[Resenha] Proibido

25 de março de 2019

Título: Proibido
Autor: Tabitha Suzuma
Editora: Valentina
Páginas:304
Ano: 2014
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*Cortesia da editora
Sinopse: Ela é doce, sensível e extremamente sofrida: tem dezesseis anos, mas a maturidade de uma mulher marcada pelas provações e privações da pobreza, o pulso forte e a têmpera de quem cria os irmãos menores como filhos há anos, e só uma pessoa conhece a mágoa e a abnegação que se escondem por trás de seus tristes olhos azuis.
Ele é brilhante, generoso e altamente responsável: tem dezessete anos, mas a fibra e o senso de dever de um pai de família, lutando contra tudo e contra todos para mantê-la unida, e só uma pessoa conhece a grandeza e a força de caráter que se escondem por trás daqueles intensos olhos verdes.
Eles são irmão e irmã.
Com extrema sutileza psicológica e sensibilidade poética, cenas de inesquecível beleza visual e diálogos de porte dramatúrgico, Suzuma tece uma tapeçaria visceralmente humana, fazendo pouco a pouco aflorar dos fios simples do quotidiano um assombroso mito eterno em toda a sua riqueza, mistério e profundidade.
Resenha
Uma família completamente desestruturada que se mantém unida graças aos esforços dos irmãos mais velhos. O pai abandonou os filhos por uma mulher e foi morar do outro lado do mundo. A mãe está sempre embriagada e pouco para em casa, ela não se importa com os filhos, na verdade os vê como um peso que ela não quer carregar. Passando por necessidade financeira, essa família luta constantemente para ficar junta.

A negligência da mãe põe em risco todas as crianças, se o serviço social descobrir o que se passa dentro daquela casa eles serão levados e separados. Os pequenos ainda sentem falta da mãe (cada vez menos, pois estão se acostumando com a ausência dela) e os mais velhos assumem a responsabilidade que deveria ser dela e cuidam dos irmãos menores e do irmão do meio, que vem causando problemas.
Lochan tem apenas dezessete anos e assume todas as obrigações da casa, ele é o responsável, a mãe aparece apenas para dar algum pouco dinheiro (com muita má vontade), mas ele ama demais os sues irmãos e faria de tudo por eles. Lochan conta com a ajuda de Maya, sua irmã de dezesseis anos. Os dois se dividem nas tarefas domésticas e, assim, tentam driblar o serviço social.
“Só com Maya posso realmente ser eu mesmo. Nós carregamos esse fardo juntos e ela está sempre do meu lado, sempre do meu lado. Não quero precisar dela, depender dela, mas preciso e dependo, não resta a menor dúvida.”
Há anos é assim, Lochan e Maya cuidam de tudo. Eles têm uma cumplicidade única. Precisam um do outro. Foram obrigados a deixar sua infância de lado para se tornarem adultos antes do tempo. Os dois são os verdadeiros pais das crianças. Mas ninguém pode saber disso ou estarão em apuros, não podem permitir que seus irmãos sejam levados para adoção. Então inventam desculpas na escola para a ausência da mãe, quando alguma emergência acontece os dois é que resolvem. Cada vez mais unidos, cada vez mais íntimos.
“Estou me desintegrando. Sinto tanto nojo de mim que tenho vontade de fugir do meu próprio corpo. Minha cabeça não para de me arrastar até aquela dança: Maya, seu rosto, seu toque, aquela sensação. (...) Estou desesperado para fugir de mim mesmo porque a verdade é que a sensação ainda está lá – talvez sempre tenha estado – e agora que reconheço isso, estou com medo de que, por mais que queira, jamais vá conseguir voltar no tempo.”
E então Lochan e Maya se veem apaixonados, o desespero inicial é enorme, isso não pode acontecer, eles são irmãos. A rejeição é o primeiro passo, Lochan tenta se afastar o máximo possível dela, mas dói tanto. Maya consegue compreender melhor seus sentimentos, acredita que um amor tão puro e inocente como o que sente por Lochan não pode ser proibido, eles não estão fazendo mal a ninguém.

A partir do momento que se permitem aceitar o amor entre eles as coisas não ficam melhores, o medo de serem descobertos é constante e há muita culpa por vivenciar algo que aos olhos de todos é tão imoral, mas ao mesmo tempo a intensidade do sentimento os impulsiona a continuar, um amor tão forte que seria capaz de atravessar todas as barreiras. Eles enfrentariam tudo, enfrentariam o mundo para ficarem juntos e cuidarem dos irmãos.
“Eu me recuso a permitir que um rótulo do mundo exterior estrague o dia mais feliz da minha vida. O dia em que beijei o homem que sempre abracei em meus sonhos, mas nunca me permiti ver. O dia quem que finalmente parei de mentir para mim mesma, parei de fingir que era apenas um tipo de amor que sentia por ele, quando na realidade eram todos os tipos possíveis e imagináveis de amor. O dia em que finalmente nos libertamos das nossas amarras e demos vazão aos sentimentos que havíamos negado por tanto tempo, apenas porque por acaso somos irmão e irmã.”
Minha impressão
Eu demorei muito tempo para me interessar por esse livro, quando o vi pela primeira vez (há anos) não pude me imaginar lendo, muito menos gostando da trama. O tema que essa obra aborda é tão difícil, e o título não poderia ser diferente, essa história nos traz um tabu e para ler é necessário estar disposto a deixar de lado alguns conceitos formulados. Li esse livro no tempo certo que deveria ler, talvez se eu o tivesse lido tempos atrás a leitura teria sido diferente, mas hoje compreendo as mensagens nele.

