[Resenha] Onde a Luz Cai

Título: Onde a Luz Cai
Autores: Allisson Pataki Owen Pataki
Editora: Gutenberg
Páginas: 368
Ano: 2018
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*Cortesia da editora

Sinopse: Três anos após a queda da Bastilha, Paris fervilha com os ideais da Revolução Francesa iniciada em 1789. A Monarquia foi deposta, a aristocracia, desmantelada, e ergue-se uma nova nação do povo e para o povo.

Inspirado pelo senso de dever patriótico, Jean-Luc, um advogado jovem e idealista, muda-se para a capital com o filho e a esposa, Marie. André, filho de um antigo nobre, foge de seu passado privilegiado para lutar no exército republicano francês junto do irmão. Sophie, uma bela e jovem viúva aristocrática, sobrinha de um poderoso e vingativo general, embarca em sua própria luta pela independência.

Mas a promessa de esperança começa a ser ameaçada pelo medo quando a busca incessante por justiça se converte em fanatismo e gera instabilidade, transformando compatriotas em inimigos e alimentando a sede de sangue nas ruas.
Na luta para impedir que o caos desfaça todo o progresso da Revolução, as vidas de Jean-Luc, André e Sophie se entrelaçam, e eles são forçados a questionar os sacrifícios feitos em nome da nova República.

Com participação de figuras lendárias como Robespierre, Luís XVI e Thomas-Alexandre Dumas, Onde a luz cai é um romance admirável, que se desenrola das ruas e salas de audiências de Paris até a épica marcha de Napoleão pelas areias do Egito. Com detalhes vívidos, os Pataki capturam corações e mentes dos cidadãos da França, lutando pela verdade acima de tudo e pela crença em uma causa maior.

Resenha

"Volta a olhar para o aparato que está diante de si, que o convoca à morte, e sua cabeça desliza para dentro do encaixe. Lá está novamente a cesta de vime, agora embaixo dele manchada de escarlate. A cabeça da velha está virada para baixo, de modo que tudo o que ele vê é seu cabelo fino e prateado, salpicado de vermelho e à procura do corpo do qual fora cortado. Mas ele não pode evitar os olhos arregalados e vagos do jovem nobre morto momentos antes. Eles o encaram sem piscar, sem luz, congelados de medo."

Paris, 1792. A Revolução Francesa está a todo vapor. Nobres estão sendo caçados e levados à guilhotina. A população assiste às execuções em massa nas praças, comemora a cada cabeça arrancada de seu corpo. A monarquia caiu, o povo se levantou. Um movimento banhado pelo sangue daqueles que massacraram a população durante muito tempo.

É nesse período da História que Onde a Luz Cai se passa. Uma época na qual uma opinião pode levar à morte, apoiar alguém é um fator de risco. E, ainda assim, conhecemos personagens que não se deixam intimidar e lutam pelos seus ideais, mesmo que tudo ao redor lhes diga não; eles enfrentam suas próprias batalhas e superam os seus medos.

Jean-Luc é um advogado que tem o desejo de servir ao povo, ele quer defender os pobres e oprimidos. Pega a sua jovem noiva, deixa tudo para trás, e parte para Paris. Lá, teria a oportunidade de trabalhar em favor da Revolução. Pouco tempo depois, nasce seu filho. A família vive uma vida simples e sem confortos, em um bairro carente. Mas Jean tem a oportunidade de ajudar os menos favorecidos ao prestar seus serviços - muitas vezes sem cobrar qualquer valor.

André Valière renuncia ao seu título nobre na esperança de continuar vivo, alista-se no exército - assim como seu irmão -  para lutar por seu país, contra a monarquia. Em tempos difíceis, o exército não pode se dar ao luxo de negar um homem e André é um excelente capitão. Seu título representa um enorme perigo, mas enquanto tiver serventia para a nação ele espera não ser guilhotinado.

Sophie é sobrinha de Murat, um temido general. Foi obrigada a casar-se aos quatorze anos com um velho conde. Quando seu marido morre, a jovem condessa precisa voltar para Paris e passa a viver sob a proteção de Murat. Sophie vai precisar lutar pela sua liberdade ao se ver diante de uma situação complicada. Para seguir seu coração e alcançar seus objetivos, ela deverá enfrentar um inimigo poderoso, capaz de tudo para impedi-la.

Os caminhos de Jean-Luc, André e Sophie se cruzam quando a Revolução pende para um lado obscuro. Quando tira-se do poder um tirano para que outro se levante em seu lugar, este sedento de sangue, movido pelo ódio e pela vingança... o próprio povo. É tempo do Reinado do Terror. Qualquer um que tenha um título nobre está ameaçado. Qualquer um que seja contra a guilhotina ou que defenda uma opinião contrária, corre perigo.

Minha impressão

Que leitura mais instigante! Onde a Luz Cai nos traz um romance desenvolvido em meio à Revolução Francesa e que nos desperta curiosidade pela leitura a cada página. Com um prólogo intenso, no qual vemos detalhes de execuções pela guilhotina em praça pública, a obra apresenta um conteúdo histórico muito próximo do real, porém, com alguns pontos modificados para uma melhor evolução da trama.

Os autores descrevem cada detalhe com perfeição, a sensação durante a leitura é a de estar presente enquanto cada cena acontece. Podemos sentir as angústias dos personagens, sofrer com eles. Torcemos para que tudo dê certo e é inevitável ficarmos tristes quando algo ruim os atinge. 

Um livro que nos apresenta um lado da revolução mais intenso do que o que conhecemos, o lado mais humano e ao mesmo tempo o mais desumano. Estaria certo matar pessoas apenas por terem nascido privilegiadas para que a "liberdade, igualdade e fraternidade" pudesse ser alcançada? Começamos a leitura horrorizados pela cena da guilhotina e ao nos aprofundarmos, vemos o outro lado. O lado do povo que sofreu por muito tempo nas mãos de uma monarquia cruel, cobrando juros abusivos, humilhando os cidadãos, tomando suas filhas virgens, matando a bel-prazer. Atitudes extremas foram tomadas pelas pessoas para que pudessem, enfim, se verem livres dessa tirania. No entanto, o movimento saiu do controle e o medo reinou. 

Eu gostei muito desse livro e recomendo demais a leitura. É um romance completamente envolvente!

Minha nota para o livro