Autor: Raquel Marinho
Editora: Viseu
Páginas: 171
Ano: 2021
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Sinopse: Uma obra repleta de ironia, com contos que denunciam como o ser humano é falho, que nos fazem refletir através dos atos de seus personagens e que seduzem o leitor aos sentimentos mais aflorados, nos deixando no abismo entre o amor e a raiva, entre a vingança e a empatia. Histórias que nos fazem duvidar de quem é a vítima e de quem é o culpado. Sem dúvidas, um livro que nos prende e nos deixa com gostinho de quero mais.Uma obra em que a mulher é protagonista em cada um das histórias, “Com que sonhos essas camisolas dormem” traz uma coletânea de contos nos quais temos questões atuais sendo abordadas de maneira intensa e realista. A autora nos apresenta a personagens complexos e os explora profundamente, fazendo com que nos coloquemos no lugar deles e possamos refletir sobre as ações que tomaram. Se tivéssemos ali, vivenciando aquelas situações, com o passado que eles têm, o que nós faríamos?
Um dos principais pontos de questionamento do livro é o poder feminino, que muitas vezes é reprimido e mal interpretado. Através dos contos, vemos histórias de mulheres que tiveram seus sonhos destruídos, outras que largaram tudo para ir em busca de viver o próprio destino, mulheres que tiveram casamentos infelizes, mulheres que estavam à beira da exaustão por precisarem dar conta de tudo ao mesmo tempo, outras que estavam satisfeitas com a rotina.A escrita da autora é fluída e a forma com que ela desenvolve os textos deixa tudo ainda mais envolvente, é impossível ler e não sentir que conhece as mulheres. É como se estivéssemos presenciando as histórias, ou ouvindo de uma amiga a fofoca sendo contada. E é incrível como a Raquel consegue inserir as camisolas nos contos, sempre que começava a ler um deles eu tentava imaginar como a camisola seria um destaque naquela situação e sempre me surpreendia.
Para quem procurar por leituras rápidas, é uma ótima indicação. É possível ler uma história por dia, mas a autora nos envolve tanto ao longo dos contos que terminamos um já ansiando pelo próximo.
Eu queria poder falar com detalhes sobre todos os contos, mas esse post ficaria enorme, então vou fazer um breve resumo sobre alguns que mais se destacaram para mim.
Em “Encontros e desencontros” – conto que dá abertura ao livro – vemos uma mulher imaginar o que teria sido da sua vida se tivesse feitos escolhas diferentes no passado e se permite sonhar com a vida que não teve. No conto sentimos o peso do passado ser posto na mesma balança que o presente dela. Valeu a pena seguir um caminho diferente? Valeu a pena enterrar os sentimentos no mais profundo do seu ser? Confesso que esse foi o meu conto preferido!
“O cruzeiro” nos apresenta a uma personagem que quer se reinventar, se redescobrir, ela parte rumo ao desconhecido para tentar entender a si mesma, ser dona das próprias razões e escrever o próprio destino. Entre um encontro e outro, ela vai descobrir mais sobre si mesma.
“Batom vermelho” fala sobre a rivalidade de muitos anos entre duas mulheres , uma história desconhecida pelos membros mais novos da família, mas que não foi esquecida pelos seus protagonistas. Amor, lealdade e vingança são temas chaves nesse conto.
“O surto” é aquele conto que todos deveriam ler, ele traz mensagens que nos alertam, é preciso parar em algum momento, termos tempo para nós mesmos, desacelarar, ir com calma. Esse foi o mais impactante, nos mostra que somos falhos e que não temos a obrigação de agradar a todo mundo. Que está tudo bem se sentir cansado, que parar um pouco não significa desistir.
Espero que com essa resenha eu tenha conseguido expressar o tanto que “Com que sonhos essas camisolas dormem?” foi uma leitura que me agradou. Foi uma leitura cheia de aprendizados, de mensagens incríveis e que recomendo demais!
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