[Resenha] O Clube de Xadrez da Morte

2 de março de 2022

 

Título: O Clube de Xadrez da Morte
Autor: John Donoghe
Editora: Rocco
Páginas: 336
Ano: 2021
*Cortesia da editora
Sinopse: "Você seria capaz de perdoar o imperdoável?Emil Clément, antes conhecido apenas como Relojoeiro, é um ex-prisioneiro judeu e sobrevivente de Auschwitz. Durante seu período no campo de concentração, ele acabou participando de um torneio de xadrez contra guardas e oficiais nazistas. Caso ele ganhasse uma partida, a vida de um prisioneiro seria poupada; se fosse derrotado, ele perderia a própria. Paul Meissner, um padre quase à beira da morte, também esteve em Auschwitz. Ele foi o oficial que fez o Relojoeiro começar a jogar xadrez no campo. Em 1962, transcorridas quase duas décadas de Auschwitz, Clément e Meissner estão cara a cara em um campeonato mundial de xadrez na Holanda. O oficial Paul Meissner chega a Auschwitz vindo direto dos combates no front russo. Tendo sido gravemente ferido, ele está apto apenas a tarefas administrativas e precisa melhorar o desempenho das fábricas que o campo de concentração atende. Além disso, uma de suas missões é restaurar o moral esmorecido entre os oficiais e praças ali alocados. Meissner cria, então, um clube de xadrez, que faz sucesso e logo se torna um pequeno campeonato em que se realizam apostas clandestinas sobre os resultados das partidas. No entanto, ao descobrir que o xadrez também vem sendo jogado entre os prisioneiros, ele fica intrigado com o boato sobre um judeu invencível. O oficial decide investigar a história, e suas descobertas vão fazê-lo lidar com a realidade brutal de Auschwitz e questionar tudo em que acredita. Um livro profundamente comovente sobre uma amizade improvável, O clube de xadrez da morte nos desafia a refletir sobre quais seriam os próprios limites do perdão e qual poderia ser o preço de uma vida inteira de rancor."
Resenha
“As pessoas começam a gritar. Os que estão mais perto das portas batem nelas, enlouquecidos, implorando para sair. Uma onda de pânico vem na direção das portas. Crianças e idosos são esmagados. Agora, muitos estão berrando, em especial as mulheres e crianças. Por uns poucos minutos o barulho é ensurdecedor. Quando ele se abranda, pode-se ouvir alguém recitando o Cadashi, a prece judaica pelos mortos. Alguns sucumbem mais lentamente ao veneno que os outros; mas, em questão de minutos, todos estão calados, todos mortos.”

1962, quase duas décadas após o fim da Segunda Guerra Mundial, Emil Clément se vê revivendo os terríveis dias passados em Auschwitz. Embora jamais tenha esquecido dos horrores do campo de concentração, das crueldades da guerra, Emil não esperava ficar gente a frente com o passado de maneira tão intensa. Agora ele está participando de um campeonato mundial de xadrez e entre uma partida e outra ele relembra os anos de guerra.

Emil era um relojoeiro e judeu, com uma linda família e uma esposa a quem amava, mas a guerra mudou completamente a sua vida e a de milhões de pessoas pelo mundo. De repente, Emil foi arrancado de sua família, assistiu às pessoas que amava serem levadas para longe e durante anos ficou sem notícias. A esperança de revê-los um dia era dolorosa porque a outra opção seria aceitar a morte deles.
Paul Meissner, um oficial nazista que fora ferido no front russo chega em Auschwitz com uma missão, melhorar o desempenho das fábricas que o campo de concentração atende e apoiar os oficiais. Paul tem uma ideia inusitada, mas que quando posta em prática começa a dar muito certo. Ele cria um clube de xadrez entre os oficiais e logo descobre que os prisioneiros também são adeptos ao jogo, inclusive, entre eles há um judeu que vem sendo aclamado. Ele seria invencível.

Este prisioneiro que se destaca como enxadrista – apesar de nunca ter jogado profissionalmente – é o relojoeiro Emil Clément, que nunca teve a pretensão de jogar contra os soldados, mas vai ser obrigado a fazer isso quando transformam partidas de xadrez em um jogo macabro no qual a vitória ou derrota de Emil resultará na morte ou salvação de uma vida dentro de Auschwitz.
Ao ser convocado para as partidas, Emil não sabe ao certo como agir e recusa, mas a liberdade de escolha não é algo que um judeu possa ter nos campos de concentração. Para aumentar a vontade de Emil de jogar, lhe é feita uma oferta: para cada vitória um prisioneiro receberá mais comida e certas regalias que (embora miseráveis) poderão aumentar as chances do escolhido de sobreviver à guerra. E assim começa o Clube de Xadrez da Morte. Paralelamente, apostas clandestinas são feitas e há muito dinheiro envolvido para que os prisioneiros escolhidos sejam homens ricos, qualquer um que tenha uma grande quantia de dinheiro está disposto a pagar para colocar a vida nas mãos da vitória de Emil.

E em 1962, Emil está competindo em um campeonato mundial e seu primeiro oponente é, justamente, Wilhelm Schweninger, um ex-soldado que esteve em Auschwitz junto com Emil e de quem o relojoeiro não tem boas lembranças. Paul, agora um padre católico, está à beira da morte e precisa contar a Emil a história de como conseguiu salvar a vida do prisioneiro e como Wilhelm contribuiu para isso mesmo sem saber.
Minha impressão
Antes de qualquer coisa, preciso dizer que O Clube de Xadrez da Morte é uma obra fictícia, apesar de ter como pano de fundo um dos episódios mais tristes da História mundial. Um romance histórico que nos mostra detalhes sórdidos da Segunda Guerra Mundial, mas que traz personagens que não são reais e não é baseado em um clube que existiu em Auschiwtz. O autor fez um grande trabalho de pesquisa para nos entregar uma história tão profunda, tão intensa e que – por vezes – nos confunde com a realidade dos fatos apresentados.

Emil foi preso apenas por ser judeu, contra ele nunca ouve qualquer acusação, mas ele (assim com tantos milhares) foi jogado num campo de concentração e obrigado a trabalhar quase que à exaustão para sobreviver. Além disso, os soldados desenvolveram um clube de xadrez macabro no qual uma vida era colocada em risco a cada vez que Emil fosse jogar.

Sem notícias dos filhos e da mulher, Emil precisa fazer o que está ao seu alcance para sair de Auschiwitz e contar ao mundo as atrocidades cometidas naquele lugar. Precisava sobreviver. Precisava sair de lá. Sem escolha, começa a jogar contra os oficiais nazistas e fica conhecido como invencível.  Quase duas décadas após o término da guerra, Emil está competindo em um campeonato mundial e seu primeiro oponente é um dos oficiais que o torturaram anos atrás. E Paul, o oficial que deu inicio ao clube, agora é um padre católico que está morrendo e precisa contar a Emill como salvou a sua vida.

O Clube de Xadrez da Morte intercala o passado e o presente dos personagens, fazendo com que possamos conhecer como chegaram ao ponto em que estão e ao mesmo tempo podemos ver como as coisas vão se desenvolver.  A obra nos deixa reflexivos, quais decisões tomaríamos se estivéssemos no lugar dos personagens? O que faríamos para salvar nossas próprias vidas? E, um dos principais questionamentos do livro, seriamos capazes de perdoar algo tão cruel?

Minha nota para o livro

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