[Resenha] Ser Bom Não é Ser Bonzinho

23 de julho de 2021

 

Título: Ser Bom Não é Ser Bonzinho
Autor: Cláudio Thebas
Editora: Paidós
Páginas: 208
Ano: 2021
*Cortesia da editora
Sinopse: O novo livro de Cláudio Thebas, co-autor do best-seller O palhaço e o psicanalista.
Você já sofreu por não saber como dizer algo difícil para alguém? Quantas vezes, diante da necessidade de uma conversa desconfortável, você se calou com medo de magoar o outro, acabando por ferir a si mesmo? Neste livro, Cláudio Thebas costura sua experiência como palhaço, professor de Escuta e de palhaços de hospital, com os conceitos da Comunicação Não Violenta e nos oferece caminhos para que sejamos capazes de identificar, acolher e enfrentar os medos e barreiras de comunicação que nos impedem de sermos autênticos e sinceros como gostaríamos. Alguns temas abordados: ser pacífico não é ser passivo. A diferença entre franqueza e sinceridade. Vulnerabilidade como potência de conexão. Compreender não é concordar. Os quatro tempos da Comunicação Não Violenta. Reagir não é revidar. O poder da escuta. Como evitar os vícios violentos de linguagem...

Resenha
“Ser bom não é ser bonzinho” é uma obra de não-ficção onde Cláudio Thebas – palhaço, educador, escritor – compartilha suas experiências e nos mostra caminhos pelos quais podemos seguir para termos um melhor convício social, relações interdependentes, e não nos negarmos para que o outro se satisfaça. Comumente, pessoas que querem agradar acabam sofrendo por se calarem, por negarem suas próprias vontades para não magoarem ninguém. Nessa obra, Cláudio Thebas traz alguns conceitos da Comunicação Não Violenta (CNV) que nos ajudam, não só, a saber a hora de dizer não, mas também, como fazê-lo.

Em mais de trinta anos como palhaço, Cláudio Thebas aprendeu muito e divide conosco um pouco de seu conhecimento. O autor tem uma vasta experiência em apresentações em grupos empresariais, escolas e projetos sociais, e através de seus relatos nós podemos aprender lições valiosas que farão uma grande diferença em nossas vidas. Não é apenas sobre saber se impor sem magoar o outro ou saber que se colocar em primeiro lugar não é egoísmo, o livro vai muito além.
Tanto a arte de ser palhaço como a CNV nos ensinam que escutar é uma das bases para termos um bom relacionamento social. A outra pessoa tem a sua própria bagagem, seus próprios problemas, levanta suas barreiras para impedir que alguém se aproxime demais e veja suas vulnerabilidades. Essas barreiras são mascaradas por atos que podem ser violentos, grosseiros, ou qualquer coisa que possa nos deixar desconfortáveis diante de uma situação. Perceber o outro, tentar entender, é uma tarefa extremamente difícil, mas que – quando colocada em prática – ajuda demais a sabermos nos posicionar em momentos que nos deixariam desconfortáveis ou que nos calaríamos para que o outro não se sentisse mal.
“Como tudo o que desafia os padrões aos quais estamos habituados, é natural que a CNV cause algum estranhamento. A violência nos é tão íntima que nem a percebemos mais em nossas palavras e gestos. Apenas agimos automaticamente sem nem imaginar que existem outras maneiras de reagir, que não o revidar, para estancar a violência que julgamos ter sofrido.”
Vivemos em uma sociedade que nos ensina desde pequenos que precisamos estar sempre em alerta, que o mercado de trabalho é cheio de concorrentes, que aonde quer que possamos ir nós enfrentaremos algum tipo de competição e, com isso, crescemos enxergando as pessoas como adversárias. Fomos educados assim,então em um cenário em que acreditamos estarmos sofrendo alguma violência o natural é reagirmos revidando, ficamos na defensiva o tempo todo e nosso instinto é atacar também sob o pretexto de “o outro que começou” ou “se ele/ela fez isso me dá o direito de fazer também”. Mas com obra, o autor nos mostra que:
  • Reagir não é (necessariamente) revidar;
  • Ser pacífico não é ser passivo;
  • Sinceridade não é franqueza;
  • Compreender não é concordar;
  • Responsabilidade não é culpa;
  • Ser bom não é ser bonzinho.

Esses são apenas alguns dos tópicos abordados no livro, são trinta e sete capítulos, mais prefácio por Carolina Nalon e preâmbulo que traz uma história intensa onde o autor compartilha um momento no qual esteve com os nervos à flor da pele e se surpreendeu com a reação do outro quando ele, o autor, baixou a guarda e mostrou suas fraquezas.

Minha impressão
Quando vi o título deste livro eu fiquei muito interessada nele e sabia que precisava ler, quando vi a sinopse essa certeza só aumentou. Então solicitei à editora e li tão logo chegou, comecei a ler um ou dois capítulos por dia, fazia anotações, refletia naquilo que havia acabado de ler e estou tentando aplicar as coisas que aprendi com a obra. Foi uma leitura enriquecedora e de muito aprendizado!

Eu nunca fui uma pessoa violenta, pelo contrário, preferia me anular para que as situações não piorassem, para que a outra pessoa não se magoasse, muitas vezes eu disse sim quando queria ter dito não, muitas vezes aceitei brincadeiras ou piadas por medo do que aconteceria se eu as negasse. Quantas vezes, em um ambiente de trabalho, por exemplo, eu deixei de pedir que outros funcionários fizessem tarefas por medo de estar sendo exigente demais, chata demais, e fiz eu mesma aquilo que era função de outras pessoas? E quantas vezes eu acatei decisões de familiares ou amigos só para não gerar nenhum tipo de constrangimento ou desentendimento?

E para que eu reaja de maneira agressiva é preciso eu estar no meu limite ou a situação ter sido extrema para despertar essa reação em mim. Em “Ser bom não é ser bonzinho”, Cláudio Thebas nos mostra como enxergar os problemas de forma a não acumularmos tensões e acabarmos explodindo por algo menor em algum momento futuro, além de nos esclarecer que revidar nem sempre é a melhor solução.

O autor usa sua experiência como palhaço e educador para nos mostrar um caminho por onde podemos seguir, mas sem fórmulas mágicas, não espere encontrar uma receita pronta aqui, até porque nosso cotidiano é repleto de imprevistos, ele nos ensina como ouvir, como ter empatia pode ajudar, como precisamos nos posicionar e nos fazer entender com clareza. A comunicação não violenta é um processo contínuo e sempre podemos aprender mais, não somos seres perfeitos e também erramos.

Recomendo demais esse livro!

Minha nota para o livro

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