[Resenha] Garota-Propaganda

7 de junho de 2023

 

Título: Garota-Propaganda
Autor: Veronica Roth
Editora: Planeta Minotauro
Páginas: 288
Ano: 2023
*Cortesia da editora
Sinopse: O que é certo é certo. Sonya Kantor conhece muito bem esse slogan.
Durante décadas, essa frase permeou o dia a dia de todos os habitantes da megalópole Seattle-Portland, controlada pelo regime autoritário da Delegação. A maior forma de controle, no entanto, vinha do Insight, um implante ocular que permitia acompanhar tudo o que era feito e dito pelos cidadãos, punindo os que saíam das regras e recompensando os que as seguiam.
Mas isso foi há muito tempo: uma revolução tirou a Delegação do poder, libertando todos da vigilância do Insight. Os membros mais importantes do antigo regime foram enviados para a Abertura, uma prisão isolada, e é lá que Sonya, antes a garota-propaganda oficial da Delegação, está presa há dez anos – e condenada à prisão perpétua.
Até que um velho inimigo aparece com uma proposta aparentemente irrecusável. Sonya deve encontrar uma garota desaparecida, roubada de seus pais pelos agentes da Delegação, e, em troca, ganhar a liberdade que antes parecia impossível. O caminho que Sonya percorre para achar a menina a conduz pelo estranho e tortuoso mundo pós-Delegação, em que segredos sobre si mesma e sobre sua família estão à espreita.
Resenha
Uma década atrás, o governo da Delegação terminou de forma drástica. Nesse processo, muitas pessoas morreram, e os membros mais importantes do deposto regime autoritário foram isoladas do resto do mundo, estão presos atualmente na Abertura, um enorme complexo com quatro pavilhões separados por duas ruas que se cruzam. Eles vivem nessa prisão com escassez de recursos básicos, recebem somente o necessário para continuarem vivos e são proibidos de terem novos filhos, todos os anos tomam injeções contraceptivas.

Na Abertura, quase não tem pessoas jovens e recentemente foi aprovado um ato no qual os filhos da Delegação (pessoas que entraram lá quando eram ainda crianças) podem ser libertados. Mas Sonya tinha 17 anos quando foi presa na Abertura, agora ela está com 27 anos, talvez o ato não sirva para ela. E tem um agravante, Sonya era o rosto da Delegação, era a sua garota-propaganda.
Quando Sonya nasceu a Delegação já estava no poder, ela não conheceu o mundo antes e tudo o que sabe é a forma como foi ensinada a se comportar, a agir e a pensar. Ela foi moldada para ser uma garota exemplar, todas as suas ações visibilizavam obter lucro com DesMoeadas e evitar infrações que a fizessem receber grandes punições. Mesmo agora, dez anos depois da queda desse governo, ela ainda não conseguiu se desvencilhar totalmente da doutrina e acredita fervorosamente que a delegação era boa para as pessoas.

O atual governo, o Triunvirato, tem suas próprias regras e abomina todas as práticas da Delegação, mas também é um governo cheio de falhas e há grupos perigosos de resistência que são totalmente extremistas. Uma das leis da Delegação  era que as famílias só pudesse ter um filho, qualquer família que fosse pega com dois filhos seria punida e o segundo filho era retirado dos pais e entregue para adoção. Agora, o Triunvirato está devolvendo os menores de idade às suas famílias de origem. Quase todos já foram encontrados e devolvidos, mas ainda há uma garota desaparecida.
Sonya recebe uma proposta, se conseguir encontrar a garota poderá sair da Abertura. Sem ter o que perder a jovem aceita, ela tem um passe livre para entrar e sair da abertura e para agir como quiser do lado de fora, desde que seus esforços sejam para encontrar Grace Ward. Então Sonya começa a investigar e as coisas que ela vai descobrir abalam todas as suas certezas.
Minha impressão
Garota-Propaganda é uma distopia complexa, com uma trama impactante e personagens fascinantes. É impossível ler e não se sentir dentro da história, se indignar com o extremismo ou com a submissão, não ficar ansioso para revelar todas as camadas que a autora inseriu e descobrir o que, de fato, aconteceu com a jovem desaparecida. Para mim, a leitura seguiu um ritmo mais lento, e isso não quer dizer, de forma alguma, que não tenha sido envolvente! Pelo contrário, me envolvi completamente, mas precisava ler devagar para absorver tudo o que estava acontecendo.

Sonya era o rosto nos cartazes de campanha da Delegação, todos a conheciam aonde quer que ela fosse. Com a queda do regime autoritário, ela e outros membros importantes do governo foram presos na Abertura para sempre. Dez anos já se passaram e agora ela tem a possibilidade de ser libertada, para isso, deverá encontrar uma garota desaparecida que foi arrancada de seus pais anos antes pelos agentes da Delegação.

Quando sai da Abertura para investigar, Sonya começa a descobrir coisas que vão contra tudo aquilo que ela sempre acreditou, suas certezas ficam abaladas, suas convicções falham. Ela está diante de duas grandes vertentes e não tem ideia de por qual caminho deve seguir. Não sabe quem está falando a verdade, não sabe mais o que é o certo ou o errado. A única coisa que a faz continuar é a busca por Grace Ward e isso vai além de conseguir a sua liberdade, a motivação vem de muito antes de estar presa na Abertura.

As reviravoltas desse livro me pegaram totalmente de surpresa, eu não imaginava que a trama seguiria por esse rumo e fiquei chocada com todas as revelações. Veronica Roth escreveu uma história extraordinária e assustadora ao vermos do que as pessoas são capazes para conseguirem aquilo que querem. Uma leitura que nos faz refletir e questionar sobre muitos assuntos como: tecnologia e o uso que fazemos dela, solidão, política e culturas sociais. Um livro marcante!

Minha nota para o livro


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