[Resenha] Favores Vulgares - A História Real do Homem que Matou Gianni Versace

Título: Favores Vulgares - A História Real do Homem que matou Gianni Versace
Autor: Maureen Orth
Editora: Vestígio
Páginas: 448
Ano: 2018
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*Cortesia da editora

Sinopse: A história real da caçada que inspirou American Crime Story: O Assassinato de Gianni Versace, a segunda temporada da aclamada série do canal FX.
Em 15 de julho de 1997, Gianni Versace foi morto a tiros nos degraus da entrada de sua mansão em Miami Beach pelo serial killer Andrew Cunanan. Mas, meses antes do assassinato de Versace, a premiada jornalista Maureen Orth já vinha investigando a história de Cunanan para a revista Vanity Fair. Escrito a partir de uma seleção de entrevistas com mais de 400 pessoas e insights obtidos de milhares de páginas de relatórios policiais, Favores vulgares conta a história completa de Andrew Cunanan, suas vítimas inadvertidas e o mundo opulento em que elas viveram… e morreram. Orth revela como Cunanan conheceu Versace e a razão pela qual a polícia e o FBI falharam repetidamente em capturá-lo. Esta é uma odisseia impossível de largar, que atravessa os Estados Unidos desde a rica comunidade gay da Califórnia aos modestos lares do Meio-Oeste, onde famílias se condoíam pela perda de seus filhos, chegando a uma decadente South Beach, na Flórida.
Favores vulgares é ao mesmo tempo uma obra-prima do jornalismo investigativo e um fascinante relato sobre um sociopata, seus crimes e os mistérios que ele deixou para trás.

Resenha

Gianni Versace, um dos maiores estilistas de todos os tempos, foi assassinado nos degraus da sua mansão, em 15 de julho de 1997. Andrew Cunanan o matou a luz do dia, diante de algumas testemunhas, e saiu andando tranquilamente pelas ruas de Miami Beach. Mas esse não era o seu primeiro assassinato e ele vinha sendo procurado pela polícia e pelo FBI, no entanto, as investigações estavam cheias de furos e foram negligenciadas desde o começo.

Favores Vulgares nos conta a história de Andrew Cunanan, como foi a sua infância e como se tornou o serial killer que atravessaria o país deixando vítimas pelo caminho. Nascido em uma família conturbada, Andrew cresceu em um ambiente violento ao mesmo tempo em que era mimando pelos pais. Foi uma criança muito bonita e chamava atenção por onde passava, criado como especial ele realmente acreditava ser diferente e queria sempre o melhor, o mais caro, queria estar em evidência e a ganância crescia cada vez mais.

Desde cedo Andrew aprendeu a mentir para conseguir aquilo que queria e passava às outras pessoas uma imagem completamente diferente da sua realidade. Começou com pequenas mentiras e a coisa foi se agravando com o passar do tempo, chegou ao ponto de Andrew assumir outras identidades e viver a partir delas como se fossem verdade. Com os anos ele conheceu o submundo da homossexualidade e se envolveu com drogas pesadas e sexo violento, o sadomasoquismo (não sei dizer se na época o termo BDSM era usado, este ganhou força mesmo a partir da década de 90) despertava um enorme interesse nele.

“Os anos de mentira patológica, combinados com seu uso habitual de metanfetamina e vício em pornografia violenta, deixaram Andrew perigosamente desequilibrado por baixo de várias camadas de fingimento envernizado. O momento em que Andrew perdeu as esperanças e pegou o martelo englobava não apenas toda a sua inveja e autocomiseração, mas também sua vontade a sangue frio de continuar a enganação. Ele manteria a máscara.”

E não é por se envolver com o sadomasoquismo ou por ser gay que Andrew se tornou um monstro cruel, não foi isso que eu disse e não é a ideia que o livro transmite, mas para entrar em sua mente e entender o porquê dos crimes era preciso avaliar sua personalidade e investigar a fundo cada um de seus passos. Trabalho este que a polícia e o FBI deveriam ter feito e não fizeram. A autora deste livro, Maureen Orth, antes mesmo do assassinato de Versace, já investigava Andrew e relatou nas páginas desta obra os furos cometidos pelos responsáveis pelo caso. Erros bobos (que eu jamais saberia, obviamente, mas pessoas experientes e treinadas para resolver casos como esse deveriam saber) foram cometidos e se o FBI tivesse um pouco mais de atenção essa história poderia ter sido diferente.

O final inesperado dessa caçada pode ter sido conveniente para muita gente, teria Andrew Cunanan se suicidado ou sido silenciado? As circunstâncias em que seu corpo foi encontrado apontavam um suicídio, porém fatos duvidosos não paravam de surgir. Novamente, as investigações deixaram a desejar e o caso foi encerrado mesmo com tantos questionamentos.

“A morte de Andrew foi um alívio tão grande para as forças policiais envolvidas que quase todas elas, especialmente o FBI, correram para fechar o caso. ‘Morto é morto, e o que foi feito está feito’, Scrimshaw falou cinicamente. ‘Eu acho que Cunanan foi usado – eu acho. Não tem nada no nosso relatório que afirme isso. Se eu não posso comprovar, então não entra’”.

A ligação entre Andrew e Versace não foi comprovada, os responsáveis pelo caso não foram capazes de explicar o assassinato do estilista, o ato foi friamente calculado e Cunanan executou seu plano da maneira que queria, mas ninguém soube responder a principal pergunta: Por quê?

Andrew era uma pessoa invejosa, almejava o estilo de vida dos famosos e queria estar entre os ricos, no meio de todo o glamour, gabava-se de conhecer Versace, mas nenhum de seus amigos e conhecidos sabe dizer se isso era uma verdade, já que a mentira era constante para ele. Andrew sentia-se igual a Versace e ressentia-se por não ter tido a mesma sorte que ele.

Minha impressão

Embora romance policial seja o meu gênero literário preferido eu ainda não havia lido um livro de jornalismo investigativo e essa minha primeira experiência foi excelente. Senti um pouco de dificuldade no começo devido a tantos detalhes sobre os personagens que apareciam, mas depois me acostumei e achei a leitura viciante. É curioso porque já sabemos o que aconteceu, mas poder ver “os bastidores” da investigação é muito interessante.

Favores Vulgares traz detalhes da vida de Andrew e suas vítimas, a autora entrevistou muitas pessoas diretamente envolvidas e através delas reuniu informações para compor a obra, se a polícia ou o FBI tivessem tido essa mesma atenção possivelmente teriam evitado alguns assassinatos, as pistas que eles tinham à disposição não foram devidamente trabalhadas e ninguém se propôs a estudar a personalidade de Cunanan ou solicitar ajuda à Comunidade Gay (que se manteve o tempo todo disposta a ajudar). As conversas que a autora teve foram extremamente reveladoras.

O caso é mundialmente famoso, mas ver as coisas assim tão de perto é surpreendente. O livro inspirou a segunda temporada da série American Crime Story: O Assassinato de Gianni Versace (Canal FX). Ainda não tive a oportunidade de assistir à série e estou curiosa para conferir a adaptação. 

Minha nota para o livro