[Resenha] O Silêncio dos Livros

25 de setembro de 2019

Título: O Silêncio dos Livros
Autor: Fausto Luciano Panicacci
Editora: Pandorga
Páginas: 256
Ano: 2019
Adicione ao Skoob
*Cortesia da LC Agência de Comunicação
Sinopse: TER LIVROS É CRIME. DENUNCIE. Numa época em que os livros são proibidos, o misterioso Santiago Pena acaba de chegar a Portugal, onde conhecerá Alice, menina desprezada pelos pais. O encontro de um antigo caderno trará questões intrigantes. Que relação haveria entre um jovem acusado de crime que alega não ter cometido, suntuosos projetos arquitetônicos e a descoberta de uma biblioteca abandonada? O Silêncio dos livros é uma declaração de amor à Literatura. Romance para ser saboreado não só pelo enredo recheado de tensões e suspense, mas também pelos detalhes de construção, insere-se na melhor tradição da cultura ocidental, com sutis menções a livros, poemas e vinhos, a mitos clássicos e folclore, a obras de arte e teorias científicas, além de enveredar por grandes discussões da contemporaneidade, como privacidade, identidade, genética, direito ao esquecimento. Manejando uma linguagem precisa e poética, o autor cria metáforas surpreendentes, explora recursos estilísticos e sabe convidar o leitor a desvendar sentidos apenas sugeridos.
Resenha
Em um futuro não muito distante, ter livros é crime! Livrarias e bibliotecas foram atacadas, depredadas, milhões de livros foram queimados, acervos digitais foram destruídos por vírus. Nesse novo mundo, a lei permite apenas obras digitais não protegidas contra modificação, um único livro pode ser reeditado por quaisquer pessoas que tenham vontade, a satisfação do próprio “ego” dita o rumo da história.

Nem todos aceitam e há uma resistência, porém os atos a favor dos livros foram em vão e eles se tornaram proibidos. A tecnologia também evoluiu consideravelmente e as pessoas baseiam as suas decisões através de um aplicativo que lhes dá respostas randômicas para toda e qualquer dúvida. Além disso, a genética está tão avançada que é possível identificar um gene criminoso em cada indivíduo e, com isso, prevenir possíveis crimes – teoricamente, porque na prática as coisas não são bem dessa maneira.
Alice é uma criança que quer ser sabida, gosta de ouvir histórias e de anotar tudo o que pode em seu caderno, mas Alice vive em uma época na qual possuir livros é crime e não tem quem conte histórias para ela, quando sua mãe descobriu um livro escondido ela o destruiu e partiu o coração da pequena Alice. Em casa, a menina é constantemente ignorada pelos pais e pela irmã, ninguém lhe dá ouvidos, parecem pouco se importar para ela, mas Alice os ama muito.

Alice ganha um amigo quando chega à cidade um homem misterioso e muito educado, Santiago pouco fala sobre a sua vida ou seu passado, ele está sempre acompanhado de um caderno e trabalha com afinco para que os livros possam voltar à circulação. A família de Alice se intriga com o estrangeiro e busca uma aproximação, a menina vê em Santiago um “avô de letrinhas”, pois Santiago é o único que conta histórias e se importa de verdade com ela. O cotidiano dessa família nunca foi dos melhores, é uma família à beira da ruína, mas a chegada de Santiago vai trazer à tona os problemas que até então estavam escondidos.
O caderno em posse de Santiago pertencia a Hilário, um homem que não tinha o gene criminoso, mas que acabou indo para a prisão, ele alega inocência, no entanto há provas de sua culpa. Hilário passou anos na prisão por um crime hediondo que supostamente não cometeu, ele precisa provar a sua inocência, só que todo o sistema está contra ele. Na prisão, Hilário é mantido em isolamento, mas depois de alguns anos lá ele recebeu a companhia temporária de António, um amigo que vai lhe mostrar o poder que os livros têm, é António que faz surgir em Hilário o amor pela leitura.

Anos depois, é Santiago que está com o caderno de Hilário e carrega em si o desejo de ver a liberação dos livros, ele faz o que está ao seu alcance para que as pessoas percebam a magnitude de uma obra literária e entendam que os livros são fontes de conhecimento. Santiago vai ter muitos empecilhos pela frente e precisa lutar com tudo de si, caso contrário, deverá confiar o trabalho de uma vida às mãos de outra pessoa.

