[Resenha] Quando Ninguém Está Olhando

30 de março de 2022

 

Título: Quando Ninguém Está Olhando
Autor: Alyssa Cole
Editora: Intrínseca
Páginas: 400
Ano: 2021
*Cortesia da editora
Sinopse: Sydney Green nasceu e foi criada no Brooklyn, em Nova York, mas cada vez que ela pisca os olhos seu amado bairro parece mudar. Condomínios se espalham como erva daninha, placas de “vende-se” surgem da noite para o dia e os vizinhos que ela conhece a vida toda estão sumindo.
Para manter de pé tanto o passado quanto o presente da comunidade, Sydney decide canalizar sua frustração planejando um passeio guiado em que pretende contar a verdadeira história do local. Só que, para tornar o projeto realidade, vai precisar aturar seu novo vizinho, Theo, como assistente.
A pesquisa dos dois, entretanto, logo se transforma. O que era apenas uma distração vira uma história de paranoia e medo. No fim das contas, talvez os vizinhos não tenham se mudado para outros bairros e a revitalização do lugar seja mais mortal do que eles imaginaram.
Seriam apenas coincidências ou sinais de uma grande conspiração? Sydney pode confiar em Theo, ou ela também corre o risco de desaparecer? Quando ninguém está olhando nos conduz por um enredo hipnotizante e surpreendente, que aborda com perspicácia a violência racial e as assimetrias sociais, em uma sequência de eventos instigantes que aos poucos dão forma a um cenário de completo horror.

Resenha
Sydney Green está vendo as coisas mudarem ao seu redor. O que parecia ser um processo de gentrificação (basicamente, uma remodelagem urbana onde áreas de periferias são transformadas em áreas nobres e/ou comerciais) se revela uma conspiração macabra que está afetando pessoas negras. E ninguém parece se importar, brancos surgindo para todos os lados, tomando os espaços, fazendo o que bem entendem enquanto os negros vão desaparecendo sem deixar vestígios.

Sydney precisou voltar para o lugar onde cresceu após o casamento ter desmoronado, ela ainda não se recuperou totalmente dos estragos que o relacionamento anterior lhe causou, mas está seguindo em frente. A jovem que agora está de volta ao Broklin tem algumas crises de ansiedade e as situações estranham que estão acontecendo no bairro a fazem questionar a veracidade dos fatos, teria ela imaginado tais acontecimentos? Seria seu cérebro lhe pregando uma peça? Ou o Uber realmente tentou matá-la? O vizinho realmente teria sido sequestrado? O que tantas pessoas brancas estão fazendo chegando ao mesmo tempo? Cadê os negros? Será possível imaginar tudo isso?
Um casal de jovens brancos se mudou e são os novos vizinhos de Sydney, é gente rica com cara de esnobe e aparência duvidosa. Ela não quer gostar deles e muito menos confiar neles. Mas os eventos futuros vão aproximar a jovem negra do branco novato no bairro. A mulher dele é extremamente racista, uma mulher insuportável de quem Sidney quer distância, mas Theo não parece ser tão ruim quanto ela. Bom, ela sabe muito bem que as aparências enganam e tenta não deixar que ele se aproxime também.

Sydney quer manter a memória do lugar viva, então começa a fazer algumas pesquisas para um passeio guiado e, contra a sua vontade, vai precisar da ajuda de Theo. E conforme avançam em suas pesquisas eles descobrem alguns segredos que os deixam assustados. Porém, o impacto para Theo não é o mesmo que para Sydney. Ela sente na pele as dores do preconceito racial, só não imaginava que o ser humano pudesse ir tão longe na crueldade. Não esperava que atos tão sórdidos pudessem acontecer ali no seu amado bairro.
Sydney não sabe se pode mesmo confiar em Theo, todos os seus instintos dizem para ela não depositar suas fichas nele, para não confiar, para não deixar que ele a ajude, mas ela não tem mais ninguém a quem recorrer. Ninguém mais vê o que ela vê, ninguém parece se importar. Seus vizinhos estão desaparecendo, o que está acontecendo? Para onde foram? Ou, pior, para onde foram levados e o que estão fazendo com eles? Quando ela descobrir essas respostas, o choque vai ser ainda maior.

Sydney pode se tornar a próxima a desaparecer. Ela precisa evitar que isso aconteça e precisa dar um basta nessa situação. O lugar onde cresceu, a vizinhança amigável que sempre conheceu já não é mais a mesma. Agora é um lugar terrivelmente perigoso... mas só se você for um negro, porque para os brancos o bairro está ficando melhor com os pontos marrons sendo substituídos por pontinhos rosa!
Minha impressão
Sabe aquele thriller psicológico que mexe com você e não dá vontade de parar? Então, é exatamente isso que temos em “Quando ninguém está olhando”.  A obra é um grito contra o racismo através de uma série de situações surpreendentes que nos questionam até que ponto vai a maldade do ser humano. Alyssa Cole escreve intensamente, nos transporta para dentro da história e nos faz sofrer junto com os personagens.

Sydney percebe que a vizinhança está mudando, foi falado que haveria uma gentrificação (que, basicamente, é quando uma periferia sofre uma remodelagem para se tornar um bairro nobre), mas o processo dessa mudança no bairro dela é macabro. Para onde estão indo seus vizinhos negros? O que está acontecendo com as pessoas que ela sempre conheceu? Placas de casas à venda surgem a todo momento, pessoas desaparecem, brancos aparecem aos montes e tomam tudo o que querem. O lugar não é mais o mesmo e, de repente, se tornou um bairro perigoso para um negro morar.

Sydney precisa fazer alguma coisa para isso parar, não quer se tornar a próxima a sumir e não quer ver mais ninguém desaparecendo. Embora não queria admitir, vai precisar da ajuda de seu novo vizinho – branco – Theo. Ela não tem ideia se pode confiar nele ou não, mas ele é a única pessoa que a está ajudando no momento. Ela só não sabe dos motivos dele ou se ele está apenas ganhando sua confiança para fazê-la sumir como todos os outros negros do bairro.

Um livro que me prendeu do começo ao fim e que eu recomendo demais!

Minha nota para o livro


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