Autor: Lionel Shriver
Editora: Intrínseca
Páginas: 448
Ano: 2021
*Cortesia da editora
O ano é 2029 e os Estados Unidos enfrentam a maior crise econômica da História. A situação está tão grave que o governo está mandando o exército às casas das pessoas para confiscar seus bens de valor. O atual presidente dos Estados Unidos acredita que o país sofreu um golpe, líderes mundiais se reuniram e passaram a aceitar uma nova moeda chamada “Bancor” como uma alternativa ao dólar, no entanto, o presidente acredita que a moeda foi criada para extinguir a moeda americana.Sinopse: O ano é 2029 e nada está como deveria ser. A própria essência da vida americana, o dólar, está sob ataque. Em um movimento coordenado pelos demais governos do mundo, o dólar perde todo o seu valor. O presidente americano declara que os Estados vão dar o calote em todos os seus empréstimos - os preços disparam, a moeda torna-se essencialmente sem valor e vemos uma família lutando para sobreviver a tudo isso.
Os Mandibles não podem mais contar com sua herança, e cada membro deve aceitar isso à sua maneira - desde a elegante autora expatriada Nollie, de meia-idade, retornando de Paris aos Estados Unidos depois de muitos anos no exterior, até seu sobrinho adolescente precoce Willing, que é o único a realmente entender a crise, ao brilhante professor de economia de Georgetown Lowell, que vê toda a sua visão do mundo se desintegrar diante de seus olhos.
Como sempre, em seu novo romance, Shriver desenha personagens maiores do que a vida que iluminam este mundo complicado e em constante mudança. Um de nossos observadores mais perspicazes da natureza humana, Shriver nos desafia a pensar muito sobre a sociedade em que vivemos e o que, em última análise, consideramos mais querido.
O país já está passando por uma crise há um bom tempo, a escassez de água, os alimentos ficando cada vez mais caros, o desemprego aumentando, o salário mínimo já não dá mais para nada. Dadas as novas atividades econômicas mundiais, o presidente convocou uma sessão de emergência no Congresso e uma lei foi aprovada, nenhum cidadão americano – dentro ou fora dos Estados Unidos – poderá estar em posse de bancores, fazer qualquer transação com essa moeda será considerado um ato de traição e o cidadão que for pego em rebeldia enfrentará as consequências.
Em meio a todo esse caos, conhecemos a família Mandible e acompanhamos a rotina de seus membros. Os avós são os verdadeiros milionários, mas as gerações seguintes não andam bem financeiramente e essa crise vai fazer com que todos os Mandible precisem se unir, por mais que não tenham fortes ligações familiares e costumem ficar cada um no seu canto. Florence trabalha em um abrigo comunitário e odeia seu trabalho, mas é ele que lhe permite colocar comida dentro de casa. Ela é casada com um mexicano e sofreu preconceito por parte da família, agora todos parecem aceitar sua condição.
Tragédia atrás de tragédia, um a um da família vai se refugiando na casa de Florence, mas não oferecem ajuda financeira, contam apenas com a boa vontade dela de não deixar a família na rua nem deixar as crianças passarem fome. Bom, abrigo ela poderia oferecer, porém, alimentação já não era mais possível. Então algumas medidas radicais precisam ser tomadas para que se tenha comida em casa. E por todo o bairro as pessoas fazem o mesmo, deixando as ruas extremamente perigosas e a polícia não tem recursos para atender a todos os chamados. E quando a casa de Florence também já não puder mais oferecer proteção, a família estará arruinada. A preocupação geral é saber como eles vão sair dessa e como minimizar as perdas...
Minha impressão
A Família Mandible veio na caixinha de janeiro do Clube Intrínsecos e eu não fazia ideia do que esperar dessa leitura. Então fui ler a revistinha que fala sobre o livro e percebi na hora que iria gostar. A premissa é tão interessante e a autora traz críticas sobre política, aborda a imigração de mexicanos nos Estados Unidos e traz mensagens sobre alguns assuntos importantes também, como o que estamos dispostos a fazer para proteger aqueles que amamos e sobre recomeçar depois de passar por tragédias.Os Mandible não eram unidos e havia ressentimento entre seus integrantes, mas quando a crise econômica os atinge eles precisam se unir. Nessa trama distópica, vemos a decadência dos Estados Unidos, o país se recusa a aceitar a nova moeda, o presidente afirma que ela é um golpe para tirar o dólar de circulação e proíbe os americanos de possuírem os bancores (nova moeda). Para piorar, o governo confisca todo ouro que o cidadão possua e a situação pelas ruas vai de mal a pior, assaltos e prostituição estão em alta. As pessoas estão famintas e desesperadas para alimentar suas crianças. O que se deve fazer nessa situação? O avô da família Mandible tem uma visão muito radical sobre o que um chefe de família deve fazer quando se chega ao fundo do posso e não se vê saída.
Florence é obrigada a aceitar em casa todos os parentes de uma só vez, cada um dos irmãos, sobrinhos, tios, seus pais, toda a família. E ninguém tem condições de contribuir financeiramente, a falência os atingiu e ela é a única que tem casa e um emprego, mas com seu salário mínimo ela não vai ter condições de sustentar a todos. E em breve nem mesmo sua casa poderá oferecer o abrigo de que precisam.
É uma leitura que em certos momentos nos sufoca com tamanha semelhança com a realidade. Um livro que não tem muita ação e até mesmo segue um ritmo mais lento, porém, é uma leitura intensa e que esmiúça a intimidade dessa família e os acompanhamos definhando pouco a pouco. Imagine um cenário onde o México proíbe a entrada de americanos e levanta um muro para tentar conter os ilegais! Sim, a situação chegou a esse ponto nos EUA. Recomendo demais a leitura de A Família Mandible.
Minha nota para o livro
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