[Resenha] O Vilarejo

1 de outubro de 2019

Título: O Vilarejo
Autor: Raphael Montes
Editora: Sima
Páginas: 96
Ano: 2015
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*Acervo pessoal
Sinopse: Em 1589, o padre e demonologista Peter Binsfeld fez a ligação de cada um dos pecados capitais a um demônio, supostamente responsável por invocar o mal nas pessoas. É a partir daí que Raphael Montes cria sete histórias situadas em um vilarejo isolado, apresentando a lenta degradação dos moradores do lugar, e pouco a pouco o próprio vilarejo vai sendo dizimado, maculado pela neve e pela fome.
As histórias podem ser lidas em qualquer ordem, sem prejuízo de sua compreensão, mas se relacionam de maneira complexa, de modo que ao término da leitura as narrativas convergem para uma única e surpreendente conclusão.
Resenha
Elfrida Pimminstorffer morreu aos cento e dois anos, a senhora tinha um acervo com mais de sete mil livros, com a morte de Elfrida e a sua bisneta vende os livros a um sebo. Um dos sócios do sebo encontra três cadernos que se destoam do acervo, são finos, com capa de couro e escritos em uma língua estrangeira. A bisneta se recusa a pegar os cadernos de volta e ameaça  queimá-los.

Intrigado com os cadernos, Raphael Montes começa a pesquisar sobre eles e descobre que estão escritos em cimério, uma língua já morta. Ele encontra apenas um estudioso de cimério e lhe apresenta os cadernos, o homem fica assustado com o conteúdo deles e se recusa a traduzi-los, mas entrega a Raphael um dicionário e lhe dá algumas instruções para que ele mesmo faça a tradução. O Resultado são os contos presentes na obra!
De acordo com o padre Binsfeld, cada um dos pecados capitais é invocado por um demônio, nos cadernos da senhora Elfrida o nome do padre aparece com recorrência. Nos cadernos há a história de um vilarejo, de como a maldade humana o aniquilou, o vilarejo desapareceu do mapa e tudo o que se sabe sobre ele está nos cadernos de Elfrida, agora podemos ver o que aconteceu lá, como as pessoas foram tomadas pelo medo e como a barbaridade tomou o lugar.

 Luxúria, gula, ira, ganância, preguiça, inveja e soberba, são pecados capitais invocados no homem por demônios diferentes. O que encontramos no livro são sete contos que mostram em detalhes como os demônios tomaram conta do lugar e fizeram as pessoas agirem de maneira perversa, foram levadas ao desespero e escolheram por quais caminhos iriam seguir, e estes caminhos foram sempre os mais terríveis e dolorosos, seus atos foram de extrema crueldade.
Nos contos acompanhamos histórias individuais dos habitantes do vilarejo ao mesmo tempo em que percebemos que todas as histórias se entrelaçam e formam uma narrativa sombria. Vemos uma mãe que para impedir que seus filhos passassem fome foi capaz de algo doentio, insano; uma irmã que tomada pela inveja arquiteta um plano para conseguir aquilo que quer e se vê encurralada quando tudo dá errado, mas para se livrar da culpa faz algo monstruoso; um homem preguiçoso que para fugir do trabalho utiliza ferramentas peculiares; uma avó que prioriza seus bens à sua própria neta; uma mulher de bom coração que abriga um homem necessitado em sua casa e logo se vê superior a ele e começa a tratá-lo como um escravo; uma menina abusada por um homem durante anos e ao crescer encontra a sua vingança; um pai que ao chegar em casa depois de um longo período de caça encontra uma cena brutal e reage com todo ódio que se instala em seu coração.

O vilarejo é um lugar onde não se pode confiar em ninguém, as pessoas deixaram de ser amistosas e passaram a viver cada uma por si. O ambiente é sinistro, pouco a pouco as casas vão ficando vazias, ninguém mais sabe quem está vivo ou morto, ninguém mais se preocupa com o vizinho, o que quer que tenha na casa ao lado deve ficar lá.
Minha impressão
O Raphael Montes é um dos meus autores preferidos, ele tem uma escrita completamente envolvente e suas obras nos deixam tão concentrados e curiosos que é impossível querer parar de ler até chegar ao final, foi assim quando li Suicidas, quando li A Mulher no Escuro e não poderia ser diferente enquanto estava lendo O Vilarejo.

O livro é curtinho e pode ser lido rapidamente, os contos nos trazem histórias assustadoras sobre a maldade humana, cada um deles nos mostra um pecado capital e conta sobre um dos habitantes do estranho vilarejo que desapareceu. O autor nos entrega uma obra sem pontas soltas, embora os contos mostrem histórias individuais eles se conectam em uma trama obscura e impactante.

O conto que mais me chocou foi “Um banquete para Anatole”, quando terminei de ler eu simplesmente não conseguia acreditar naquilo, foi muito cruel. Nos outros contos vamos vendo um pouco sobre como as coisas foram chegando até aquele ponto e no último conto podemos ver o desfecho. É perturbador! No posfácio entendemos como os cadernos com os contos chegaram às mãos da senhora Elfrida e achei genial, em um dos contos há uma pista sobre isso e eu não liguei os fatos, quando percebi o que era fiquei bastante surpresa.

O Vilarejo é um livro sangrento, chocante e que mexe com a gente! Quero ler os outros livros do Raphael Montes que eu ainda não li e sei que vou gostar.

Minha nota para o livro

6 comentários:

  1. Olá, tudo bem? Esse não é o meu tipo de livro, mas tu falou da obra com tanta empolgação que até eu fiquei curiosa para ler, hahaha. Quero muito ler algo do autor. Adorei a resenha!

    Beijos,
    Duas Livreiras

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  2. Olá!! :)

    Eu confesso que ja ouvi falar imenso no autor, especialmente aquando da sua internacionalização para os EUA.

    Enfim, fiquei algo curioso... QUe bom que a escrita envolve e a historia prende, com contos capazes de chocar!

    Boas leituras!! ;)
    no-conforto-dos-livros.webnode.com

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  3. Ooi!
    Faz tanto anos que vejo o pessoal elogiando esse livro que não sei como ainda não peguei para ler. Contos de terror são muito melhores que os normais, parece que a rapidez com que a história nos é apresentada deixa o mistério ainda mais.
    Preciso ler algo dele o quanto antes, para entender o motivo de todos os leitores do genero gostarem tanto.

    Silviane, blog Memento Mori • @kzmirobooks

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  4. Esse gênero não é muito meu estilo, mas todo mundo elogia a escrita do autor. Gostei da forma como você ressaltou alguns pontos e realmente desperta o interesse pela leitura. Se um dia eu me aventurar nesse gênero, sem dúvidas esse livro entra para a listinha.

    Beijos,
    Blog PS Amo Leitura

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  5. Oi, tudo bem?
    Tão bom quando a gente começa a acompanhar um autor e não se decepciona com as leituras né? Vejo muitas pessoas elogiando o Raphael Montes e acho que ele agrada muito os fãs do gênero. Porém, não é meu estilo de leitura e confesso que nenhum livro dele me deu vontade de sair da minha zona de conforto e ler.
    Mas adorei sua resenha e fico feliz que tenha gostado tanto da leitura.
    Beijos!

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  6. eu tbm amo o Raphael, li dois livros dele e ja amo!
    esse eu ainda estou so na vontade e olha, parece ser a coisa mais maravilhosa desse planeta
    adorei sua resenha e so me deu mais vontade de ler
    adorei a ilustração <3

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