[Resenha] O Acolhedor de Almas

26 de setembro de 2018

Título: O Acolhedor de Almas
Autor: Maciel Brognoli
Editora: Cia do E-book
Páginas: 108
Ano: 2016
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*Publieditorial
Sinopse: Em 2015 é descoberto um manuscrito antigo, trazendo a público a história de Alberto Bocaiúva Tibiriçá, o personagem narrador que, ao morrer, foi escolhido pelo Chefe Maior para ser um Acolhedor de Almas, uma espécie de anjo que tem a missão de resgatar as almas no momento em que elas abandonam o corpo. Com as mãos leves e o hálito que cheira a hortelã, a presença do Acolhedor de Almas é pacifica e reconfortante.
Em suas missões que podem levá-lo a qualquer ponto do Planeta Terra, o anjo sempre acolhe a alma junto de seu peito e alça voo para além do céu, até chegar diante de uma grande e misteriosa porta branca, que ao se abrir libera nuvens rosadas com cheiro de caramelo. A alma então passa pela porta e completa assim sua jornada existencial. Já para o Acolhedor de Almas, foi só mais uma, dentre tantas outras missões cumpridas com êxito.
Mas quem é esse ser humano que depois de morto foi escolhido para ser um anjo? Quem vai contar essa intrigante história é o próprio Alberto Bocaiúva Tibiriçá, o homem que teve o privilégio de se transformar num anjo Acolhedor de Almas.
Resenha
No ano de 1918, um menino encontrou uma pequena caixa presa no fundo da fenda de uma rocha.  Dentro da caixa havia um manuscrito datado de 1864, este documento contava a história de Alberto Bocaiúva Tibiriça, um anjo acolhedor de almas. Somente quando a casa foi demolida, em 2015, é que o manuscrito foi novamente encontrado e seu conteúdo se tornou público. O que vemos no livro é a história nele contada.

Alberto nasceu um homem comum, mas quando morreu ele foi chamado para se tornar um acolhedor de almas. Ele não sabe dizer por quais motivos isso aconteceu, mas vem realizando arduamente o seu trabalho há 120 anos. Ele está trabalhando em sua última missão, foi orientado a ir à casa de Max Feliciano e entregar o seu cargo de acolhedor de almas a ele. O que gera muitas dúvidas em Alberto, a maior deles é saber o que vai acontecer com ele depois.
“Eu não perco a viagem. Quando visito, é para levar a alma. Minha chegada é paradoxal. Quando chego, é o fim. Quando chego, é o começo.”
O anjo chega ao local da morte assim que a alma deixa o corpo e oferece um abraço aconchegante a essa alma que muitas vezes partiu em meio ao sofrimento, ele a carrega em seus braços e a leva para o céu, onde ela é  deixada diante de uma enorme porta branca. O que tem da porta para dentro ele não sabe. As almas das crianças entram imediatamente, mas as demais almas são pesadas e nem todas têm o privilégio de passar pela porta.
“Por todas as coisas que eu vejo em razão do meu ofício, passei a acreditar que ser um Anjo Acolhedor de Almas seja o castigo mais rigoroso que alguém jamais deva receber. Não é fácil lidar diariamente com a morte prematura e trágica sem ser contagiado por uma enxurrada de sentimentos que maltratam cruelmente meu coração.”
Em seus anos acolhendo almas, Alberto presenciou muitas cenas que o feriram profundamente. Estar presente em determinadas situações sem ter como interferir é algo que o deixa inconsolável, por maior vontade que tenha de impedir uma morte, ele não pode. Primeiro pela regra do livre arbítrio, segundo por não estar no plano material, então seu corpo ultrapassa qualquer objeto ou pessoa.
Alberto tem em seu passado um crime extremamente desumano, por mais que tenha se arrependido e hoje seja constantemente assolado pelo que fez nada pode apagar o ocorrido. Mas Alberto não sabe o que o futuro lhe aguarda, está prestes a entregar o seu posto de acolhedor de almas para Max Feliciano e não tem ideia do que vai acontecer a seguir.  Seu crime não passou impune e o castigo não vai demorar em vir.
Minha impressão
O Acolhedor de Almas é o segundo livro que eu leio do autor e, assim como no primeiro que eu li (O Homem que Fotografou Deus), também traz mensagens que nos levam a refletir. Com uma escrita madura e uma linguagem bastante atual, Maciel Brognoli explora os limites da natureza humana através da sua obra.

