Entrevista com Karen Soarele

22 de abril de 2015

Karen é autora de literatura fantástica infantojuvenil, ilustradora, palestrante e podcaster . Seus livros foram adotados por escolas e clubes de leitura, o universo fantástico de Myríade encanta centenas de leitores. Junto com seu marido possui um estúdio de ilustração que desenvolve revistas de passatempo infantis e jogos para celular. A jovem de 26 anos prestou vestibular para direito mas mudou para publicidade e propaganda onde se formou e fez pós graduação em comunicação: linguagens, construção contextual e literatura. Não gosta de novela, mas adora filmes, gosta de jogos de vídeo game, tabuleiro e RPG,  isso contribui muito para a criação de seus personagens. Gosta de viajar, já visitou muitos países e deseja poder fazer uma viagem de volta ao mundo.

Karen quero te agradecer por ter concedido essa entrevista ao blog De Bem Com a Leitura!

1-  Karen você levou cerca de dez anos elaborando Línguas de Fogo, as Crônicas de Myríade, mas quando parou pra sentar e escrever, a história se desenvolveu de acordo com o que vinha planejando ou muita coisa mudou quando passou pro papel?
 Tudo mudou! Ou quase. Da primeira versão da história, ficou apenas a base de alguns personagens, como Aisling, sua avó (cujo nome ainda não foi revelado), Dharon, Marian e Desmond. Permaneceram detalhes como a idade, um pouco da personalidade e o relacionamento entre si. Mas a história de vida de cada um mudou absurdamente, assim como todo o relevo e o clima de Myríade, os reinos, a magia, tudo. Foram longos dez anos de planejamento, era esperado que isso acontecesse. A ideia inicial era simples demais, até um pouco previsível. Acredito que nesse período de pesquisa e criação eu pude amadurecer bastante o universo como um todo.
Mas pode ficar tranquila, que eu não vou levar dez anos para cada livro que for escrever! Desde 2012, quando lancei Línguas de Fogo, o primeiro da série, já publiquei o segundo, além de dois spin-offs. Esse ano sai o livro número três.

2- A amizade descrita em seu livro é sinônimo de lealdade, hoje em dia com o crescimento das redes sociais, onde se pode ter muitos amigos virtuais,você acha que ainda é possível que exista amizade assim?
 Amizades superficiais sempre existiram e sempre vão existir, elas não foram inventadas pela internet. E não há nada de errado com elas. É natural que tenhamos vários colegas e conhecidos, pessoas das quais gostamos, mas pelas quais não estaríamos dispostos a nos sacrificar. Amigos de verdade, daqueles que valem sua própria vida, são raros e preciosos. Eu acredito em amizade verdadeira. Mas ela requer muito cuidado, atenção, admiração e companheirismo.

3- Myríade é um continente dividido em cinco reinos com suas diferenças como seu povo, sua crença e seus costumes. Criar algo desse porte, acredito eu, deve dar um trabalhão, aja criatividade, quais foram suas maiores dificuldades ao escrever sobre essas diferenças entre os reinos ?
Haha, não é à toa que levou tanto tempo. Foram dez anos para formular Myríade, e eu te garanto que não passei todo esse tempo sentada na frente do computador, escrevendo. Foram anos de muita pesquisa. Minhas fontes de inspiração para criar esse universo foram muitas, desde viagens para outros países e muita, mas muita leitura, até mesmo conversas com pessoas interessantes. Trocar experiências é sempre muito enriquecedor. No final das contas, a parte mais difícil acaba sendo remover detalhes. Tem tantas ideias diferentes que eu gostaria de incluir em cada um dos povos de Myríade, mas nem tudo se encaixa, então é necessário simplificar.

4- Myríade é um “mundo” gigantesco e com inúmeras possibilidades, querer explorar mais esse universo, sem precisar sair do contexto,foi o que te motivou a escrever Pergaminhos Perdidos de Myríade?
Exatamente. São muitas as características de Myríade sobre as quais eu gostaria de escrever, e isso incharia demais a série. Por isso, optei por me ater ao que realmente tem ligação à história principal, e deixar outros lugares e personagens para serem explorados nos spin-offs. Mas tomei o cuidado de escrever de forma que o leitor possa escolher por onde prefere começar a leitura. Não é obrigatório que se tenha lido a série principal para compreender e aproveitar os livros avulsos. rte mais difícil acaba sendo remover detalhes. Tem tantas ideias diferentes que eu gostaria de incluir em cada um dos povos de Myríade, mas nem tudo se encaixa, então é necessário simplificar.

5- Karen atualmente novos escritores têm muitas dúvidas em relação ao registro e publicação da obra, seu canal no youtube e sua coluna no site, ajudam e muito novos escritores, mas nos conte porque resolveu abrir esse espaço para ajudar novos autores?
Registrar meu primeiro livro foi um processo um pouco confuso. Apesar de ter dado certo, enquanto esperava o certificado chegar eu fiquei ansiosa, me perguntando se tinha feito tudo corretamente. Por isso, decidi escrever um guia passo-a-passo, para que outros autores de primeira viagem não precisassem passar pelo mesmo que eu passei. Confesso que fiquei admirada com a quantidade de pessoas que comentaram no meu blog, fazendo perguntas em relação a direitos autorais. Isso me levou a fazer alguns vídeos tirando dúvidas. Com o passar dos anos, aprendi muita coisa e acumulei mais conteúdo para dividir com o pessoal. Publiquei mais dicas no blog e comecei a dar palestras em escolas. Eu gosto de compartilhar conhecimento, acredito que seja bom para todo mundo. Espero poder fazer mais vídeos em breve. Eu recebo todo tipo de pergunta no meu e-mail.