Lochan e Maya cresceram tendo que cuidar dos irmãos, a negligência da mãe e sua ausência os obrigou a crescer rapidamente para cuidar dos irmãos mais novos para que a família ficasse unida. Com a mãe sempre embriagada e aparecendo cada vez menos em casa eles dois tiveram que tomar as responsabilidade e encontrar um meio de não serem pegos pelo serviço social, caso contrário seriam todos levados. Os dois sempre foram muito unidos e com o passar dos dias, dos anos, a intimidade foi ficando mais e mais intensa. Eram como pais cuidando dos filhos e da casa. Até que se deram conta do sentimento que tinham um pelo outro e foi difícil aceitar que era amor.

A autora nos questiona se isso aconteceu devido a situação na qual eles se encontravam, se tivessem pais normais eles teriam se apaixonado? Se tivessem crescido em um ambiente familiar melhor estruturado estariam apaixonados? A negligência da mãe teria induzido essa relação? O incesto consensual é condenado moralmente em quase todo o mundo e na maioria dos lugares é, também, proibido por lei. Os dois fazem pesquisas sobre o assunto e o que eles descobrem os apavora.

A leitura de Proibido me causou sensações conflitantes o tempo todo e o final me deixou sem chão, eu chorei tanto, não conseguia fazer nada além de ficar abraçada com o livro e chorar. É uma obra que traz uma mensagem extremamente forte e o faz de uma maneira impactante.

Minha nota para o livro

9 comentários:

  1. Oiii Bea

    Já ouvi falar tanto, mas tanto desse livro, seja por ser polêmico, seja por fazer chorar um monte no final... Eu até tenho curiosidade em conferir futuramente, mas no momento confesso que o gênero não me atrai. Fico feliz em saber que te agradou e te comoveu ao ponto de te fazer chorar também, essa autora tem uma escrita bem elogiada.

    Beijos

    www.derepentenoultimolivro.com

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  2. Oi Beatriz, um detalhe que achei interessante é que sempre a garota tomava a iniciativa, acho que se fosse descrito ao contrário, poderia parecer abuso. Eu senti tanta raiva daquela mãe e tanta pena daquelas crianças, sofri demais com a leitura, também demorei bastante tempo para ler, mas li muito rápido quando comecei. E aquele final, foi apropriado, mas é de partir o coração. As pessoas precisam se livrar dos pré conceitos e ler este livro.
    Bjos
    Vivi
    Blog Duas Livreiras

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  3. Olá, tudo bem?
    É um livro que está na minha lista de desejados já faz um bom tempo, mas sempre adiei a leitura. Pela sua resenha, já sei que me sentirei incomodada a história é um assunto complicado e angustiante. No entanto, ainda quero dar uma chance pra ela =)

    Sai da Minha Lente

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  4. Realmente é um tema difícil e tirando o romance é uma realidade de muitas famílias brasileiras, mas acho que o que realmente pega é o romance, realmente um tabu. Particularmente não vejo pecado na relação, ainda mais que nos tempos bíblicos isso era tão comum, enfim acho que a intenção desse livro seja nos fazer pensar e entrar em conflito com nós mesmos. Quero ler.

    Abraços.

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  5. Olá
    Eu chorei muito mesmo quando finalizei a leitura desse livro. Ele é muito pesado, muito intenso e nos deixa cheios de dúvidas. Acho que ele é ótimo para nos fazer pensar em todos os tabus que existem e se tem um motivo para certas coisas serem proibidas.

    Vidas em Preto e Branco

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  6. eu comprei esse livro faz dois dias e estou esperando chegar. sinceramente estou com medo de ler. vc passou por conflitos durante a leitura, bom eu ja estou enfrentando um super, pois é um assunto muito delicado, mas ja ouvi muitos elogios, nao tem como ser ruim
    vou começar a leitura assim que chegar, nao quero mais perder tempo.

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  7. Oi Bia, sua linda, tudo bem?
    Que bom que finalmente fez essa leitura. Como sou muito sensível, lembro que não consegui parar de lembrar dessa história, me peguei chorando várias vezes durante as semanas depois que terminei. Inclusive, uma leitora veio conversar comigo depois de ler minha resenha, pois ela também não consegui evitar o choro. Adorei sua resenha!!
    beijinhos.
    cila.

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  8. Olá, tudo bem? Que bom que gostou da leitura! Eu também tive sentimentos bem conflitantes quando li o livro, porém tenho ele guardado no coração. Sei que é um assunto que talvez muitos não queiram arriscar, mas ele traz uma perspectiva interessante que achava legal todos saberem. Sua resenha está maravilhosa e me bateu saudades de quando li!
    Beijos,
    http://diariasleituras.blogspot.com

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  9. Sou louca para ler este livro, acredito ser um a história emocionante, adoro obras do gênero! Espero ter a oportunidade de ler em breve!

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