Cais, às vezes, afundas
em teu fosso de silêncio,em teu abismo de orgulhosa cólera,
e mal consegues
voltar, trazendo restos
do que achaste
pelas profunduras da tua existência.
Meu amor, o que encontras
em teu poço fechado?
Algas, pântanos, rochas?
O que vês, de olhos cegos,
rancorosa e ferida?
Não acharás, amor,
no poço em que cais
o que na altura guardo para ti:
um ramo de jasmins todo orvalhado,
um beijo mais profundo que esse abismo.
Não me temas, não caias
de novo em teu rancor.
Sacode a minha palavra que te veio ferir
e deixa que ela voe pela janela aberta.
Ela voltará a ferir-me
sem que tu a dirijas,
porque foi carregada com um instante duro
e esse instante será desarmado em meu peito.
Radiosa me sorri
se minha boca fere.
Não sou um pastor doce
como em contos de fadas,
mas um lenhador que comparte contigo
terras, vento e espinhos das montanhas.
Dá-me amor, me sorri
e me ajuda a ser bom.
Não te firas em mim, seria inútil,
não me firas a mim porque te feres.
(Pablo Neruda)
Olá!
ResponderExcluirAdoro colunas de poesias, sempre conheço algumas novas, e também autores que ainda não tinha lido.
Gostei dessa do Pablo Naruda!
beijos
www.apenasumvicio.com
Amo seus posts sobre poesia, sempre me fazem questionar um montão de coisas! Neruda em especial tem uma história de vida incrível que pude acompanhar em sua biografia, é impossivel nao se apaixonar pelo autor e suas obras.
ResponderExcluirOi Beatriz, que poesia linda, apesar de gostar muito, leio bem menos do que queria. Mas adorei ler esta, fez minha tarde mais feliz.
ResponderExcluirNo Instagram, eu estava, junto com duas amigas, em um projeto para postar uma poesia/poema/verso por semana, mas a regra era ter o livro na estante, e tenho tão poucos, que não consegui ir muito longe nas postagens. Uma pena!
Adorei teu post.
Bjos
Vivi
http://duaslivreiras.blogspot.com.br/
Oiiiee Beatriz
ResponderExcluirMuito linda as poesias do Neruda, é um dos poucos que eu gosto e consigo relamente entender a maioria das palavras e sentidos que ele dá à elas nas entrelinhas. Gostei dessa, não conhecia.
Beijos
www.derepentenoultimolivro.com
Como de costume você vem trazendo uma bela poesia e fico impressionada como posso julgar conhecer um escritor se só conheço algumas frases de efeito e vejo um poema desse com se fosse algo totalmente novo. Gosto muito desse quadro do seu blog, ele leva um pouquinho de conhecimento cheio de sentimento para nós leitores. Parabéns.
ResponderExcluirAbraços.
https://cabinedeleitura0.blogspot.com.br/
Olá, fico grata por me proporcionar a leitura de um poema do Pablo Neruda. É um autor do qual já ouvi falar, mas ainda não tinha lido nada; gostei desse que li.
ResponderExcluirGente, os poemas do Neruda conseguem ser perfeitos, não? Adoro! É sempre bom reler um ou outro por aqui, tem um tempo que deixei de me dedicar à poesia e isso é realmente bem triste.
ResponderExcluirBjos
Lucy - Por essas páginas
Olá, apesar de não ser muito fã de poesia achei essa linda, já li algumas outras do autor e todas elas são sempre bem bacanas *-* Adorei a escolha.
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