[Resenha] A Mãe Eterna

3 de maio de 2016

Título: A Mãe Eterna
Autor: Betty Milan
Editora: Record
Páginas: 144
Ano: 2016
Skoob: Adicione



Uma obra que expõe os sinceros sentimentos de uma filha que está perdendo a sua mãe e passa a cuidar dela como se os papéis estivessem invertidos. Ela passa a ser a mãe da sua própria mãe. A filha escreve cartas para a mãe que teve um dia, na tentativa de extravasar seus sentimentos. Os relatos que acompanhamos são fortes e intensos.
A mãe está muito doente e a filha sabe que em pouco tempo não a terá mais ao seu lado. Com uma idade já muito avançada (98 anos), a mãe escuta e enxerga muito pouco, mal consegue andar e não quer se alimentar. A filha está desgastada fisicamente e emocionalmente, é quase insuportável ver a mãe no estado em que ela se encontra.

Como já não pode mais desfrutar das conversas com a mãe que, além de não conseguir ouvi-la direito, já não tem tanto interesse com certas conversas, a filha passa a escrever cartas. Essas cartas a ajudam a extravasar os sentimentos contidos em si e que precisam, de alguma maneira, se libertarem. Ela já não tem a mãe como ouvinte e por isso escreve para a mãe que que sempre existirá em sua memória, falando-lhe das dificuldades encontradas em seu cotidianos e das barreiras que a mãe impõe quando o assunto é cuidado.
A mãe sempre foi independente e se ver, aos 98 anos, precisando de ajuda para tudo, não a deixa satisfeita. A única maneira que ela tem de ainda se sentir independente e ter o mínimo de liberdade é se rebelando. A mãe não discorda das coisas para fazer birra ou irritar alguém, simplesmente quer se sentir dona de suas próprias atitudes, então faz o que bem entende e não se importa para ordens médicas ou os pedidos da filha. Colocar um agasalho, tapete antiderrapante no banheiro, não sair de casa desacompanhada ou mesmo não tomar vinho, são atos simples mas que oferecem um grande risco quem para está debilitada.

A filha não entende a atitude da mãe, acha que a idade a deixou ranzinza, mas aos poucos percebe o que a mãe está tentando fazer. A filha passa a enxergar a sabedoria da mãe e a experiência de tantos anos de vida. A cada dia sente que perde um pouco de sua mãe, cada vez mais essa dolorosa separação se aproxima e ela continua a escrever suas cartas, preparando-se para quando o momento chegar e desabafando com aquela mãe que existe em seus pensamentos.
Um livro que aborda questões muito difíceis e traz em suas páginas grandes reflexões. Através das cartas da filha para a mãe de suas lembranças, acompanhamos um doloroso processo e sentimos toda a angústia e sofrimento de ambas.
Minha impressão
É um livro que vem acompanhado de sentimentos intensos. Durante toda a leitura eu senti um aperto no coração, tamanha a sensibilidade e transparência nas palavras de Betty Milan. Uma trama que nos transporta para dentro do universo vivido pela filha e nos proporciona muitas emoções. São palavras duras, fortes e verdadeiras. 

Em alguns momentos a filha chegou a pensar que prolongar a vida da mãe seria mais uma maneira de prolongar o sofrimento, pensou que interromper esse processo seria mais humano e menos doloroso. Mas será que a mãe também desejava isso? Será que ao ver o sofrimento da filha a mãe desistira da vida? Seria egoísmo da filha pensar em ajudar a mãe a morrer? São algumas questões que encontramos  no livro e que a todo tempo nos fazem refletir.

Quem perdeu a mãe ou está passando por uma situação semelhante, certamente se emocionará ao ver uma realidade tão forte nas páginas de um livro. É uma obra emocionante e que tanto para filhos, quanto para mães, traz um certo impacto durante a leitura. 

Minha nota para o livro

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