[Resenha] A Filha do Reich

25 de maio de 2020

Título: A Filha do Reich
Autor: Paulo Stucchi
Editora: Jangada
Páginas: 416
Ano: 2019
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*Cortesia LC Agência de Comunicação
Sinopse: Ao receber a notícia da morte de seu pai Olaf, um ex-soldado alemão refugiado no Brasil, Hugo Seemann viaja à Serra Gaúcha para cuidar do funeral. Contudo, o que parecia ser uma mera formalidade de despedida a um pai que nunca conhecera de verdade, torna-se uma jornada ao passado e aos horrores da Alemanha nazista. Durante o funeral, Hugo recebe a visita da jovem Valesca Proença, que lhe mostra uma carta enviada por Olaf à sua mãe, contendo estranhas revelações que contradizem tudo o que achavam que sabiam a respeito de seus respectivos pais. Buscando desvendar esses antigos segredos há muito enterrados, eles partem para Colônia, onde descobrirão suas origens e o passado sombrio de Olaf.
Uma trama envolvendo amizades, traição, morte, amor e milagres que uma obscura organização surgida na época do terceiro reich fará de tudo para manter em segredo, na intenção de encobrir a verdadeira identidade sobre uma criança conhecida somente como... A filha do Reich.

Resenha
“A pior prisão é aquela que construímos em nosso íntimo. E, quando nos trancamos nela, jogamos a chave fora. Não há voltas.”
Hugo Seeman em breve terá a sua vida virada de cabeça para baixo, ele terá suas certezas destruídas e descobrirá que tudo em que acreditou era apenas parte de uma história porque a verdade nunca lhe foi revelada. Mas isso está prestes a mudar. Hugo vai descobrir quem realmente foi o seu pai e vai entender os motivos que o levaram a ser tão frio e distante do filho, a quem não demonstrava qualquer afeto. 

Hugo trabalha em um agência de publicidade e tem um cargo importante, ele e sua equipe estão trabalhando em uma campanha grande e precisam dar o melhor para conseguir fechar o contrato. Mas uma notícia interrompe os planos dele momentaneamente, seu pai faleceu e ele precisará viajar para cuidar do funeral. Hugo preferiria não ir, afinal, nunca teve fortes ligações com o pai e nem sentiu a sua perda, mas a chefe o encoraja e ele parte. Deixando o projeto em andamento com a equipe instruída. No entanto, em sua ausência, um de seus inimigos na agência tenta usurpar a sua ideia.
Hugo não pretende demorar muito, quer resolver tudo o quanto antes para retornar para o seu trabalho, mas chegando ao Sul ele tem algumas surpresas. A primeira é que aparentemente o pai cometeu suicídio logo após a visita de um amigo, Hugo nem mesmo sabia que seu pai tinha amigos, ele era um refugiado da Alemanha e sempre foi muito rígido, homem de pulso firme e que não fazia questão de agradar as pessoas, mas isso é o que Hugo sempre enxergou no pai, o velho Olaf não era o homem que o filho via e logo Hugo descobrirá isso.

Olaf deixou para o filho um baú,um caderno com suas memórias, algumas cartas e também instruções de como o ele deveria agir dali em diante. Hugo deveria manter tudo em segredo, pois o assunto é delicado e altamente perigoso. O que Olaf revelou através de suas cartas e seu caderno é algo que vem sendo escondido desde Segunda Guerra Mundial. Algo terrível. A Alemanha nazista deixou marcas que jamais serão apagadas.Hugo nunca viu i pai falando sobre a época que ele serviu a Hitler, sabia pouco sobre o pai. Sabia apenas que ele nunca foi um pai presente, carinhoso ou que parecia se importar com o filho. A mágoa que Hugo carrega do pai é enorme. 
Hugo começa a ler as memórias do pai e entende o porquê dele ter pedido segredo, o velho Olaf presenciou coisas das quais Hitler tentava a todo custo esconder. Em um acampamento nazista existia uma prisioneira judia chamada Mariele Goldberg, certo dia Olaf quebrou o pé e foi curado ao toque da jovem, que era conhecida por operar pequenos milagres. Em pouco tempo a fama dela se espalhou e sua vida corria cada vez mais perigo, pois ela ia contra tudo o que Hitler proclamava. Olaf fica interessado em saber mais sobre Mariele, mas o destino havia reservado muitas dores e sofrimentos para os dois, principalmente para ela que era mulher e prisioneira. 

