[Resenha] Pátria que Pariu

29 de maio de 2023

 

Título: Pátria que Pariu (Livro #1)
Autor: Nielson Pimentel
Editora: Kotter Editorial
Páginas: 376
Ano: 2022
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Sinopse: Em PÁTRIA QUE PARIU, o novo livro de Nielson Bomfim Pimentel, tenta realizar uma discussão, principalmente sobre a desigualdade econômico/social, usando as histórias de cada personagem, rotinas e realidades, que, apesar de tão distintas, se relacionam diariamente. O romance tenta fazer um estudo abordando as personalidades bem intimamente, evidenciando prazeres, defeitos, medos e crenças, expondo as decisões e atitudes através de problemas que vão levar o leitor a refletir sobre o que é certo e errado e qual atitude tomaria estando na mesma situação, além de debater sobre a realidade brasileira e como um país pode ser tão oposto às pessoas tão próximas, como um muro, um CEP, uma etnia ditam o quão difícil será seu viver e sobreviver, mesmo num país que, teoricamente, todos são iguais perante a lei. Portanto, a leitura deste livro não será agradável, e nem tenta sê-lo, pelo contrário, tenta instigar, incomodar e tirar o leito de sua zona de conforto, gerando o debate necessário para tentar mudar a realidade, ou não, dos que o lerem.
Clara, uma linda jovem, é brutalmente assassina pelo companheiro, deixando um casal de gêmeos sob a responsabilidade de Iraci, mãe da vítima e com quem tinha relações estremecidas. Porém, a pobreza e a dificuldade de criar duas crianças obrigam a avó a tomar decisões questionáveis, principalmente quando usa os netos para manipular Helena e Roberta, suas patroas, que desejam adotar para construir uma família.
Resenha
Isolada de tudo e de todos, Clara vive em sua prisão: o casamento. Morando na periferia e tendo como marido um criminoso, a jovem tenta fazer de tudo para que ele não se irrite ou ela sofrerá as consequências, a extrema pobreza cerca a família e ela, mãe de gêmeos ainda tão pequenos, sonha com um futuro diferente para os filhos, no entanto, não terá a oportunidade de vê-los crescer.

Clara é brutalmente assassinada pelo marido que foge do local sem se importar com os filhos, deixando-os sozinhos com o corpo da mãe por dias. Quando finalmente são resgatados o serviço social os entrega para a avó materna, Iraci, e começa uma nova etapa na vida das crianças, que vão servir como moeda de troca e objeto de desejo incontrolável de uma mulher rica que sonha em ser mãe.
O relacionamento de Clara com a mãe não foi dos melhores e quando a jovem engravidou foi expulsa da casa dos pais fanáticos religiosos, mas que dentro de casa viviam em hipocrisia. A família cresceu sob as ameaças do pai que espancava os filhos e a esposa ao menor sinal de incômodo ou de desobediência, tudo com a desculpa de que os estava corrigindo segundo o evangelho.

Iraci casou-se cedo e viu a sua vida se desmoronar com o passar dos anos e a família mal estruturada afundar cada vez mais, nenhum de seus filhos teve uma vida decente. Um entrou para o crime e foi assassinado; Clara, na tentativa de fugir da pobreza, seduzia homens casados buscando engravidar para usar chantagem e acabou presa a um bandido que a assassinou; A outra filha fugiu de casa para não ser morta pelo pai e nunca mais deu notícias. E o marido vive como um inútil dentro de casa rendendo-se à bebida e usando a perna amputada como desculpa para não correr atrás de uma vida melhor.
Iraci trabalha para um casal de lésbicas que são muito ricas e mesmo tendo preconceito com a vida das patroas ela gosta de trabalhar como empregada doméstica na casa delas. Quando Clara morre e Iraci é obrigada a cuidar dos netos gêmeos ela enxerga a oportunidade de mudar sua condição, pretende manipular as patroas para adotarem as crianças e, assim, conseguir algumas regalias e estabilidade financeira, podendo abandonar o traste do marido e sair da periferia.

As patroas logo se encantam pelas crianças e Helena pretende fazer qualquer coisa para ter a tão sonhada família. Roberta é juíza e pode mexer alguns pauzinhos, mesmo tendo um passado que a assuste em relação a ter filhos, ela quer agradar a esposa e as duas vão colocar em prática um plano para ter os gêmeos.
Minha impressão
Pátria que Pariu um livro nacional que aborda questões socioeconômicas, religiosas, vícios e explora a fundo o preconceito vivido por um casal lésbico. É uma leitura difícil por trazer assuntos tão atuais de forma detalhada, o autor nos leva para dentro de realidades completamente diferentes e escancara a desigualdade de pessoas de diferentes classes, mostra seu cotidiano e as consequências que cada classe social tem em relação a erros cometidos dentro ou fora da lei.

O livro já começa com uma cena impactante que nos mostra que a leitura vai ser intensa, a m0rt3 da mãe dos gêmeos é angustiante e ver que a vida deles dali para frente não melhora muito deixa tudo muito pior. A avó materna, Iraci, que vai tomar conta deles só pensa em si mesma e no quanto pode lucrar se barganhar os netos com as patroas ricas.

De um lado vemos Iraci tentando manipular as patroas para adotar as crianças, do outro lado vemos Roberta e Helena querendo enganar Iraci para roubar os netos dela. É nesse contexto que o autor levanta mais uma questão, o que deve acontecer com os gêmeos? Com quem eles devem ficar? As patroas podem dar a eles uma condição financeira melhor e dar oportunidades que morando com a avó eles jamais teriam, entretanto, a vida delas é regada a hipocrisia e elas usam de sua condição social para obter privilégios à margem da lei.

Já Iraci é uma mulher de pensamentos retrógados, extremamente preconceituosa e egoísta, ela começa a desenvolver certo amor pelos netos e temer o futuro que eles podem ter morando com um casal homossexual e não sabe mais se deixar que as patroas os adotem pode ser o melhor.

O final, meus amigos, o final é surpreendente e quando terminei de ler eu não sabia de mais nada! Felizmente, teremos um segundo livro que promete trazer respostas e estou ansiosa para ver o que vai acontecer!

Minha nota para o livro

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