Com personagens descritos com mestria, Conceição Evaristo nos apresenta à histórias que podem até ser ficcionais, no entanto elas não estão longe da realidade. É uma leitura dolorosa e ao final de cada conto o aperto no peito se intensifica, a dor cresce. Alguns são mais fortes que os outros e todos eles abrem um buraco em nosso coração.
É uma escrita simples e intimista, que nos aproxima dos personagens como se os conhecêssemos e isso faz com que nos envolvamos de tal forma que sofremos com eles e sentimos suas dores. A autora não nos dá momentos de alívio, conto após conto nós vamos percebendo o coração sangrar mais por entender que as situações presentes na obra acontecem de verdade todos os dias. É um grande tapa na cara da sociedade que escancara todas as feridas de um sistema falho. Meninas, mulheres, famílias que são abandonadas à própria sorte, marginalizadas, sofrem violência, abuso, racismo, passam fome.
Todas as histórias mexeram comigo e me impactaram de alguma forma, mas para mim a que mais feriu e me fez chorar, precisando parar e respirar antes de retomar a leitura, foi Maria. Uma mulher que precisa criar sozinha seus filhos, o marido a abandonou e ela trabalha na casa de uma família rica que dá a ela as sobras. Ela estava levando melão para casa, ansiosa para os filhos provarem a fruta pela primeira vez. Maria é mulher negra, pobre, que só queria chegar em casa, mas o ônibus em que estava foi assaltado e ela tem que lidar com as consequências de atos que nem são seus.
Fica aqui a minha recomendação















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