[Resenha] O Livro de Líbero

Título: O Livro de Líbero
Autor: Alfredo Nugent Setubal
Editora: Intrínseca
Páginas: 256
Ano: 2020
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*Cortesia da editora

Sinopse: Quando o Circo Bosendorf chega a Pausado e se instala naquela que possivelmente é a menor cidade do mundo, toda sorte de eventos pode acontecer. Massimo Perim, com seu apurado faro jornalístico, logo envia ao local uma equipe da sua Gazeta de Pausado para descobrir quais serão as atrações da tão esperada noite. Seu filho Líbero – autointitulado “redator-repórter-editor-chefe-júnior” do jornal – e Rubio, o fiel escudeiro dos Perim, partem rumo à empreitada sem imaginar que algo fantástico e inexplicável espera por eles.
Embora tenha crescido imerso em aventuras literárias, naquela noite será oferecido ao menino um livro que ele nunca imaginaria ter nas mãos, um volume grosso, de capa vermelha, e, a cada página virada, a oportunidade de ler eventos do próprio futuro reescrito em diferentes versões. Aceitar levá-lo ou rejeitar a chance de saber o roteiro da própria vida são as alternativas que podem mudar para sempre o destino não apenas de Líbero, mas de todos aqueles que ama e da própria cidade.
Em seu livro de estreia, Alfredo Nugent Setubal leva o leitor para um passeio pelos caminhos da memória, investiga a natureza do tão familiar sentimento de “e se tivéssemos feito tudo diferente?” e nos mostra que o futuro talvez não passe de inúmeras versões do caleidoscópio do presente.

Resenha

“Não existe esses indícios, nem justificativas que expliquem tudo. A vida é uma sequência de aleatoriedades frágeis, pequenas sincronicidades que ocorreram, mas que poderiam muito bem não ter ocorrido.”

Líbero Perim é um menino de onze anos que possui uma mente fértil e um faro jornalístico bastante aguçado para a sua idade. A pequena (minúscula) cidade de Pousado tem um bom comércio local e também um jornal que é administrado pelo pai de Líbero, Massimo Perim, que sonha com o filho seguindo a profissão do pai e dando continuidade à Gazeta. Mas a mãe do jovem, Norma, é uma católica fervorosa que não quer saber do filho saindo para cidade para estudar jornalismo. Líbero é o “redator-repórter- editor-chefe-júnior” do Gazeta e tem o maior orgulho do que faz, ele está o tempo todo se empenhando para fazer sempre o melhor.

Líbero gosta muito de ler, hábito que herdou do pai e que não é muito bem-visto pela mãe, e certa vez olhou a última página de um livro para saber como terminava a história porque não estava conseguindo se aguentar de tanta curiosidade, isso desencadeou uma série de ações que teriam consequências durantes longos anos de sua vida. Tudo começou com a bronca que levou do pai, dizendo que cada coisa tem o seu tempo e a graça de um livro é o virar da página, a espera pelo que vai acontecer viver o presente e esperar o tempo certo para descobrir o fim da história. Líbero nunca mais esqueceria a bronca do pai, as duras palavras e a maneira como Massimo falou com o filho ficou gravado na memória do jovem para sempre.

Quando ainda tinha onze anos e trabalhava no Gazeta com o seu pai, chegou à cidade um circo esplêndido e extravagante, que logo impressionou a todos (com exceção de Norma, claro, que desconfiava de tudo e era apegada à realidade). Líbero recebeu a tarefa e de ir com Rúbio – funcionário do jornal e quase um membro da família Perim – coletar todas as informações que conseguissem sobre o circo. Líbero não sabia ainda, mas seu futuro seria decidido naquela mesma noite, ali no Circo Bosendorf.

Na noite do espetáculo, Líbero se distanciou da família e dos amigos e chegou a um local reservado, onde era esperado por Baltazar, um homem misterioso que lhe daria a oportunidade de conhecer todo o seu futuro. Baltazar tinha em mãos o livro da vida de Líbero, um livro vermelho cujo título em letras douradas trazia o nome dele, Líbero Perim. Não era um livro qualquer, era mágico, com poderes de se reescrever em um abrir e fechar de páginas, tudo dependendo de cada decisão que Líbero tomasse, era só abrir o livro para descobrir o que aconteceria e se não gostasse do resultado ele poderia tomar outras decisões até chegar àquela que seria satisfatória, o livro lhe daria esse poder. Bastava dizer sim a ele.

Baltazar da a Líbero duas opções, ou ele aceita o livro e pode conhecer seu futuro de antemão e assim o reescrever caso ache necessário ou recusa o livro e nunca mais terá outra oportunidade. O momento exige que Líbero pondere, seria incrível poder saber o futuro e evitar momentos desagradáveis, ter a chance de fazer qualquer, de saber o clima do dia seguinte, o que ganharia de aniversário, as respostas das provas, qual seria a sua profissão no futuro... tudo ali na palma de sua mão e ele tendo o poder de transformar a própria vida. Mas as palavras de seu pai têm um peso que Líbero não pode ignorar.

O que fazer, então? Aceitar o presente? Seria uma dádiva ou uma maldição? Baltazar foi categórico ao dizer que caso Líbero não aceite ele jamais terá outra oportunidade. Esse é o momento crucial, tudo o seu futuro depende de sua resposta. Sim ou não? Deve aceitar o livro e guiar a própria vida ou viver o presente como diz o seu pai sem querer antecipar as páginas finais?

Minha impressão

O Livro de Líbero é uma obra que possui uma premissa completamente curiosa, quem nunca desejou saber o próprio futuro? Mas também que nunca teve medo de sabê-lo? Essa é a grande questão do livro, o ponto principal desta trama. Saber o não saber? Líbero Perim teve essa oportunidade e para descobrir se ele aceitou ou não você terá que ler o livro, e te garanto que é uma leitura que nos prende logo nas primeiras páginas e se torna quase impossível de parar. 

Líbero tinha apenas onze anos quando precisou tomar uma decisão tão importante e difícil como esta. Ele era um menino que gostava de ler e trabalhava no jornal local, seu pai era o dono. Por mais que gostasse de ler, Líbero nunca teria em mãos um livro como aquele de capa vermelha e título dourado, O Livro de Líbero. Quando o circo chegou à cidade, trouxe não só um grande espetáculo a Pousado, mas também deu a Líbero a oportunidade de aceitar ou não o livro que mostraria o seu futuro. Líbero ficou fascinado com a magia daquele livro, mas também temeroso, não se pode querer saber o final do livro sem tê-lo lido antes, dizia seu pai, e estas palavras ficaram gravadas em sua memória. Por isso ele fica indeciso, ler o livro e saber o seu futuro ou viver os dias sem ter ideia do que acontecerá amanhã.

A escrita do autor é muito gostosa e envolvente, ele traz personagens carismáticos e uma trama instigante. Eu achei a capa tão linda, ela traz elementos importantes da história e que só com a leitura eu pude entender. Se já a achava bonita antes, ao entender o significado dos elementos eu achei ainda mais.

Foi um livro que me deixou reflexiva em muitos momentos e que ao terminar a leitura eu fiquei pensando nele por um bom tempo ainda, é um livro que vou guardar com muito carinho na estante e no coração. E o melhor, é um livro nacional! Alfredo Nugent Setubal nasceu em São Paulo e O Livro de Líbero começou a ser escrito como um projeto de conclusão de curso para a pós-graduação de Formação de Escritores no Instituto Vera Cruz.

Minha nota para o livro