Karen é autora de literatura fantástica infantojuvenil, ilustradora, palestrante e podcaster . Seus livros foram adotados por escolas e clubes de leitura, o universo fantástico de Myríade encanta centenas de leitores. Junto com seu marido possui um estúdio de ilustração que desenvolve revistas de passatempo infantis e jogos para celular. A jovem de 26 anos prestou vestibular para direito mas mudou para publicidade e propaganda onde se formou e fez pós graduação em comunicação: linguagens, construção contextual e literatura. Não gosta de novela, mas adora filmes, gosta de jogos de vídeo game, tabuleiro e RPG, isso contribui muito para a criação de seus personagens. Gosta de viajar, já visitou muitos países e deseja poder fazer uma viagem de volta ao mundo.
Karen quero te agradecer por ter concedido essa entrevista ao blog De Bem Com a Leitura!
1- Karen você levou cerca de dez anos elaborando Línguas de Fogo, as
Crônicas de Myríade, mas quando parou pra sentar e escrever, a história se
desenvolveu de acordo com o que vinha planejando ou muita coisa mudou quando
passou pro papel?
Tudo mudou! Ou quase. Da primeira versão da história, ficou apenas a
base de alguns personagens, como Aisling, sua avó (cujo nome ainda não foi
revelado), Dharon, Marian e Desmond. Permaneceram detalhes como a idade, um
pouco da personalidade e o relacionamento entre si. Mas a história de vida de
cada um mudou absurdamente, assim como todo o relevo e o clima de Myríade, os
reinos, a magia, tudo. Foram longos dez anos de planejamento, era esperado que
isso acontecesse. A ideia inicial era simples demais, até um pouco previsível.
Acredito que nesse período de pesquisa e criação eu pude amadurecer bastante o
universo como um todo.
Mas pode ficar tranquila, que eu não vou levar dez anos para cada livro
que for escrever! Desde 2012, quando lancei Línguas de Fogo, o primeiro da
série, já publiquei o segundo, além de dois spin-offs. Esse ano sai o livro
número três.
2- A amizade descrita em seu livro é sinônimo de
lealdade, hoje em dia com o crescimento das redes sociais, onde se pode ter
muitos amigos virtuais,você acha que ainda é possível que exista amizade assim?
Amizades superficiais
sempre existiram e sempre vão existir, elas não foram inventadas pela internet.
E não há nada de errado com elas. É natural que tenhamos vários colegas e
conhecidos, pessoas das quais gostamos, mas pelas quais não estaríamos
dispostos a nos sacrificar. Amigos de verdade, daqueles que valem sua própria
vida, são raros e preciosos. Eu acredito em amizade verdadeira. Mas ela requer
muito cuidado, atenção, admiração e companheirismo.
3- Myríade é um continente dividido em cinco reinos
com suas diferenças como seu povo, sua crença e seus costumes. Criar algo desse
porte, acredito eu, deve dar um trabalhão, aja criatividade, quais foram suas
maiores dificuldades ao escrever sobre essas diferenças entre os reinos ?
Haha, não é à toa que
levou tanto tempo. Foram dez anos para formular Myríade, e eu te garanto que
não passei todo esse tempo sentada na frente do computador, escrevendo. Foram
anos de muita pesquisa. Minhas fontes de inspiração para criar esse universo
foram muitas, desde viagens para outros países e muita, mas muita leitura, até
mesmo conversas com pessoas interessantes. Trocar experiências é sempre muito
enriquecedor. No final das contas, a parte mais difícil acaba sendo remover
detalhes. Tem tantas ideias diferentes que eu gostaria de incluir em cada um
dos povos de Myríade, mas nem tudo se encaixa, então é necessário simplificar.
4- Myríade é um “mundo” gigantesco e com inúmeras
possibilidades, querer explorar mais esse universo, sem precisar sair do
contexto,foi o que te motivou a escrever Pergaminhos Perdidos de Myríade?
Exatamente. São muitas as
características de Myríade sobre as quais eu gostaria de escrever, e isso
incharia demais a série. Por isso, optei por me ater ao que realmente tem
ligação à história principal, e deixar outros lugares e personagens para serem
explorados nos spin-offs. Mas tomei o cuidado de escrever de forma que o leitor
possa escolher por onde prefere começar a leitura. Não é obrigatório que se
tenha lido a série principal para compreender e aproveitar os livros avulsos.
rte mais difícil acaba sendo remover
detalhes. Tem tantas ideias diferentes que eu gostaria de incluir em cada um
dos povos de Myríade, mas nem tudo se encaixa, então é necessário simplificar.
5- Karen atualmente novos escritores têm muitas
dúvidas em relação ao registro e publicação da obra, seu canal no youtube e sua
coluna no site, ajudam e muito novos escritores, mas nos conte porque resolveu
abrir esse espaço para ajudar novos autores?
Registrar meu primeiro
livro foi um processo um pouco confuso. Apesar de ter dado certo, enquanto
esperava o certificado chegar eu fiquei ansiosa, me perguntando se tinha feito
tudo corretamente. Por isso, decidi escrever um guia passo-a-passo, para que
outros autores de primeira viagem não precisassem passar pelo mesmo que eu
passei. Confesso que fiquei admirada com a quantidade de pessoas que comentaram
no meu blog, fazendo perguntas em relação a direitos autorais. Isso me levou a
fazer alguns vídeos tirando dúvidas. Com o passar dos anos, aprendi muita coisa
e acumulei mais conteúdo para dividir com o pessoal. Publiquei mais dicas no
blog e comecei a dar palestras em escolas. Eu gosto de compartilhar
conhecimento, acredito que seja bom para todo mundo. Espero poder fazer mais
vídeos em breve. Eu recebo todo tipo de pergunta no meu e-mail.
