[Resenha] Noites Simultâneas

10 de junho de 2019

Título: Noites Simultâneas
Autor: Maurício Melo Júnior
Editora: Bagaço
Páginas: 176
Ano: 2017
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*Cortesia da Oasys Cultural
Sinopse: “Do que exatamente Maurício Melo Júnior nos fala, com esta obra? De um moço e uma moça que, a golpes da sorte ou de suas astúcias, sobreviveram aos estratagemas de um regime autoritário contra o qual se bateram, ao se engajarem na luta armada, passando a viver uma história de amor e terror, sonhos e pesadelos, encontros e desencontros, utopias e desilusões. Ao fundo, um dos períodos mais inquietantes e conturbados do nosso país.
Os dois jovens fazem parte de uma trama ambientada no Nordeste brasileiro, cujos fios se tecem numa sequência de ações de desfecho mais ou menos previsíveis – desmantelamento de aparelhos, prisões, tortura, exílio – e um exílio aqui mesmo, no caso do moço, o protagonista da história, em sua algo estoica clandestinidade -, e se destecem com a imprevisibilidade do desenrolar dos acontecimentos.
Maurício dividiu o seu romance em capítulos curtos, nos quais cada palavra, cada frase, cada parágrafo se encaixam numa construção de sólida estrutura e fina carpintaria. Enfim, bom de ler.” Antônio Torres"
Resenha
Um rapaz ainda jovem sai do interior para fazer faculdade, quer ser médico. Está na cidade para fazer o vestibular quando presencia um ato violento de militares contra uma passeata em uma ponte, ele acaba no meio de todo o caos e encontra com uma bela jovem que também foge da confusão, a fúria da repressão não para e os dois precisam fugir. Começava ali, no meio de uma fuga, um amor intenso que ficaria para sempre na memória dele.

O moço vem de uma família de fazendeiros, seu pai tem bons negócios e não está satisfeito com a ideia do filho de ir para a cidade estudar para ser médico, preferia o filho tocando o negócio da família. Desgosto para o pai e orgulho para a mãe, ela estava toda contente com a profissão que ele escolheu.
O Moço muda-se para a cidade e continua com a faculdade, também mantém contato com a moça que conheceu. Ela é estudante de sociologia e faz parte da resistência, o rapaz começa a frequentar as reuniões e logo se associa também. A ditadura militar está cada vez mais agressiva e é preciso contra-atacar, além dos protestos e é preciso, também, partir para a luta armada e para a expropriação de bens.

O moço e a moça já não seguem juntos, ele sente falta da amada, mas não tem notícias dela. O jovem está cada vez mais integrado com o movimento, trabalha disfarçado, se envolve em circunstâncias perigosas, mas não desiste de fazer a diferença e acabar com a ditadura. Por mais que ele e todos os envolvidos tenham cuidado, a casa cai e o moço é preso. A guerrilha perde companheiros, mas a luta continua.
O moço se torna um prisioneiro e ali dentro da prisão é torturado dia após dia, são momentos nos quais a morte parece ser a melhor solução para acabar com toda aquela dor, ele já não suporta mais tanto sofrimento e a esperança também o abandona. Na prisão ele conhece tantos outros com histórias como a sua, pessoas que lutavam por um país melhor e livre da opressão, mas que foram jogados dentro de uma cela com condições desumanas, muitos deles desaparecem após as sessões de tortura.
“Tudo horrível, tétrico, macabro, doentio; morto já o sonho de ver o momento em que o povo e as suas paixões arrebentam a ordem estabelecida e resgatam seus mártires dos cárceres. A história real ensina a enxergar além das próximas horas. Os gritos despertam, o cansaço lembra a inutilidade dos sonhos; os gritos. A realidade implacável se constrói impunemente e impõe o silêncio...”.
Minha impressão
Noites Simultâneas se passa durante a ditadura militar e traz a história de um jovem estudante de medicina que entrou para a resistência e combateu bravamente para trazer a liberdade de volta à nação, participou da luta armada e foi preso, os dias de tortura quase o mataram. O protagonista dessa trama é chamado de “moço”, ele não tem um nome aqui, pode ser qualquer um que tenha vivido naqueles dias tenebrosos.

