[Resenha] A Casa Holandesa

13 de outubro de 2020

Título: A Casa Holandesa
Autor: Ann Patchett
Editora: Intrínseca
Páginas: 352
Ano: 2020
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*Cortesia da editora
Sinopse: Após a Segunda Guerra Mundial, graças à conjugação de sorte e um investimento fortuito, Cyril Conroy entra no ramo imobiliário, criando um negócio que logo se tornará um império e levará sua família da pobreza a uma vida de opulência. Uma de suas primeiras aquisições é a Casa Holandesa, uma extravagante propriedade no subúrbio da Filadélfia. Mas o que seria apenas uma adorável surpresa para a esposa acaba desencadeando o esfacelamento de toda a estrutura familiar.

Quem narra essa história é o filho de Cyril, Danny, a partir do momento em que ele e a irmã mais velha — a autoconfiante e franca Maeve — são expulsos pela madrasta da casa onde cresceram. Os dois irmãos se veem jogados de volta à pobreza e logo descobrem que só podem contar um com o outro. E esse vínculo inabalável, ao mesmo tempo que os salva, é o que bloqueia seu futuro.

Apesar de suas conquistas ao longo da vida, Danny e Maeve só se sentem verdadeiramente confortáveis quando estão juntos. Narrada ao longo de cinco décadas, A Casa Holandesa é uma história sobre a dificuldade de superar o passado. Com bom humor e raiva, os dois rememoram inúmeras vezes seu relato de perda e humilhação e a relação entre o irmão indulgente e a irmã superprotetora enfim será colocada à prova quando os Conroy se virem forçados a confrontar quem os abandonou.

Uma saga sobre o paraíso perdido, A Casa Holandesa se debruça sobre questões de herança, amor e perdão, uma narrativa sobre como gostaríamos de ser vistos e quem de fato somos. E, embora seja um livro repleto de reviravoltas que farão o leitor devorar a história, seus personagens ficarão marcados por muito tempo na memória.
Resenha

“Olhamos para o passado pela lente do que sabemos agora, então não o vemos como as pessoas que éramos, vemos com os olhos das pessoas que somos hoje, o que significa que o passado foi radicalmente alterado.”
Danny e Maeve viram suas vidas mudar drasticamente no momento em que perderam o pai, já tinham lidado anteriormente com a perda de uma pessoa que os abandonou para seguir em busca de seus sonhos – a mãe deles –, mas essa pessoa ainda poderia estar viva (pelo que sabiam, na Índia), já o pai morreu repentinamente. Os irmãos moravam na gigantesca, elegante e sufocante Casa Holandesa com o pai, a madrasta e as filhas dela, porém, quando o pai morreu a madrasta os colocou para fora de casa e os obrigou a viverem à própria sorte, sem um centavo da herança.

A família vinha de uma vida humildade, antes de Danny nascer eles eram pobres e as coisas começaram a mudar após a Segunda Guerra Mundial, quando pai conseguiu um bom investimento e levantou fundos para comprar A Casa Holandesa achando que seria o melhor para a sua família, mas foi a partir desta compra que tudo desandou. Elna, a mãe das crianças, odiava a casa e não conseguia viver nela, ainda suportou alguns anos, mas chegou o momento em que largou tudo – casa, filhos, marido – para ir ajudar os pobres na Índia, desde então ela nunca mais entrou em contato com os filhos. Danny e Maeve sentiram muito a falta da mãe e foi um período extremamente difícil para eles.

A partida da mãe deixou as coisas na Casa Holandesa bem complicadas para as crianças, mas foi só quando Andrea surgiu na vida do pai deles que os dois viram como tudo ainda poderia piorar, só não tinham ideia do quanto. Andrea era fascinada pela casa, tinha uma verdadeira devoção por ela e com o tempo foi tomando o lugar para si, Andrea sempre foi ardilosa e sabia como conseguir as coisas que queria. O pai de Danny e Maeve caía em suas armadilhas e dava razão a ela em todas as coisas. Em pouco tempo, Andrea levou suas filhas para morar na casa e jogava a responsabilidade delas para cima de Danny e Maeve.

Quando finalmente dos Cyril e Andrea se casaram ela deu um jeito de passar todos os bens para o seu nome e dava a impressão de que cuidaria dos filhos dele a todo custo, no entanto, quando Cyril morreu ela os expulsou de casa. Legalmente, Andrea podia fazer tudo o que fez, Danny e Maeve não tinham direito a nada e foram obrigados a partir com alguns poucos pertences sem valor. Eles não tinham mais nada, só tinham um ao outro em todo o mundo. Os irmãos se amavam incondicionalmente, se completavam, eram cúmplices. E com o passar dos anos isso não mudou. Continuaram leais e unidos, um era a base e a fortaleza do outro.

Maeve sempre quis o melhor para o irmão e passou os anos seguintes sendo muito rígida em relação à educação dele, Danny não tinha escolha e obedecia a todas as ordens dela, por mais que quisesse fazer algo diferente. Ele se dedicou à medicina por ordens da irmã, mas ele queria mesmo seguir no ramo de investimentos imobiliários como o pai, queria comprar, administrar e vender imóveis. Maeve é diabética e tem uma saúde frágil, por outro lado ela é uma mulher de pulso firme, já Danny cresce à sombra da irmã e é sempre tolerante, o tempo todo muito compreensivo e sem conseguir contrariar a Maeve.

Décadas após o terrível dia em que foram expulsos da Casa Holandesa, Danny e Maeve ainda têm o costume de estacionar o carro em frente a casa e nunca tiveram coragem (ou vontade) de sair do carro e bater à porta. Eles olham para o passado e tentam entender como tudo chegou ao ponto em que estão, mas já não podem mudar o que aconteceu. E quando parecia que nada mais mudaria, o destino brinca novamente com eles e agora os dois irmãos estão em uma situação que pode dividi-los de alguma maneira ou uni-los ainda mais. Tudo vai depender do quanto estão dispostos a perdoar e a seguir em frente, se optam por esquecer o passado e viver o presente ou se confrontam os erros cometidos anteriormente e não dão espaço para novas oportunidade. Danny e Maeve discordam do que devem fazer e para que possam continuar bem um com o outro, alguém deverá ceder.
Minha impressão

A Casa Holandesa é uma obra que explora o drama de uma família ao longo de décadas, traz com intensidade a vida de dois irmãos que foram lançados à própria sorte no momento em que seu pai morreu e tiveram que aprender a se virar sozinhos sem ter direito à herança. A madrasta roubou tudo o que pertencia a eles e legalmente é a dona de toda a fortuna da família. Danny e Maeve não tinham mais ninguém, eram só os dois.

A obra é narrada por Danny que nos conta a história dos dois irmãos através do tempo, temos momentos do passado e do presente e podemos acompanhar como eles sobreviveram juntos e como ainda são ligados a casa onde cresceram. A vida dos dois nunca foi fácil, a mãe os abandonou quando ainda eram crianças e eles passaram por momentos muito difíceis, depois chegou a madrasta que só piorou as coisas, mas nada se compara ao que sofreriam após a morte do pai.

Eu achei a leitura lenta, mas envolvente. Gostei da maneira como a autora desenvolveu a trama e de como ela nos apresentou a história dos irmãos Danny e Maeve, temos dois irmãos com personalidades muito distintas, que são unidos e passaram por tudo juntos. É um livro sem grandes reviravoltas e sem muitas ações, mas é uma leitura que vale a pena e recomendo. 

Minha nota para o livro




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