[Resenha] O Impulso

21 de janeiro de 2021

 

Título: O Impulso
Autor: Audrain Ashley
Editora: Palalela
Páginas: 328
Ano: 2021
*Cortesia da editora
Sinopse: Blythe Connor está decidida a ser a mãe perfeita, calorosa e acolhedora que nunca teve. Porém, no começo exaustivo da maternidade, ela descobre que sua filha Violet não se comporta como a maioria das crianças. Ou ela estaria imaginando? Seu marido Fox está certo de que é tudo fruto do cansaço e que essa é apenas uma fase difícil.
Conforme seus medos são ignorados, Blythe começa a duvidar da própria sanidade. Mas quando nasce Sam, o segundo filho do casal, a experiência de Blythe é completamente diferente, e até Violet parece se dar bem com o irmãozinho. Bem no momento em que a vida parecia estar finalmente se ajustando, um grave acidente faz tudo sair dos trilhos, e Blythe é obrigada a confrontar a verdade.
Neste eletrizante romance de estreia, Ashley Audrain escreve com maestria sobre o que os laços de família escondem e os dilemas invisíveis da maternidade, nos convidando a refletir: até onde precisamos ir para questionar aquilo em que acreditamos?

Resenha
Blythe sente que é a única mulher no mundo que não está feliz e realizada com o fato de ter se tornado uma mãe. Na verdade, ela nunca teve o desejo de ser mãe. Ela também não teve um bom exemplo em casa, já que o seu relacionamento com a mãe sempre foi bastante conturbado. Blythe não recebeu qualquer carinho da mãe, sentia como se fosse um estorvo para ela, cresceu apenas com o amor do pai. Ela escutava algumas conversas dos dois em relação a como havia sido a criação da mãe dela com a avó e parecia ter sido tudo bem tenso também.

Blythe não teve uma referência do que era uma mãe e questiona o tempo todo sobre como a sociedade impõe às meninas para elas crescerem e se tornaram boas esposas e boas mães. Quando casou, Blythe não quis ter filhos e adiou esse momento o máximo que conseguiu, mas seu marido Fox quer tanto ser pai e ela acaba cedendo, para satisfazê-lo. E quando aconteceu, quando Violet nasceu, ela sentiu repulsa pela menina. Era um corpo estranho sobre o seu, ela não sentiu o que todas as mães dizem na hora do parto, que tudo vale a pena ao olhar o rostinho da criança.
As coisas começam a ficar muito estranhas, Violet não parece ser uma criança normal, Blythe está convencida de que a menina tem um algo de ruim, um instinto que talvez nem entenda ainda, mas que está lá dentro dela e quanto mais o tempo passa, mais Violet dá indícios de sua personalidade forte e geniosa. Ainda pequena, Violet se mostra bem dissimulada, na frente do pai ela é um amor de criança, mas quando está sozinha com a mãe ela se torna tão difícil e parece determinada a transformar a vida de Blythe em um verdadeiro inferno.

Blythe não aguenta ficar muito tempo sozinha com ela e torce a cada segundo do dia para que o marido chegue logo do trabalho e fique com a menina. Fox sabe que elas duas não têm uma relação saudável e culpa a esposa por isso, nos primeiros anos diz que é tudo coisa da cabeça de Blythe, que a criança não poderia fazer o que ela conta, depois ela diz que Violet prefere a companhia dele e que não gosta de ficar com a mãe porque sente o desprezo de Blythe. Ninguém consegue entendê-la, ninguém consegue enxergar a verdade. Com o passar dos anos Blythe decide tentar de novo, quer ter certeza de que o problema não está com ela, que pode ser, sim, uma boa mãe e pode amar um filho seu. Então ela engravida de Sam e é a melhor coisa em sua vida.
A gestação já foi completamente diferente, ela se sentia conectada ao bebê e foi assim quando ele nasceu também. Se tornou só ela e Sam, não tem mais ninguém em seu mundo, nada das birras de Violet e suas maldades, nada das acusações de Fox, Sam é o seu sol, o seu ar. Violet até dá algumas tréguas de vez em quando, ela parece gostar de Sam, por um tempo a relação com Fox também muda. A família está começando a se ajustar. Mas então algo muito, muito ruim acontece.

Um terrível acidente faz de Blythe uma mulher diferente, amargurada, sofrida, ela nunca vai ser capaz de se recuperar, sabe que as feridas da alma jamais vão cicatrizar. Toda a família é afetada por essa tragédia, Blythe e Violet se distanciam ainda mais, Fox joga mais e mais culpas em cima da esposa e tudo vai desmoronando pouco a pouco. Blythe não confia em ninguém, não tem alguém a quem possa recorrer, e mesmo que contasse a verdade a todos, ninguém iria acreditar, diriam que ela está maluca. Violet é só uma criança, eles diriam. Como sobreviver a isso? Como lidar com o fato de ser a responsável por ter colocado um monstro no mundo? Ela se sente mal, isso não é coisa que uma mãe deva pensar sobre a própria filha. Mas o que fazer?
Minha impressão
O Impulso é a grande aposta da Editora Paralela para 2021, é um thriller psicológico que envolve o leitor de tal forma que é quase impossível parar de ler. Quando eu não estava lendo eu só pensava no livro e no quanto queria voltar correndo para a leitura. E quando terminei de ler eu levei um longo tempo refletindo em tudo o que aconteceu, principalmente no final do livro.

A protagonista dessa história é a Blythe e a autora intercala os capítulos com o presente e o passado, mostra como foi a vida da avó dela e da mãe dela também. Sabemos que Blythe vem de uma família que tem péssimos exemplos maternos e ela estava decidida a não se tornar mãe, mas quando ela engravida de Violet sabe que nunca vai ter uma boa relação com a filha.

Violet parece ser uma pequena psicopata, ela mostra sinais de uma maldade genuína, ela tem um instinto muito ruim. Mas será que podemos confiar na história que Blythe nos conta? Ela não é confiável, as coisas que ela nos conta podem não ter acontecido da maneira como ela nos faz acreditar e esse é o grande lance do livro, nos fazer duvidar da protagonista ao mesmo tempo em que nos desperta empatia por ela. Nós a entendemos, sofremos com ela, queremos ajudá-la. Só que também duvidamos que Violet possa ser aquele monstro que a mãe descreve.

Eu passei o livro todo sem saber em quem acreditar. Fiquei com raiva do marido dela, ele só sabe falar que é tudo coisa da cabeça dela ou que Violet só é daquele jeito com ela porque sente que a mãe a despreza. E Blythe se sente culpada por não ser uma boa mãe, mas aí ela engravida de novo e a relação com o filho Sam é perfeita, como deveria ter sido desde o começo. Então um acidente acontece e a família que já não era unida desmorona de uma vez. Blythe está certa de que Violet é a culpada, mas ninguém acreditaria nela se ela falasse a verdade.

Esse foi um dos melhores livros do gênero que eu já li e recomendo muito a leitura, é aquele tipo de livro que faz o leitor querer virar a noite lendo. O Impulso é um livro intenso, impactante e inesquecível.


Minha nota para o livro

2 comentários:

  1. Oi Bia,

    Quero muito ler esse livro e sua resenha incrível só me deixou mais curiosa ainda haha
    Vi opiniões bem divididas, e espero ter uma experiência tão boa quanto a sua.

    Beijos, Fantasma Literário

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    1. Eu gostei muito, mas ele aborda um tema bem difícil mesmo! Recomendo demais e espero que você goste tanto quanto eu.

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