Hugo envia as cartas que o pai pediu e algum tempo depois Valesca Proença aparece na casa de seu pai dizendo que é filha da mulher para quem ele havia enviado uma das cartas. Mesmo que o pai tenha deixado claro que era preciso manter segredo, Hugo confia em Valesca e revela o conteúdo do caderno, além de lhe pedir ajuda para desvendar os segredos ainda ocultos. Como Olaf tinha informado, Hugo corre perigo, ele começa a receber ameaças e a cada instante as coisas ficam mais perigosas. Ele sente que está perto de descobrir tudo, de entender quem foi o seu pai e a ligação dele com Mariele. Hugo sabe pouco sobre Mariele, mas precisa entender os mistérios do passado e tentar assimilar com o seu presente. É certo que o que aconteceu na Alemanha tem consequências em sua vida ainda hoje, ele só não entende como... ainda. 
“Acho que se enterrarmos a história – eu disse –  também deixamos de compreender por que somos como somos, e de poder planejar para onde vamos.”
Minha impressão
Eu gosto muito de ler sobre guerras em especial a Segunda Guerra Mundial. Foram tempos sombrios que mancharam a História da humanidade, não podemos simplesmente esquecer tudo o que aconteceu e enterrar isso no passado. Então sempre que vejo livros sobre esse assunto eu fico curiosa para ler. A Filha do Reich me despertou interesse no instante em que li o título e vi a capa, a sinopse só me deixou ainda mai curiosa. Foi uma leitura da qual eu gostei, porém, com algumas ressalvas. 

A narração segue duas linhas do tempo, o presente de Hugo e o passado de seu pai Olaf. Os dois nunca se deram bem e quando Hugo recebeu a notícia da morte do pai não sentiu a sua perda, não se entristeceu, foi apenas a morte de uma pessoa. Seu pai era refugiado, tinha fugido da Alemanha durante a guerra e veio se esconder no Brasil. Hugo não gostava do pai, mas com a morte de Olaf ele logo descobriria que tudo em que acreditou ao longo de sua vida não era exatamente a verdade. Olaf deixou um caderno com as suas memórias e avisou ao filho que ele correria perigo de vida. 

No caderno, Olaf fala sobre como foram os anos servindo como soldado e revela coisas que aconteceram no campo de concentração que Hitler tentou esconder a todo custo, ainda hoje parte dos seguidores de Hitler tenta manter os segredos de Plaszow escondidos. Hugo está na mira de uma organização secreta que não pretende deixar que ele leve adiante seu plano de desvendar os mistérios do passado. 

O livro tinha tudo para ser uma obra excelente, mas acabei me decepcionando um pouco. Não que ele seja ruim, não é mesmo, mas do meio para o final algumas coisas aconteceram e elas me incomodaram bastante, o rumo que eu estava vendo ser traçado me deixava apreensiva e minhas suspeitas foram confirmadas, o que tornou a experiência de leitura diferente do que eu imaginava ao começar o livro.  Não posso dar detalhes porque seria um grande spoiler, mas tem a ver com a tortura de uma personagem e como a questão foi desenvolvida depois, quem leu certamente saberá o que é, quem não leu ainda isso não representa spoiler, tendo em vista que o tema do livro é a SGM. 

Enfim, é um livro que recomendo, mas não foi a leitura que eu esperava. Ainda que tenha terminado decepcionada, eu gostei de ter tido a oportunidade de ler a obra que eu estava curiosa há muito tempo.  