6- O mercado editorial é muito exigente, grandes
editoras raramente publicam autores nacionais desconhecidos, em contra partida
temos muitas prestadoras de serviço que se disponibilizam para publicar
nacionais mas com um proposta contratual não tão favorável ao autor. Qual a sua
opinião em ambos os casos?
É muito comum que os aspirantes a autores sonhem em ter seu primeiro
livro publicado por uma grande editora. Inclusive, conheci alguns que tratavam
com desdém os que eram auto-publicados. Isso é uma grande besteira. Apenas
quando submete seu original para análise é que um autor começa a compreender
como o mercado nacional funciona. As editoras são empresas privadas que
precisam lucrar para sobreviver. Elas recebem uma tonelada de originais e, por
motivos óbvios, preferem lançar no mercado aqueles que têm mais certeza de
sucesso, como livros que tenham sido best-sellers no exterior ou que sejam
assinados por brasileiros famosos.
Por outro lado, existem as editoras prestadoras de serviço, que são uma
excelente opção para quem quer publicar sua primeira obra. Eu acredito na
publicação independente. Se o autor realmente acredita em sua obra, faz sentido
que esteja disposto a investir nela. No entanto, quando o autor paga pela
publicação, ele assume papel de cliente, e precisa ter isso bem claro. Cabe a
ele exigir que a editora ofereça um serviço de qualidade, compatível com a
descrição do contrato. Além do mais, é necessário que se pesquise bastante.
Existem prestadoras de serviço boas e ruins. O autor precisa ter paciência, não
fechar logo com a primeira que aparecer pela frente, e investir algum tempo
para aprender a separar o joio do trigo.
7- Quais foram os desafios que você encontrou sendo
uma autora independente? e os benefícios?
Ser autora independente é uma experiência muito enriquecedora. No
início, pensei em contratar uma editora prestadora de serviços. Mas, depois de
analisar uma série de propostas e de refletir a respeito do meu próprio perfil,
decidi que ser completamente independente seria mais vantajoso para mim. Eu já
tinha alguma experiência no mercado editorial, bastante bagagem em relação à
parte gráfica, e contato com excelentes profissionais. Ser dona de empresa
também foi muito útil, na hora de providenciar a documentação do livro. Sou uma
pessoa muito crítica, principalmente comigo mesma, e isso certamente elevou a
qualidade da publicação. Lançar o primeiro livro foi só o início de uma época
incrível da minha vida, que fiz questão de complementar com cursos na área e
muita leitura. O maior benefício foi o crescimento pessoal, sem dúvidas. Mas
poder decidir tudo por conta própria também á uma sensação ótima.
Ser independente não foi um problema em relação aos leitores, pelo
contrário, acredito que eles fiquem ainda mais interessados ao saber que eu fui
atrás de tudo, me virei para realizar o meu sonho. Gosto de incentivá-los a
fazer o mesmo, porque acredito que esse seja o caminho para a felicidade.
Outras pessoas que se interessaram na minha história foram professoras do
ensino fundamental e médio, e os donos de livrarias. Mas é claro que existe um
lado ruim da publicação independente. Aí entra principalmente a questão da
distribuição. Eu mesma sou responsável por ela, o que restringe um pouco o
alcance dos meus livros. A forma mais fácil de adquiri-los ainda é pelo meu
próprio site na internet. Além disso, como tudo o que é relacionado ao livro
tem que passar por mim, eu acabo ficando um pouco sobrecarregada, e preciso me
desdobrar para me dedicar à parte mais importante: escrever.
8- Karen eu te admiro muito, não só por suas obras mas
também como pessoa, super simpática, carismática e está sempre em dia com os
fãs, respondendo perguntas e interagindo com eles, pra você como é essa relação
com o publico?
Nossa, é uma delícia! Cada
vez fica mais difícil de atender a todo mundo, mas eu dou meu máximo. Conheço
muitas pessoas que não gostavam de ler, compraram meus livros só porque me
conheciam e, por causa disso, acabaram se tornando verdadeiros ratos de
livraria. A leitura pode fazer uma diferença gigantesca na vida de uma pessoa,
e eu fico muito contente em fazer parte disso. Gostaria de semear a leitura
pelo mundo todo, e interagir com os leitores é um passo muito importante para
que todos a considerem uma paixão, e não uma obrigação. Além de ler, incentivo
os meus leitores a criarem suas próprias histórias também.
9- Para finalizar, quero dizer que me tornei uma
grande fã sua e estou sempre acompanho as suas novidades. Quero agradecer
imensamente pela entrevista e por sua simpatia, gostaria de pedir que
deixe aqui uma mensagem aos leitores.
Muito obrigada pelo convite, foi um
prazer enorme participar da entrevista! Aos leitores, convido todos a
conhecerem as Crônicas de Myríade, hahaha! Fora isso, pessoal, quero que todos
vocês saibam que não existe limite para os nossos sonhos. Se você planeja escrever
um livro, siga em frente! É uma tarefa difícil, mas a emoção de ver alguém
contando o que sentiu enquanto lia faz valer cada segundo de esforço. Mas nem
todo mundo tem esse sonho de escrever. Alguns querem seguir outros caminhos, e
não há nada de errado nisso. São todos caminhos de sonhos, de conquistas a
serem alcançadas. Não desistam! Acreditem em si mesmos! Mas nunca se esqueçam
dos nossos queridos livros! A leitura faz toda a diferença em nossas vidas,
então levem-na sempre com vocês.
Karen, mais uma vez agradeço pela entrevista e por sua simpatia !!!
facebook da série: https://www.facebook.com/CronicasDeMyriade?fref=ts
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