O protagonista é um personagem que me provocou sensações diferentes ao longo da leitura. No começo eu o achei bem interessante, ele é carismático e tem um toque de humor que deixa a leitura mais leve em diversos momentos, embora se perca em devaneios às vezes. Mas quando o segredo de seu passado foi revelado eu fiquei com muita raiva dele e não conseguia mais vê-lo como aquele ser bondoso que se compadecia das almas sofridas que carregava em seus braços.

O personagem principal é Alberto, mas ele conta a história de algumas pessoas que encontrou no decorrer de seu trabalho como acolhedor de almas. Esses personagens secundários também possuem um papel importante na trama. A história mais impactante é a de uma mãe que deixa os seus filhos pequenos sozinhos em casa para ir curtir a noite, só não dá para contar o que acontece porque seria spoiler.

O final não me convenceu muito, mas isso é uma questão de opinião e não vou discutir aqui sobre crenças. O autor desenvolve muito bem o enredo e consegue atrair a atenção do leitor, mesmo com ressalvas em alguns momentos eu gostei da leitura. É um livro de cunho religioso e talvez alguns leitores possam se incomodar com as propostas apresentadas na obra.

Minha nota para o livro

19 comentários:

  1. Olá, Beatriz.

    Havia ficado animada com o livro, pois fiquei curiosa para saber o que o acolhedor fez de tão ruim e como ele será punido, mas quando você citou que o livro tem um cunho religioso eu já fiquei com um pé meio atrás, não sou muito fã de livros que não envolvem religião, se não a minha.
    Mas quem sabe se um dia eu tiver a oportunidade eu não leia o livro?!

    Beijos,
    http://pactoliterario.blogspot.com.br

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  2. Livros de cunho religioso não são do meu agrado, tento ao máximo evitá-los. A não ser que aja uma crítica por trás da história, o que não parece ser esse o caso. O enredo parece ser intrigante, principalmente no quesito do segredo do protagonista. Mas não sei se é uma leitura que me agradaria num todo. Só dando uma oportunidade um dia para tirar minhas próprias conclusões.

    www.sonhandoatravesdepalavras.com.br

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  3. Oi Beatriz, eu gosto muito de livros com tema espiritualizado, principalmente porque eles sempre nos passam uma mensagem ou uma reflexão. Fiquei bem curiosa para conhecer a história deste acolhedor de almas e seus terríveis segredos do passado, bem como as histórias das vidas das almas que ele acolheu. Pelo título e capa, achei que fosse de terror.
    Bjos
    Vivi

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  4. Olá,
    Confesso que nunca tive boas lembranças de livros com anjos, todos foram bem mais ou menos para mim. Achei diferente o enredo deste livro por ir passando o tempo e se tratar de outras histórias no meio, mas ainda assim fico com o pé atrás por ser um anjo hahahaha.

    Debyh
    Eu Insisto

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  5. Não gosto de histórias que abordam temas religiosos, portanto não me atraiu a história desse livro. Eu passo a leitura, mas indicarei para quem gosta dessa leitura, com certeza.

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  6. Oi Bea! Lembro que li a resenha do primeiro livro do autor por aqui e fiquei muito tocada, o questionamento que ele acabou trazendo na primeira obra foi incrível, já nessa segunda, me pareceu totalmente destoante e meio que não chega nem aos pés do primeiro livro, sabe? Acho que ao realizar a leitura as coisas sao diferentes, mas foi essa impressão que tive.

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    1. Oi, Dayhara.
      Não é que seja ruim, é um bom livro e a leitura é fluída, mas no caso desse livro a religião ficou mais presente que no primeiro e isso pode acabar incomodando alguns leitores de religiões diferentes. Lendo como uma ficção é uma história muito boa, prende a atenção e nos deixa curiosos.