Minha impressão
O Silêncio dos Livros é uma obra cheia de segredos, intrigas e reviravoltas. Com um enredo completamente intrigante, o autor nos proporciona uma leitura envolvente e com muitas referências a outros livros, o que deixa tudo ainda mais gostoso de acompanhar. Fausto Luciano Panicacci tem uma escrita leve e fluída, ele construiu personagens complexos e nos permite explorá-los à medida que avançamos pelas páginas, pouco a pouco as suas características vão se revelando e podemos entendê-los melhor.

Alice é uma criança que está crescendo em um mundo onde livros são proibidos, ela gosta de histórias e não tem quem as conte. Alice é ingênua e vemos as coisas acontecerem através de seu olhar, dá um aperto no coração ver as coisas que ela presencia sem entender e acompanhar a sua rotina com a família, pai, mãe e irmã parecem sequer notar a presença da menina em casa. Quando chega um estrangeiro que está buscando a liberação dos livros, Alice encontra nele um amigo.

Santiago não se conforma com a proibição dos livros e trabalha para que a situação mude, ele gosta logo de Alice e faz questão de contar todas as histórias possíveis e dar a atenção que ela merece. A família da menina há tempos está em crise, mas eles mantêm a fachada de família perfeita. Por trás disso há um pai pervertido que assiste a vídeos pornográficos escondido; uma mãe que está sempre com a atenção voltada para a televisão ou para as fofocas, ela é capaz de passar  por cima de tudo para satisfazer a si mesma; e uma filha mais velha que tem nas redes sociais a sua base para tudo, a internet é mais importante que a vida.

Beatriz, a irmã mais velha de Alice, me incomodou desde o momento em que apareceu, mas perto do final as suas atitudes passaram completamente dos limites. A mãe foi quem mais me irritou, ela começou a fazer coisas ainda mais infantis que a Beatriz e se comportar como uma adolescente. O pai se escondia trás da máscara de pai de família, trabalhador, mas na verdade é um homem asqueroso.

Recomendo demais a leitura desse livro, o final me deixou com muita vontade de que tivesse um segundo volume.

Minha nota para o livro

8 comentários:

  1. Oi!
    Ao que pareceu o autor usou de diversas referencias para escrever este livro. Acho bem interessante o uso dessas inspirações, mas sinceramente espero que não tenha ficado TÃO evidente assim, quase como aquele "copia mas não faz igual", sabe?
    Adoro uma distopia, então fiquei bastante curiosa para conhecer este livro.

    Silviane, blog Memento Mori • @kzmirobooks

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  2. Oi Bia, eu vi algumas postagens do livro no instagram e fiquei mega curiosa com a leitura, quero muito ter a oportunidade ler também, adorei sua resenha e de sabe que a leitura é cheia de reviravoltas!

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  3. Eu vi muitas postagens sobre esse livros nos ultimos dias, eu fiquei muto curiosa, inclusive com o fato de que ter livros é crime, me lembrou uma vibe meio Fahrenheit 451 e eu amei esse livro!
    Adorei sua resenha e agora eu tô ainda mais curiosa pra ler, nossa senhora! Adorei muito essa dica!

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  4. Senti que o livro tem muitos pontos, fiquei com medo de não ter tempo no enredo pra desenvolver, mas pela sua experiência, a história é muito boa. Acredito que eu também ficaria incomodada com a irmã. Que triste a vida de uma sociedade em que não se pode ter livros hein :(

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  5. Acredita que perdi o prazo da leitura coletiva desse livro?
    Fico feliz que tenha gostado da obra. Com certeza a premissa me chamou muito a atenção e é uma leitura que está na minha lista. Acredito que o autor conseguiu abordar temas bem relevantes e trazer grandes reflexões.
    Adorei sua resenha!

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  6. Olá,
    Me lembrou um pouco a série cemitério dos livros esquecidos do Zafon, série que eu amo. E tem toda essa coisa de ter o livro/literatura como centro, o que sempre acho válido. Gostei do enredo da história.

    Debyh
    Eu Insisto

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  7. 'Em um futuro não muito distante, ter livros é crime!' me parece o Brasil atual hahahahahahahha...gostei bastante da proposta do livro, me soa como um alerta, diria, mundial, afinal, a extrema direita não colocou seu chifre fascista para fora somente no Brasil, o EUA começou bem e se espalhou. "A família da menina há tempos está em crise, mas eles mantêm a fachada de família perfeita." parece a família de bem hahahahah sério, preciso ler esse livro.

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  8. Oi, tudo bem? Não conhecia o livro e a-do-rei! Amei a premissa e fico me imaginando num cenário assim, acho que eu enlouqueceria. Acho que a premissa foi muito bem construída e fiquei com muita vontade de ler! Obrigada pela dica, amei!

    Love, Nina.
    www.ninaeuma.blogspot.com

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