[Resenha] Terra Faminta

20 de julho de 2021

 

Título: Terra Faminta
Autor: Andrew Michael Hurley
Editora: Intrínseca
Páginas: 240
Ano: 2021
*Cortesia da editora
Sinopse: Novo livro do vencedor do Costa Book Awards une drama familiar e fantasia em intrigante terror psicológico.
Quando o filho de cinco anos de Juliette e Richard morre de repente após cometer uma série de atos inexplicáveis de violência ― instigado, segundo ele, por uma voz misteriosa ―, o mundo dos dois desmorona. Seis meses depois, Juliette se recusa a sair de casa e passa os dias fazendo gravações no quarto do filho, esperando conseguir provas de que ele continua lá. Enquanto isso, Richard tenta ao máximo não pensar no menino e volta a atenção para o terreno do outro lado da rua, o qual escava pacientemente, em busca de fragmentos de um carvalho lendário.
Assombrados por um presente doloroso e uma expectativa interrompida de futuro, os dois são confrontados pela estranheza e pela solidão de um lugar agora tomado pelo sofrimento. De um lado, o luto deixa cada vez mais clara a distância que os separa; de outro, eles buscam desesperadamente uma ponta de esperança ― apenas para desenterrar um profundo terror.
Com a incrível habilidade de criar um mundo definido pelo bizarro, em Terra faminta Andrew Michael Hurley entrelaça com perfeição a selvageria da natureza e descrições capazes de evocar horror. Nesta narrativa inquietante, o sobrenatural e a vida cotidiana se confundem, criando um retrato assustador do que acontece no limiar entre a dor e a sanidade. A obra chega ao Brasil em edição de luxo, com ilustrações exclusivas do artista alagoano Midrusa e capa dura.

Resenha
Ewan era apenas uma criança de cinco anos de idade quando as coisas aconteceram e ele mudou drasticamente, o menino – antes amigável, brincalhão e prestativo – começou a agir de maneira estranha e a cometer atos terríveis, ferindo outras pessoas e deixando os seus pais cada vez mais preocupados. A princípio, esse comportamento de Ewan foi atribuído à mudança que a família fez recentemente (para a casa de infância do pai) e com o fato de ele começar as aulas em uma nova escola. No entanto, a situação é bem mais sinistra.

Ewan machucou uma coleguinha na escola, colocou fogo em uma lixeira no quarto e isso quase incendiou a casa toda, acordava à noite chorando, estava com muito medo de ir ao campo do outro lado da rua, dizia ouvir uma voz que o mandava fazer coisas... machucar pessoas. E estava certo de que a voz pertencia a Jack Grey. Há uma lenda na região em que casos horrendos são sempre instigados por Jack Grey, um personagem do mito popular que assusta as pessoas há gerações.
Quando Ewan morre inesperadamente, sua mãe e seu pai reagem de maneiras diferentes à perda do filho. Enquanto Richard (pai) tenta não permitir que a sua mente vagueie pelas lembranças ruins do filho, pelo seu comportamento recente, e se concentra em escavar o terreno do outro lado da rua em busca do lendário carvalho, Juliette (mãe) passa cada segundo do seu dia tentando comprovar que o filho ainda está – de alguma maneira – presente na casa, mais precisamente em seu quarto.

Juliette está convencida que ainda consegue sentir a presença do filho, se recusa a sair de casa e não deixa que ninguém entre no quarto de Ewan. Enquanto assiste à esposa se isolar cada vez mais, Richard também se envolve intensamente em seu projeto na expectativa de fugir da própria mente que insiste em trazer à memória lembranças do filho. Richard acredita que a lenda do Carvalho seja verdadeira, que do outro lado da rua cresceu um árvore que era usada para enforcamentos e que Deus amaldiçoou sua terra por isso, e esse fato seria o motivo pelo qual a terra não é fértil, nada cresce ali e os animais parecem também não gostar daquele pequeno pedaço da floresta.
Por meio de um amigo da família, Juliette recorre a um grupo que se denomina Os Faróis, ela não sabe ao certo o que eles podem fazer, mas tem a certeza de que podem ajudá-la a comprovar que não está louca e que ainda é possível sentir a presença do filho. Richard não acredita em nada relacionado aos Faróis, mas para não contrariar a esposa ele não se opõe à vista do grupo, só pede que possa fazer parte da reunião. Para ele, a Sra. Forde é uma charlatã que quer tirar proveito da fragilidade das pessoas.

Ao mesmo tempo em que Juliette começa a preparar a casa para receber o grupo, Richard encontra algo durante a escavação do terreno que desperta o seu interesse. Um corpo de lebre um tanto quanto estranho e que com o passar dos dias adquire características assustadoras, deixando Richard cada vez mais curioso, espantado e... maravilhado. Richard e Juliette vão passar por situações complicadas, ter contato com o sobrenatural, ser confrontados e vão precisar apoiar um ao outro, mas quando suas experiências se diferenciam de maneira tão brusca eles enxergam a mesma situação por pontos de vista diferentes e não conseguem compreender claramente o que está acontecendo.
Minha impressão
Com uma narrativa intrigante, a trama se desenvolve de modo a nos contar o que está acontecendo e permitindo-nos conhecer o passado, entender como a situação chegou a tal ponto. Ewan tinha apenas cinco anos quando morreu, ele vinha apresentando um comportamento violento e dizia uma voz o mandava fazer tais coisas.

Os pais o levaram a médicos e ninguém foi capaz de descobrir o que ele tinha, e seu comportamento ficava mais sinistro. Quando ele morreu, Richard e Juliette ficaram desolados, mas cada um reagiu de uma maneira ao luto. A mãe tinha a certeza de que ainda podia sentir a presença do filho em casa e o pai queria fugir das lembranças. Juliette começa, então, a passar seus dias fazendo gravações no quarto de Ewan, cobrindo o quarto de espelhos, se recusa a sair de casa e se isola do mundo.

E Richard vai em busca de um carvalho lendário que seria o motivo de suas terras serem inférteis, a árvore era usada para enforcamentos e isso teria amaldiçoado o lugar. Richard tem certeza de que vai encontrar o carvalho e durante a escavação ele encontra a ossada de uma lebre. O animal se tornará parte fundamental dessa história. Para Juliette ele terá um significado; para Richard, outro. Os dois estão olhando a mesma coisa, mas o que eles enxergam na lebre é totalmente diferente.

É angustiante ver o desespero da mãe na tentativa de comprovar que o filho ainda está presente e é instigante acompanhar Richard com a descoberta da lebre, ainda mais quando a ossada começa adquirir características estranhas. O grupo de médiuns que vai ajudar Juliette é bem sinistro, mas não fica muito claro o que eles fazem nem o que Juliette vê na reunião, eu acredito que a intenção do autor seja justamente deixar o leitor imaginar o que seria.

Foi uma leitura que me envolveu rapidamente e eu li em poucas horas, porém o final aberto não foi bem o que eu esperava. É genial, não nego, e com certeza é brilhante, só que eu senti falta de um desfecho. Novamente, imagino que o autor quis deixar assim para o leitor poder tirar suas próprias conclusões. É uma história fascinante, que vale muito a pena ler e que eu recomendo! 


Minha nota para o livro

Nenhum comentário:

Postar um comentário