Verônica Roth recria, com maestria, o mito grego e nos traz uma história sobre força feminina, traição, conspiração e, acima de tudo, sobre acreditar em si mesmo e defender seus ideais.
Após seus pais serem assassinados, Antígona é obrigada a morar com o tio, o que a confundiu, já que ele sempre teve repulsa por ela e seu irmão, pois são filhos gerados de maneira natural. No universo criado pela autora, todas as pessoas que morrem têm seus genes guardados em um arquivo e quem for ter filhos escolhe as características que achar melhor. Crianças que são fruto de relações naturais são vistas como amaldiçoadas, não possuem alma.
As mulheres servem apenas para gerar crianças, enquanto seus corpos são úteis para tal finalidade, o governo as explora, obrigando-as a conceber um filho. Se não puderem mais servir para isso, são descartadas e cumprem tarefas que homem nenhum pode chegar perto: lidar com os mortos. E quando uma conspiração resulta na morte de um dos irmãos de Antígona, sua vida, que já estava fora dos eixos, muda novamente. Mas dessa vez ela não se calará e enfrentará seu tio até as últimas consequências.
Eu conhecia a história de Antígona de Sófocles, embora nunca a tenha estudado em detalhes, e achei fascinante perceber as referências e inspirações da autora. A maneira como as coisas são recontadas sem perder a originalidade é brilhante e a trama ainda consegue espaço para nos surpreender ao longo da leitura. Eu me vi angustiada pelo que poderia acontecer a Antígona mesmo já tendo uma ideia de qual seria seu fim. Ela quer que a justiça seja feita e que seu irmão tenha o devido tratamento, mas sua palavra e seus desejos são questionados por ela ser quem é: uma amaldiçoada.
Ao ir contra as atitudes de um tirano é preciso estar disposto a sofrer retaliações e Antígona não foge, pelo contrário, ela parte para a luta e usa tudo o que pode a seu favor. É uma personagem inspiradora! Eu gostei de como mensagens sobre a força feminina foram inseridas em um enredo que aparentemente não daria margens para isso, mas elas estão lá, e as captamos nas entrelinhas a cada fala frustrada de uma mulher, a cada obrigação referente a seu corpo.
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Eu fiquei muito curiosa com esse livro, desde que você falou dele no insta. Agora preciso ler.
ResponderExcluirBjks!
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