Minha nota para o livro

8 comentários:

  1. Oii, ando lendo todos os livros sobre essa época, antes eu nem tinha estômago direito, mas com o tempo comecei a ter. Estou morrendo de curiosidade se esse livro é baseado em fatos reais, porque os que não são eu fico até chateada kkkk
    Mas parece ser um obra boa, e mesmo com o seu quase spoiler haha acho que se acontecesse comigo de descobrir as coisas antes, eu ainda iria estar ansiosa para cada página. Sou meio que quase viciada em leituras sobre a Segunda Guerra Mundial.
    Jardim de Palavras

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  2. Olá, tudo bem? Estou bem curiosa para ler esse livro, pois estou vendo falarem bastante dele ultimamente. É uma pena que a obra tenha te decepcionado, pois realmente parece ter tudo para ser boa. Adorei a resenha!

    Beijos,
    Duas Livreiras

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  3. Oi Beatriz.

    Também gosto muito de ler histórias sobre a segunda guerra mundial. Mesmo conhecendo um pouco da história através da sua opinião, o livro não conseguiu despertar muito o meu interesse. Quem sabe futuramente minha vontade possa mudar e resolva lê-lo. Pena que a obra tenha decepcionado, mesmo assim obrigada pela dica.

    Bjos

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  4. Oi, Beatriz!
    Embora curta, não leio tanto quanto gostaria histórias da época da Segunda Guerra. Uma pena que esse livro não tenha sido tão satisfatório para você, mas pelo menos vc de certo modo conseguiu aproveitar a leitura.
    bjs
    Lucy - Por essas páginas

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  5. Oi Bia, como vai? Toda vez que vejo uma indicação de livro sobre a segunda guerra mundial, fico pensando: "porque existem poucos livros escritos sobre a primeira guerra ?", não sei responder. Tenho uns cinco ou seis livros com essa temática, não lidos na estante, confesso que gostei de todos que li. E sempre vejo indicações do livro A filha do Reich só falam os pontos positivos da obra, por isso, amei a sua resenha. Um livro não tem o mesmo impacto nos leitores.

    Resenhas da Viviane

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  6. Oiii Bia

    É sempre uma pena quando o livro vai tomando uns rumos diferentes, decepcionando o leitor. Eu até gosto de livros da Segunda Guerra, mas no momento o tema já me saturou um pouco, embora vez ou outra eu sempre leia alguma obra com essa temática. Vou te confessar que desta vez vou deixar a dica passar, não sei se seria um livro pra mim nesse momento.

    Beijos, Ivy

    www.derepentenoultimolivro.com

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  7. Oi Beatriz, tudo bem?
    Lendo a resenha, eu fiquei me perguntando: qual o preço a ser pago por querer preservar a integridade de alguém que amamos apesar de tudo?
    Além da premissa ser muito interessante e envolver a SGM, porque considerando a quantidade de absurdos perpetrados pelo Hitler e seus malditos aliados, dá para imaginar um universo de coisas absurdas das quais ele teria sido capaz.
    Um beijo de fogo e gelo da Lady Trotsky...
    http://www.osvampirosportenhos.com.br

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  8. Oi, tudo bem?
    Eu tive a oportunidade de ler esse livro e fiquei interessada pela premissa, mas como estava com muitas leituras acumuladas acabei tendo que deixar passar. Que pena que você se decepcionou o livro acabou não sendo tudo que você esperava. O enredo bem pareceu interessante, principalmente porque gosto de livros ambientados na II Guerra. Mas fiquei preocupada por essa questão da tortura e como isso foi desenvolvido depois. Eu tenho muitos problemas com livros que têm cenas de violência e dependendo de como é a abordagem, não consigo aceitar. Mas quem sabe um dia dou uma chance para ver o que acho né?
    Mas adorei ler sua resenha e a forma sincera como falou sobre a obra.
    Beijos!

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