O Amor, Meu Amor
Nosso amor é impuro
como impura é a luz e a águae tudo quanto nasce
e vive além do tempo.
Minhas pernas são água,
as tuas são luz
e dão a volta ao universo
quando se enlaçam
até se tornarem deserto e escuro.
E eu sofro de te abraçar
depois de te abraçar para não sofrer.
E toco-te
para deixares de ter corpo
e o meu corpo nasce
quando se extingue no teu.
E respiro em ti
para me sufocar
e espreito em tua claridade
para me cegar,
meu Sol vertido em Lua,
minha noite alvorecida.
Tu me bebes
e eu me converto na tua sede.
Meus lábios mordem,
meus dentes beijam,
minha pele te veste
e ficas ainda mais despida.
Pudesse eu ser tu
E em tua saudade ser a minha própria espera.
Mas eu deito-me em teu leito
Quando apenas queria dormir em ti.
E sonho-te
Quando ansiava ser um sonho teu.
E levito, voo de semente,
para em mim mesmo te plantar
menos que flor: simples perfume,
lembrança de pétala sem chão onde tombar.
Teus olhos inundando os meus
e a minha vida, já sem leito,
vai galgando margens
até tudo ser mar.
Esse mar que só há depois do mar.
(Mia Couto)
Achei tão fofo esse poema .
ResponderExcluirParabéns pelo blog, amei 😍
Meu, que coisa mais linda essa poesia.
ResponderExcluirNão sei quem é Mia Couto, mas merece meu parabéns!
Amei <3
Como não amar Mia Couto? eLe é sensacional. Gostei da poesia, não conhecia e me identifiquei. A primeira estrofe já vem lacrando, o amor impuro, o amor com erros, que aprende, remenda, quebra, cola.
ResponderExcluirQue linda essa poesia! É muto amorzinho!
ResponderExcluirAdoro os escritos da Mia Couto e esse ficou lindo demais!
beijinhos!
Oi Bia!!
ResponderExcluirQue poesia mais linda!!
Não conhecia a Mia, mas vou procurar outras poesias dela!
Bjs
Olá flor...
ResponderExcluirQue poesia linda <3
Adorei, parabéns!
Abraços