[Resenha] Na Mesa do Lobo

26 de março de 2021

 

Título: Na Mesa do Lobo
Autor: Rosella Postorino
Editora: Planeta
Páginas: 272
Ano: 2021
*Cortesia da editora
Sinopse: Best-seller internacional, inspirado na história de Margot Wölk e de outras mulheres obrigadas a provarem a comida antes que os grandes oficiais nazistas (e o próprio Hitler) a comessem
“Chamavam-na de Wolfsschanze, Toca do Lobo. Lobo era o seu apelido. Ingênua como a Chapezinho Vermelho, vim parar na sua barriga. Uma legião de caçadores procuravam pelo Führer. Se o tivessem em mãos, acabariam comigo também.” Alemanha, 1943: Os pais de Rosa Sauer, uma jovem de 26 anos, se foram. Seu marido Gregor está longe de casa, lutando pelo Reich na linha de frente da Segunda Guerra Mundial. Pobre e sozinha, ela toma a difícil decisão de deixar Berlim, cidade devastada pela guerra, para morar com seus sogros no campo, pensando que lá encontraria refúgio.
Mas, uma manhã, Rosa é procurada pela SS, a polícia militar do regime nazista: ela fora recrutada para ser uma das provadoras de comida de Hitler. Três vezes por dia, ela e outras mulheres são levadas à Toca do Lobo, o bunker do Führer, para experimentar suas refeições – potencialmente envenenadas. Forçadas a comer o que pode até mesmo matá-las, as provadoras começam a se dividir em aquelas leais a Hitler e mulheres que, como Rosa, insistem não serem nazistas... mesmo que arrisquem sua sobrevivência todos os dias pela vida do Führer.
Resenha
“Trabalhar para Hitler, sacrificar a vida por ele: não era isso que faziam todos os alemães? Mas se ingerisse comida envenenada e morresse assim, sem nem um disparo de fuzil, sem uma explosão? Joseph não o aceitava. Uma morte na surdina, fora de cena; Uma morte de rato, não de herói. As mulheres não morrem heroínas.”
A Segunda Guerra Mundial estava a todo vapor e Rosa Sauer se tornou uma peça importante em um dos eventos mais marcantes e terríveis da História mundial. Ela era a responsável por descobrir se a comida que alimentaria Hitler representava algum risco para o Führer. Ela não estava sozinha nessa, outras mulheres foram recrutadas para serem as provadoras de Hitler e darem a sua vida por ele se fosse preciso.

Aos vinte e seis anos, Rosa viu a sua vida mudar completamente. Seus pais morreram e o marido foi lutar pelo Reich na linha de frente, ela ficou sozinha em Berlim, mas os bombardeios na cidade a fizeram recorrer aos sogros em busca de abrigo, eles moravam no campo e a situação lá poderia estar um pouco melhor. No entanto, foi justamente na casa dos sogros que os oficiais da SS a encontraram e a recrutaram. Rosa não poderia recusar. Não era um pedido, não era uma oferta de trabalho. Era uma ordem.
Todos os dias, três vezes ao dia, Rosa e as outras provadoras eram levadas para a Toca do Lobo (bunker de Hitler) e eram obrigadas a comerem a comida que o Führer comeria, porque se estivesse envenenada e uma delas morresse era só substituir a provadora, mas Hitler era insubstituível e tinha muitos inimigos capazes de tudo para derrotá-lo. As mulheres não podiam recusar a comida, se o fizessem sofreriam consequências.

Enquanto o país sofre com a fome e a escassez de alimentos, ali na Toca do Lobo há fartura. Enquanto as famílias se desesperam para tentar alimentarem seus filhos, ali a comida é em exagero. As mulheres sentem culpa por comerem todas aquelas coisas, por saberem que as suas famílias passam fome em casa, por não poderem alimentar seus filhos... só que não podem fazer nada. Precisam comer tudo e engolir as angústias, o sofrimento, a tristeza. E como conviver com a culpa por desejar comer algo que poderá matá-las? Como conviver com a culpa de comer e se deliciar com o sabor magnífico da comida sabendo que seus familiares estão com fome?
A situação entre as mulheres fica complicada e elas começam a se dividir, algumas apoiam o Hitler e outras o odeiam. Por mais que haja desentendimento, por mais que elas discordem em muitas coisas, é impossível não sentir empatia quando alguém passa mal, quando presenciam o perigo do trabalho e lembram que podem morrer a qualquer momento para que o Führer continue vivo.

Em meio a todo esse sofrimento, Rosa se envolve em um romance proibido. Ela sabe que é errado, ambos sabem, mas se entregam aos desejos. Rosa pensa no marido o tempo todo, sente a culpa por trair a sua confiança, mas sequer sabe se ele está vivo, e não tem ideia se sobreviverá a mais um dia comendo comidas que podem estar envenenadas.
Minha impressão
Eu sou fascinada por livros históricos e quando vi a premissa de Na Mesa do Lobo eu criei muitas expectativas com a leitura, o que pode ter me atrapalhado. Na obra nós acompanhamos a rotina das provadoras de Hitler, mulheres recrutadas pela SS para provarem a comida antes dele. Qualquer uma das refeições do Führer poderia estar envenenada, então elas comiam, se uma morresse era só substituir.

Quem narra essa história é Rosa Sauer, ela perdeu os pais e o marido está lutando pelo Reich na linha de frente. Para fugir dos bombardeios em Berlim ela se refugia na casa dos sogros no campo. É quando ela é recrutada pela SS. Todos os dias ela e as demais mulheres são levadas para a Toca do Lobo (o bunker do Hitler) três vezes ao dia para provarem a comida e precisam aguardar ali até que se tenha certeza de que nenhum prato estava envenenado. Em alguns momentos também vemos um pouco sobre as lembranças de Rosa com o marido e com a família antes da guerra.

A trama tomou rumos que eu não esperava, Rosa acaba se envolvendo em um romance proibido e vemos quais consequências ele poderia trazer para ela, já que para o parceiro não seriam tantas. Eu imaginava que veria Rosa aprendendo sobre venenos, seu sabor diferenciado, o odor, as reações que poderiam causar, imaginava que as provadoras seriam treinadas para identificá-lo antes mesmo de comerem. Mas a autora não explorou esse lado nem trouxe muitas novidades, é basicamente o que elas fazem lá na Toca do Lobo e o caso que Rosa está tendo. Também senti falta do desfecho de alguns personagens e de uma situação que não ficou clara, somente podemos imaginar o que teria acontecido.

Como eu disse, estava com muitas expectativas e isso pode ter tornado a minha experiência com a leitura diferente, mas não é um livro ruim, eu que esperava encontrar outra coisa. Ver mais sobre a guerra, poder conhecer mais os perigos de ser uma provadora, ter algumas cenas mais tensas... Mas recomendo que leiam se também acharam a premissa interessante, é baseado na história real de Margot Wölk que foi uma provadora de Hitler.


Minha nota para o livro

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