[Resenha] Caixa de Pássaros

Título: Caixa de Pássaros
Autor: Josh Malerman
Editora: Intrínseca
Páginas: 272
Ano: 2015
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*Acervo pessoal

Sinopse: Romance de estreia de Josh Malerman, Caixa de pássaros é um thriller psicológico tenso e aterrorizante, que explora a essência do medo. Uma história que vai deixar o leitor completamente sem fôlego mesmo depois de terminar de ler.
Basta uma olhadela para desencadear um impulso violento e incontrolável que acabará em suicídio. Ninguém é imune e ninguém sabe o que provoca essa reação nas pessoas. Cinco anos depois do surto ter começado, restaram poucos sobreviventes, entre eles Malorie e dois filhos pequenos. Ela sonha em fugir para um local onde a família possa ficar em segurança, mas a viagem que tem pela frente é assustadora: uma decisão errada e eles morrerão.

Resenha

Malorie está sozinha com seus dois filhos pequenos. Já faz tanto tempo que as coisas mudaram... que o mundo mudou. Agora, o simples fato de olhar para fora é fatal. Nenhum lugar é mais seguro do que atrás das vendas. Quatro anos se passaram e o medo é tão intenso quanto no primeiro dia ou ainda pior. Mas ela não quer mais viver assim, precisa ir a um lugar onde seus filhos possam estar protegidos por algo mais que um simples pedaço de tecido.

“Malorie sabe que quatro anos podem facilmente virar oito. Oito se tornam doze em um instante. E então as crianças serão adultas. Adultos que nunca viram o céu. Nunca olharam por uma janela. O que doze anos vivendo como gado fariam com suas cabeças? Será que há um momento em que as nuvens do céu passam a existir apenas em suas mentes e o único lugar onde seus filhos se sentirão à vontade será atrás do tecido negro das vendas?”

Quando todo esse caos começou ela soube de um lugar para o qual poderia ir, mas a viagem é muito longa e perigosa. Somente pode ser feita pelo rio e no trajeto alguns contratempos tornam a jornada ainda mais perigosa, sem poder enxergar é uma tarefa quase impossível. Na época as crianças tinham acabado de nascer, ela não poderia enfrentar um rio violento com dois bebês em um barco. Mas agora chegou o momento, não dá para esperar mais.

Quatro aos antes, Malorie estava grávida e a televisão começou a noticiar casos isolados de pessoas que cometiam atos terríveis e depois se matavam. O incidente ficou conhecido mundialmente e foi se aproximando cada vez mais dos Estados Unidos. Rapidamente as pessoas foram tomas pelo pavor, as ruas ficaram vazias, as janelas eram cobertas para evitar contato com o exterior. Alimentos eram estocados.  Mas Malorie ainda não entendia o real perigo da situação até acontecer com a sua irmã. Sem a menor explicação ela se matou e Malorie fugiu de casa para não ser a próxima.

Foi quando ela se lembrou de um anúncio no jornal, a poucos metros dali havia uma casa aceitando pessoas e ela foi para lá. Como o caos se espalhou tão de pressa, as pessoas mudaram com a mesma rapidez, confiar no outro era colocar a própria vida em risco. As pessoas da casa não estavam mais aceitando ninguém, não tinham como saber se o visitante estava sozinho, se ao abrirem a porta entraria apenas uma pessoa ou se ela levaria as “criaturas” para dentro. Mas Malorie conseguiu convencê-los de que não representava qualquer perigo e foi aceita pelo grupo.

Ninguém sabe o que está provocando os assassinatos e os suicídios, sabe-se apenas que as pessoas veem alguma coisa e logo em seguida parecem enlouquecer, cometem atos de extrema violência e depois se matam. O grupo que abrigou Malorie chama essas coisas de criaturas, algumas hipóteses para explicar o que elas são surgem, mas nada concreto, como não há sobreviventes não tem como saber o que, de fato, são ou de onde vieram ou o que querem. Ninguém nem mesmo sabe se elas possuem um corpo, mas sentem a sua presença, e isso é muito real.

E quatro anos se passam nessa agonia, ir ao lado de fora para buscar água ou tentar encontrar suprimentos requer muitos sacrifícios. Ao longo do tempo Malorie treinou seus filhos para usarem seus outros sentidos, principalmente a audição. Eles não podem tirar as vendas, precisam confiar em seus extintos e Malorie tem que confiar que os treinou bem. Malorie, Garoto e Menina vão enfrentar o rio. Vai ser uma viagem de dois dias sem poder olhar para ver o que está à frente, sem poder olhar quando sentem algo na água, quando alguma coisa encosta neles ou no barco. Dois dias sem poder descansar. Dois dias remando. Malorie não tem certeza se vai conseguir atravessar o rio com duas crianças de quatro anos, não tem certeza se o lugar para onde estão indo ainda existe ou se os aceitarão. Mas ela precisa arriscar.

Minha impressão

Há muito tempo eu tenho curiosidade com esse livro, mas foi só quando eu assisti ao filme que finalmente o peguei para ler. O filme é tão bom que eu precisava ler o livro no qual ele foi baseado. E quando li... nossa, que livro! É muito melhor que o filme e bem diferente também. É um thriller psicológico eletrizante, que leva o leitor para dentro de suas páginas e o faz sentir o medo dos personagens, é tudo tão intenso, tão real.

Mesmo tendo visto o filme eu me surpreendi em vários momentos, as diferenças são tão grandes! Mas não quero fazer um comparativo, quero falar sobre o livro.  A narrativa é alternada entre passado e presente e isso nos permite entender melhor como Malorie chegou até o momento em que está no rio com as crianças ao mesmo tempo em que acompanhamos a jornada dos três rumo a um lugar desconhecido com a promessa de lá encontrar segurança.

Nos quatro anos que se seguiram vemos o grupo que deu abrigo à Malorie se desdobrar para manter não apenas a comida, mas também a sanidade. Eles viviam confinados dentro de uma casa, nenhum deles se conhecia antes e foram obrigados a ficar juntos, trabalhar para o bem de todos e a tolerar as diferenças entre si. Mas a maior preocupação deles (tirando as criaturas, claro) era como manter os suprimentos. Então chega o momento de ter que sair da casa para fazer uma varredura e tentar encontrar alimentos e coisas básicas para que sobrevivessem pelo maior tempo possível antes de precisarem sair novamente. E do lado de fora estão as criaturas esperando pelo milésimo de segundo que qualquer um deles vai olhar, ainda que sem querer, e quando o fizerem será o fim. Por isso é tão arriscado sair ou mesmo deixar uma fresta na janela. Não se pode ter o menor contato visual com o exterior.

Quando vemos a narrativa no presente fica ainda mais tenso, o rio, as crianças, Malorie sozinha e cansada, as criaturas à espreita... Não vou falar mais nada para não dar spoiler, só digo isso: Leiam esse livro!

Minha nota para o livro