6- O mercado editorial é muito exigente, grandes editoras raramente publicam autores nacionais desconhecidos, em contra partida temos muitas prestadoras de serviço que se disponibilizam para publicar nacionais mas com um proposta contratual não tão favorável ao autor. Qual a sua opinião em ambos os casos?
É muito comum que os aspirantes a autores sonhem em ter seu primeiro livro publicado por uma grande editora. Inclusive, conheci alguns que tratavam com desdém os que eram auto-publicados. Isso é uma grande besteira. Apenas quando submete seu original para análise é que um autor começa a compreender como o mercado nacional funciona. As editoras são empresas privadas que precisam lucrar para sobreviver. Elas recebem uma tonelada de originais e, por motivos óbvios, preferem lançar no mercado aqueles que têm mais certeza de sucesso, como livros que tenham sido best-sellers no exterior ou que sejam assinados por brasileiros famosos.
Por outro lado, existem as editoras prestadoras de serviço, que são uma excelente opção para quem quer publicar sua primeira obra. Eu acredito na publicação independente. Se o autor realmente acredita em sua obra, faz sentido que esteja disposto a investir nela. No entanto, quando o autor paga pela publicação, ele assume papel de cliente, e precisa ter isso bem claro. Cabe a ele exigir que a editora ofereça um serviço de qualidade, compatível com a descrição do contrato. Além do mais, é necessário que se pesquise bastante. Existem prestadoras de serviço boas e ruins. O autor precisa ter paciência, não fechar logo com a primeira que aparecer pela frente, e investir algum tempo para aprender a separar o joio do trigo.

7- Quais foram os desafios que você encontrou sendo uma autora independente? e os benefícios? 
Ser autora independente é uma experiência muito enriquecedora. No início, pensei em contratar uma editora prestadora de serviços. Mas, depois de analisar uma série de propostas e de refletir a respeito do meu próprio perfil, decidi que ser completamente independente seria mais vantajoso para mim. Eu já tinha alguma experiência no mercado editorial, bastante bagagem em relação à parte gráfica, e contato com excelentes profissionais. Ser dona de empresa também foi muito útil, na hora de providenciar a documentação do livro. Sou uma pessoa muito crítica, principalmente comigo mesma, e isso certamente elevou a qualidade da publicação. Lançar o primeiro livro foi só o início de uma época incrível da minha vida, que fiz questão de complementar com cursos na área e muita leitura. O maior benefício foi o crescimento pessoal, sem dúvidas. Mas poder decidir tudo por conta própria também á uma sensação ótima.
Ser independente não foi um problema em relação aos leitores, pelo contrário, acredito que eles fiquem ainda mais interessados ao saber que eu fui atrás de tudo, me virei para realizar o meu sonho. Gosto de incentivá-los a fazer o mesmo, porque acredito que esse seja o caminho para a felicidade. Outras pessoas que se interessaram na minha história foram professoras do ensino fundamental e médio, e os donos de livrarias. Mas é claro que existe um lado ruim da publicação independente. Aí entra principalmente a questão da distribuição. Eu mesma sou responsável por ela, o que restringe um pouco o alcance dos meus livros. A forma mais fácil de adquiri-los ainda é pelo meu próprio site na internet. Além disso, como tudo o que é relacionado ao livro tem que passar por mim, eu acabo ficando um pouco sobrecarregada, e preciso me desdobrar para me dedicar à parte mais importante: escrever.

8- Karen eu te admiro muito, não só por suas obras mas também como pessoa, super simpática, carismática e está sempre em dia com os fãs, respondendo perguntas e interagindo com eles, pra você como é essa relação com o publico?
Nossa, é uma delícia! Cada vez fica mais difícil de atender a todo mundo, mas eu dou meu máximo. Conheço muitas pessoas que não gostavam de ler, compraram meus livros só porque me conheciam e, por causa disso, acabaram se tornando verdadeiros ratos de livraria. A leitura pode fazer uma diferença gigantesca na vida de uma pessoa, e eu fico muito contente em fazer parte disso. Gostaria de semear a leitura pelo mundo todo, e interagir com os leitores é um passo muito importante para que todos a considerem uma paixão, e não uma obrigação. Além de ler, incentivo os meus leitores a criarem suas próprias histórias também.

9- Para finalizar, quero dizer que me tornei uma grande fã sua e estou sempre acompanho as suas novidades. Quero agradecer imensamente pela entrevista e por sua simpatia, gostaria de  pedir que deixe aqui uma mensagem aos leitores.
Muito obrigada pelo convite, foi um prazer enorme participar da entrevista! Aos leitores, convido todos a conhecerem as Crônicas de Myríade, hahaha! Fora isso, pessoal, quero que todos vocês saibam que não existe limite para os nossos sonhos. Se você planeja escrever um livro, siga em frente! É uma tarefa difícil, mas a emoção de ver alguém contando o que sentiu enquanto lia faz valer cada segundo de esforço. Mas nem todo mundo tem esse sonho de escrever. Alguns querem seguir outros caminhos, e não há nada de errado nisso. São todos caminhos de sonhos, de conquistas a serem alcançadas. Não desistam! Acreditem em si mesmos! Mas nunca se esqueçam dos nossos queridos livros! A leitura faz toda a diferença em nossas vidas, então levem-na sempre com vocês.


Karen, mais uma vez agradeço pela entrevista e por sua simpatia !!!

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