Título: Olá, estranho || Autor: Katherine Center
Editora: Essência || Páginas 352|| Ano: 2025 || *Acervo pessoal
Sadie Montgomery tem uma vida complicada e ela nunca, em hipótese alguma, deixa que seu pai saiba das dificuldades que passa. Sadie criou a ilusão de que tem uma vida perfeita, então quando a sua história está prestes a ruir, ela não sabe o que fazer. E tudo começa com a melhor notícia de sua vida. Sadie é uma retratista, embora a vida como pintora não seja exatamente glamourosa, ela consegue se sustentar (aos trancos e barrancos). E depois de muitas frustrações e fracassos, finalmente conseguiu ser finalista em um concurso importante... e o melhor de tudo, com um bom prêmio em dinheiro.
Ela sentia como se finalmente as coisas fossem começar a dar certo, no entanto, tudo desmorona. Ela só estava atravessando a rua, um ato tão corriqueiro, só que ela ficou paralisada e quase foi atropelada. Sadie salva por um homem que nem chegou a ver quem era. Ela foi levada à emergência e foi submetida a uma série de exames, foi quando os médicos descobriram que precisaria operar o cérebro.
Era um vaso sanguíneo cerebral que precisava de uma cirurgia urgente e ela não poderia esperar o concurso passar. Então fez a cirurgia e, de repente, se viu no meio do maior caos que poderia estar. Aparentemente, estava tudo bem, até ela se dar conta de que não estava enxergando rostos. O que é uma catástrofe, já que a sua profissão, aquilo que a sustenta, é pintar retratos. O médico a informou de que o cavernoma estava localizado próximo a uma área do cérebro chamada giro fusiforme facial, ou seja, a parte responsável pelo reconhecimento facial, e com a cirurgia houve um inchaço local que está prejudicando sua habilidade de enxergar rostos.
Sadie é obrigada a aceitar a sua nova condição, popularmente conhecida como cegueira facial. É desesperador olhar para as pessoas e não enxergar suas faces, ouvir suas vozes e não ser capaz de identificar seus rostos. Ela sente como se as pessoas fossem peças de um quebra-cabeças que ela não pode ver. Sadie tem medo de sair de casa, todos são estranhos, é assustador ver as pessoas e ao mesmo tempo não vê-las. E tem aquela megera que adora atormentar a sua vida e vai tirar proveito dessa situação: sua meia-irmã, vulgo vilã nível hard.
Embora quisesse ficar no seu apartamento/terraço/cafofo se lamentando, ela é obrigada a sair de casa para levar Amendoim, seu cachorrinho fofo e companheiro de toda uma vida, ao hospital e... se apaixona pelo veterinário. Ao mesmo tempo, seu vizinho estranho começa a ser mais educado, mais atraente, mais sedutor e ela começa a desenvolver sentimentos por ele também. Como se já não tivesse confusão suficiente para lidar.
Enquanto tenta encontrar uma maneira de pintar um retrato para entregar e participar da competição, ela se aproxima cada vez mais de seu vizinho extremamente prestativo. Ela não sabe seu nome, mas o chama de Joe por causa da jaqueta de boliche que ele usa, e Joe parece gostar muito dela, passar tempo com ele é prazeroso. Quando ninguém mais está ao seu lado, quando fica sozinha, é Joe quem a conforta. Mas Joe não sabe sobre sua cegueira facial e pode não entender toda a bagunça que ela é nesse momento. Melhor não contar para ele por enquanto, certo? Ela pensa que sim.
Minhas impressões
Esse livro tem tantos assuntos sendo abordados de maneira consciente e gerando alertas importantes que eu não sei nem dizer qual deles foi o que mais me chamou atenção. Em um primeiro momento eu pensei que pudesse não gostar da leitura, mas isso foi apenas no primeiro capítulo por causa de uma situação que será explicada lá no final e que faz toda a diferença. A partir do segundo capítulo eu fui totalmente fisgada pelo drama da protagonista e tudo o que ela precisava enfrentar.
Uma das coisas que eu mais gostei foi de a autora não ter dado foco ao romance, mas ao momento complicado que Sadie estava enfrentando. Claro que o romance surge, mas ele fica em segundo plano. Ela tem um passado traumático, eu me reconheci em várias situações que Sadie passou e isso me aproximou tanto da personagem, eu queria entrar no livro e abraçá-la. É uma questão totalmente pessoal, e pode ser que outros leitores não tenham essas mesmas percepções, mas ver como ela foi negligenciada a vida toda, cancelada pelas pessoas que deveriam ser as que lhe dariam apoio me fez vê-la como uma personagem com características reais. Quem teve uma madrasta ( realmente má) e um pai ausente vai sentir toda a dor de Sadie. Quem foi obrigado a pintar uma história diferente sobre a própria vida vai entender muito bem Sadie mostrando uma coisa quando a realidade era outra.
Enfim, esse livro vai além de um romance lindo – que, aliás, é encantador. É uma história sobre superação, ressignificação , recomeços, coragem, ousadia e confiança em si mesmo. Sadie precisa aprender a lidar com a cegueira facial, mas também precisa lidar com os traumas para conseguir seguir em frente. É uma leitura emocionante e com um final de aquecer o coração.
Essa capa traz muitas referências! Os patins, o vestido, as flores, o pincel, o cachorrinho, o terraço (eu acho que eles estão em um terraço, não parece?) e, claro, aquele estranho ali no lado esquerdo que eu ficava me perguntando se era o vizinho ou o veterinário. Fui completamente enganada e adorei. Jamais imaginei o plot twist, uma reviravolta e tanto mesmo, viu?! Só leiam, vale muito a pena.
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