ser uma leitura um pouco confusa também. Então acredito que assim como você não seria uma leitura tão prazerosa pra mim. Mesmo assim adorei a resenha!
    Beijos!

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  7. na sua descrição da obra eu tive certeza que adoraria ele, adoro literatura gótica, tenho muito fascínio por ela, fiquei mega curiosa com esse livro e confesso que se pudesse o leria tipo agora kk.

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  8. Olá para ser sincera acho que só li um livro gótico em toda a minha vida, mais achei legal sua sinceridade sobre a obra isso faz diferença em uma resenha, não curto muito livros assim então acredito que também não teria uma leitura boa assim como vocês, enfim acontece né estamos sujeitos a isso como leitores, beijos!

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  9. Nossa, eu vi que essa foi sua pior leitura de fevereiro... mas não imaginava que seria tão "Noites na Taverna" feelings... Acho que Noites na Taverna, aliás, é bem leve se for comparar os dois. Credo, também não curtiria essa leitura.
    bjos
    Lucy - Por essas páginas

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