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  7. Eu não conhecia o livro, e como ele acaba abordando a religião como tema eu não sinto tanta vontade de ler... Enfim, vou passar a dica adiante, mas não vou adiciona-lo a minha lista de leitura

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  8. Bom dia!
    É preciso admitir que em alguns momentos os personagens falam de situações que aparentemente envolvem credos religiosos. Mas isso não acontece exclusivamente pela crença, muitas vezes é apenas a manifestação inconsciente das tradições e hábitos pelas quais os personagens estão impregnados, pois o nosso povo está encharcado pela cultura do cristianismo.
    Um exemplo da cultura imposta pela religião: Embora o mundo exista há bilhões de anos, quando olhamos para o calendário vemos, irremediavelmente, que estamos no ano 2018dc (depois de Cristo). E independente de credo, isso é impossível de negar no nosso dia a dia.

    Obrigado Beatriz pela linda resenha e um grande abraço a todos!

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  9. Oi Bia tudo bem? Não conhecia o autor, e adorei o enredo, penso que tiramos uma lição desse livro, pois o acolhedor de almas não está nesse cargo atoa teve um passado, e o que virá no futuro nem ele sabe, ficou claro de que se trata de realizações e ao mesmo tempo arrependimento, estou muito curiosa sobre o final desse livro, parabéns pelo post, obrigado pela dica. Bjs!

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  10. Oi, Bia! Não conhecia o livro nem o autor. O enredo parece interessante, mas fiquei um pouco com o pé atrás quando você mencionou que o personagem se perde demais em devaneios, porque acho extremamente cansativo ficar lendo digressões e tudo o mais. Ainda assim, é bom quando encontramos histórias que nos fazem refletir e levar alguma coisa boa da leitura.

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  11. Oi Bia!
    O livro tem uma proposta legal, mas infelizmente não é meu tipo de leitura.
    Muito legal o personagem ter te provocado sensações diferentes ao longo da leitura, significa que o autor saber escrever muito bem a ponto de você se envolver com a trama. Pena que o final não te convenceu, histórias que envolvem crenças realmente são complicadas, por isso eveito elas.
    Beijos

    FLeituras

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  12. Olá, tudo bom?
    Vendo a capa desse livro eu diria que era uma leitura de terror/suspense. Bem errada né? rs
    Sobre a premissa, achei super interessante e fiquei bem curiosa para saber o que esse personagem que passa a impressão de ser bondoso fez que deixa o leitor com asco. Anotei a dica e pretendo ler esta obra reflexiva, mas preparada para o final que talvez não me agrade.
    Ótima resenha!
    Beijos!

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  13. Olá!
    Esse é daqueles livros que nos leva a dois extremos né. Amamos e odiamos o personagem ao longo da leitura.
    Fiquei intrigada para saber o porque dele mudar tanto e quais motivos o levam a ser assim.
    Geralmente esse tipo de leitura me prende. Gostei da dica.
    Beijos!

    Camila de Moraes

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  14. Gostei bastante da trama e não me importo de ter um cunho mais religioso. Eu nunca tinha ouvido falar do autor, que bom que pude conferir sua resenha, pois fiquei muito interessada na história de Alberto.
    beijos

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  15. Oi Beatriz, tem personagens que nos despertam sentimentos ambíguos, e pelo visto este é um. EU não li nada do autora ainda, e não lembro do outro livro citado, mas vou dar uma olhada neste.
    Bjs, Rose

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  16. eu estou louca por esse ebook!!
    meu sonho é ele ser publicado em formato físico, pq parece ser otimo!!
    eu tenho intençao de ler ele e sua resenha so aumentou essa vontade

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  17. Oi Bia, eu ainda não li nada do autor, mas os títulos que ele dá para os seus livros são bem originais e eu fiquei interessada em saber porque você não curtiu tanto o final. Já quero ler o livor e saber se terei a mesma opinião que você.
    beijos

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  18. Oi
    Eu confesso que achei muito interessante a premissa desse livro, só li um único livro com o tema parecido e gostei bastante. Fiquei muito curiosa para saber o por que do motivo que você não conseguia mais vê o personagem com os mesmo olhos. Adorei sua resenha mesmo com suas ressalvas e as fotos ficaram lindas ♥

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