[Resenha] A Camareira

11 de abril de 2022

Título: A Camareira
Autor: Nita Prose
Editora: Intrínseca
Páginas: 336
Ano: 2022
*Cortesia da editora
Sinopse: Molly Gray não é como todo mundo. Ela luta com habilidades sociais e interpreta mal as intenções dos outros. Sua avó costumava interpretar o mundo para ela, codificando-o em regras simples pelas quais Molly poderia viver.
Desde que vovó morreu, há alguns meses, Molly, de 25 anos, tem navegado pelas complexidades da vida sozinha. Não importa - ela se joga com gosto em seu trabalho como empregada de hotel. Seu caráter único, juntamente com seu amor obsessivo por limpeza e etiqueta adequada, fazem dela a pessoa ideal para o trabalho. Ela se delicia em vestir seu uniforme engomado todas as manhãs, abastecer seu carrinho com sabonetes e garrafas em miniatura e devolver os quartos de hóspedes do Regency Grand Hotel a um estado de perfeição.
Mas a vida ordenada de Molly é revirada no dia em que ela entra na suíte do infame e rico Charles Black, apenas para encontrá-la em um estado de desordem e o próprio Sr. Black morto em sua cama. Antes que ela saiba o que está acontecendo, o comportamento incomum de Molly faz com que a polícia a tenha como principal suspeita. Ela rapidamente se vê presa em uma teia de engano, que ela não tem ideia de como desembaraçar. Felizmente para Molly, amigos que ela nunca soube que tinha se unem a ela em busca de pistas sobre o que realmente aconteceu com o Sr. Black - mas eles serão capazes de encontrar o verdadeiro assassino antes que seja tarde demais?

Um mistério parecido com uma pista, uma sala trancada e uma emocionante jornada do espírito, A camareira explora o que significa ser igual a todos os outros e ainda assim totalmente diferente - e revela que todos os mistérios podem ser resolvidos através da conexão com o coração humano.

Resenha
“Sou sua camareira. Sei muita coisa sobre você. Mas, afinal, o que você sabe sobre mim?”
Molly Gray é a camareira de um importante hotel, ela tem a capacidade de ir e vir sem ser notada. De entrar nos quartos, observar a intimidade dos hóspedes, ver e ouvir coisas que as pessoas pensam que ninguém está prestando atenção. Ela conhece as pessoas muito mais do que imaginam. E para Molly, ser invisível não é um problema, para ela está tudo bem.

Molly tem grandes dificuldades de interação social, não consegue discernir quando estão rindo dela ou com ela. Não sabe o que falar, não sabe como agir, fica nervosa. Então acaba falado coisas que fazem as pessoas zombarem dela. Seu comportamento é visto como antiquado, dizem que ela tem a alma de uma velha, mas Molly foi educada pela sua avó para ser um exemplo de educação e etiqueta. Molly é a funcionária mais dedicada do hotel, busca a perfeição. E ser camareira é o que ela gosta de fazer, não quer mais nada. Sente-se como parte da decoração do hotel e está satisfeita com isso.
Há algum tempo ela vem tentando lidar com a vida e as pessoas sozinha, sua querida e estimada avó morreu e a deixou sem ninguém. Molly não tem mais a quem pedir conselhos, ninguém que possa dizer o que é certo ou errado. Então ainda está tentando se encontrar na sociedade, que é cruel com pessoas diferentes como Molly. E a vida dela vira do avesso quando entra em um dos quartos para fazer a sua magia da limpeza e encontra um cadáver.

O Sr. Black é era um importante empresário que se hospedava no hotel frequentemente. Ele e sua esposa Gisele, que é a segunda Sra. Black, já que o falecido havia se divorciado e casado novamente. Ao entrar no quarto, o olhar apurado de Molly identifica alguns pontos que indicam que o homem não morreu de causas naturais e que alguém tentou matá-lo. Mas do momento em que ela entra no quarto até a polícia chegar, ainda há mistérios. Foi ela que o encontrou. A primeira pessoa a ter acesso a cena do crime. O que Molly poderia ter feito nesse ínterin? E, o mais importante é possível confiar no testemunho dela?
Em um primeiro momento, Molly é vista como testemunha, a polícia quer apenas a sua ajuda para dizer tudo o que viu ao entrar no quarto. No entanto, com o passar dos dias, as coisas mudam e ela passa a ser suspeita do assassinato do Sr. Black. Além do mais, Molly foi envolvida sem saber em um esquema ilegal. Seu coração bondoso não permitiu que ela enxergasse a maldade por trás das ações de pessoas que se dizem suas amigas. Ela está cada vez mais presa na teia de segredos que a cerca. É muita sujeira para que a simples camareira possa limpar.

Mas ainda há pessoas que querem o seu bem e que vão sair em sua defesa, pessoas que ela nunca poderia imaginar que a defenderiam tão intensamente. Molly precisa de toda ajuda possível, ela está envolvida demais e evidências só apontam para ela. Seria Molly tão ardilosa ao ponto de enganar a todos dessa forma? Teria fingido por tanto tempo? Alguns de seus colegas de trabalho não hesitam em falar seus pontos negativos para a polícia, jogando-a cada vez mais no centro da investigação. Molly não sabe como agir, sua dificuldade de interação a tornam a suspeita em potencial que a polícia acredita que ela é. É preciso agir rápido ou será tarde demais.
Minha impressão
A Camareira é um suspense que envolve o leitor desde o começo e segue esse ritmo até o final. A autora consegue manter o mistério até o último minuto, quando acreditamos que tudo já foi resolvido somos surpreendidos. A história que Nita Prose nos entrega é fascinante, impossível ler e não ficar curioso, ansioso para desvendar todos os segredos dessa trama.

Molly é uma personagem que desperta em nós um instinto de proteção, queremos protegê-la da maldade que a cerca. Ela é inocente, enxerga o mundo de uma maneira única e tem uma imensa dificuldade de interação social. Ela não consegue interpretar as ações das pessoas, confunde o que as pessoas querem dizer, não sabe entender os muitos sorrisos que alguém pode dar em situações distintas... e a cada dia sofre com isso. Ela é um motivo de piada para os outros, ainda que seu bondoso coração não a deixe perceber.

A vida pacata e organizada de Molly entra em colapso quando ela vai limpar um dos quartos e se depara com a cena de um crime. Um dos importantes empresários que frequenta o hotel foi morto em seu quarto e, rapidamente, Molly passa de testemunha a suspeita. A polícia está certa de que Molly matou o Sr Black e fará de tudo para prendê-la. E com a morte dele, outras sujeiras que permeiam o hotel estão vindo à tona. O pior é que Molly, sem nem saber, está no meio de tudo isso. É sujeira demais para que Molly possa dar conta de limpar sozinha. Ela vai precisar de ajuda e terá de agir rápido. Seguir cada pista, entender o que está por trás do assassinato do Sr. Black.

A Camareira se tornou um dos meus favoritos do ano. Mais que isso, um dos meus preferidos do gênero. 

Minha nota para o livro

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