Também temos a “moça”, uma estudante de sociologia que queria fazer a diferença, eles tiveram um breve relacionamento, mas devido às circunstâncias com as quais estavam envolvidos acabaram se separando. O rapaz jamais se esqueceu dela e passou a vida se perguntando onde estaria a amada e se algum dia teria a chance de reencontrá-la.

Os personagens de Noites Simultâneas não têm nomes, o moço e a moça representam tantas pessoas que sofreram com a ditadura e ainda hoje enfrentam as consequências daquele período. Nos dias atuais, uma leitura como essa é muito importante e recomendo.

Quando vi a premissa do livro eu esperava um enredo repleto de ação e reviravoltas, mas não foi bem assim, embora seja uma leitura que eu tenha gostado muito, ela não foi eletrizante como eu imaginava – e isso se deu ao fato de eu ter criado expectativas para o livro e não por ele ser ruim, pelo contrário, é uma obra que vale a pena ser lida. 

Minha nota para o livro

11 comentários:

  1. eu gosto muito desses livros que se passam na época da ditadura, sempre gostei desse tipo de narrativa e eu gosto de ler sobre, parece que me ajuda a entender mais e eu morro de medo da ditadura porque eu sei que seria afetada por ela em absolutamente todos os possíveis âmbitos da minha vida. gostei da resenha, e suas fotos ficaram lindas como sempre!!

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  2. Olá, tudo bem? Não conhecia esse livro ainda e, lendo a sinopse, também imaginei que seria uma leitura eletrizante e cheia de reviravoltas, é uma pena que não seja assim. Ainda assim, fiquei bem curiosa pra ler a obra. Adorei tua resenha!

    Beijos,
    Duas Livreiras

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  3. A sinopse realmente parece de um livro de aventura/ação, mas agora sabendo que não é, fiquei com o pé atrás. Se fosse de ação acho que até daria uma chance, mas sabendo que é durante a ditadura desanimei um pouco.

    Debyh
    Eu Insisto

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  4. Se tem ditadura Militar, eu já gosto. Não conhecia o livro e nem o autor e curti bastante o pouco que peguei da sobra em sua resenha. Pena que não foi uma leitura tão boa para você

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  5. Oi Beatriz, sua linda, tudo bem?
    Eu fiquei com expectativa de que ela voltasse para ele e fiquei triste imaginando o que deve ter acontecido com ela, com certeza não deve ter tido um bom destino. Pena que não teve mais ação, pelo visto é uma leitura de conscientização de um momento histórico, que deve ser lida por todos. Sua resenha ficou ótima.
    beijinhos.
    cila.

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  6. já tinha ouvido falar desse livro e achei a premissa muito boa, mas também achei que era lotado de ação e tal, mas que bom que ainda assim é uma boa leitura
    eu gosto bastante de livros ammbientados durante períodos como a ditadura, porque sempre nos mostra algo a mais do que ja sabemos
    ótima resenha, parabéns!

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  7. Oi, tudo bem? Gosto bastante da época histórica retratada, livros sobre a ditadura sempre me cativam, por mais horrível que possa ser a narrativa. Leria com certeza, apesar de ter um pezinho atrás, por achar meio morno. Mas, quem sabe, eu vá gostar. Muito obrigada pela dica, adorei!

    Love, Nina.
    www.ninaeuma.blogspot.com

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  8. Olá, adorei sua resenha e fotos, o livro é novidade para mim, porém gostei muito do gênero, mesmo sabendo que não é uma leitura com muita ação fiquei curiosa pela obra!

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  9. Olá

    Normalmente livros sobre ditadura são mais reflexivos que para ação do leitor e isso é algo que o autor quis já que não deu nome aos seus personagens.

    Gostei da sugestão
    Beijos

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  10. Olá, tudo bem? Adorei a sua resenha, porém não conhecia o livro. Gosto bastante de histórias que se passam na época citada, porém não sei se leria por agora. Que pena que não teve tantas reviravoltas como pensava. Mas no final deu para apreciar né?!
    Beijos,
    http://diariasleituras.blogspot.com

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  11. Oi.

    Gosto bastante de livros que retratam um determinado momento da história seja no mundo todo como 1 e 2 guerra, ou como os fatos que aconteceram nosso país, não conhecia a obra muito menos o autor, eu realmente preciso comprar livros com autores nacionais. Uma pena a obra não ter sido como você esperava.

    www.paginasamais.com

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