[Resenha] O peso do sangue

7 de setembro de 2025

 Título: O peso do sangue || Autor: Michelle Nepomuk

Editora: Publicação independente || Páginas 427 || Ano:2025

Resenha

Treze anos atrás, uma tragédia mudou para sempre a vida de três irmãos. Eles foram os sobreviventes de um massacre que nunca teve solução e, desde então, precisam lidar com os traumas daquele dia... mas não só isso, a família já era quebrada muito antes do massacre.

Começando pelo avô, Friedrich, e seus ideais nazistas. Um homem que mantinha a família sob regras rígidas e não aceitava manchas na sua imaculada reputação, nem mesmo se ela viesse de pessoas que carregassem o seu sangue.

O pai, Heinrich, foi o filho perfeito, aquele adorado pelo seu comportamento exemplar e traços alemães marcantes, exatamente como deveria ser. Heinrich, tal qual seu pai, tinha dentro de si a crueldade e a passou através de uma herança genética maldita.

E é nessa família de pessoas ruins que nasce Heinz, o bastardo de Heinrich. Quando a mãe dele morreu, seu pai foi obrigado a assumir a responsabilidade pelo filho e o jogou aos cuidados do avô,  já fragilizado pelos anos e com a mente em declínio.

Heinz cresceu seu qualquer tipo de afeto e foi criado a mãos de ferro. Seu pai o odiava tanto quanto o Heinz o odiava, era uma relação marcada por dor e o menino ansiava para ir embora na primeira oportunidade que tivesse. Heinrich teve outros filhos, os irmãos de Heinz tentavam se aproximar, mas ele limitava a aproximação e só permitia mais intimidade com a irmã mais nova, Saskia.

Heinz e Saskia eram inseparáveis, os outros irmãos, Peter e Elena, ficavam de fora e havia algumas desavenças entre eles, a prole de Heinrich. Quando a família estava por um fio, foram surpreendidos pelo massacre e somente Elena, Saskia e Heinz sobreviveram. Agora, treze anos depois, são obrigados a voltar àquele inferno, pois o corpo do pai foi encontrado.

Minhas impressões

Segredos perigosos e desejos proibidos fundamentam a trama de O peso do sangue. Uma família disfuncional que tem em seu âmago a maldade pura e genuína é assolada por um massacre sem solução.

Treze anos se passaram desde aquele terrível dia e os irmãos sobreviventes nunca mais foram os mesmos. Heinz e Saskia romperam completamente os laços e Elena é o único elo entre eles. Heinz acusa o pai de ter matado a família e fugido com o filho, mas sua teoria se desfaz quando o corpo de Heinrich é encontrado decaptado.

Os irmãos são obrigados a voltar e as investigações são retomadas. Dessa vez, a polícia faz uma estranha conexão do massacre da família com o desaparecimento de algumas crianças na época. Mas o que um assassino de meninos teria visto na familia para mudar seu foco e tentar eliminá-los? Qual a relação entre tantas tragédias? E onde estão os corpos que faltam? Essas e muitas outras perguntas vão surgindo e as respostas são tenebrosas. 

Esse é meu segundo livro da autora e eu gostei ainda mais dele, ela trouxe uma trama repleta de segredos e drama familiar, e não nos poupa de detalhes sórdidos. Eu havia criado algumas teorias e errei todas elas, o final foi ainda mais surpreendente do que eu poderia ter imaginado!

Adorei o desfecho e as descobertas, mas um único ponto me deixou desconfortável. Um casal que se forma no meio do caos e da dor, com um passado de feridas e uma dependência doentia de um pelo outro, mesmo depois de algo muito ruim tê-los marcado. Porém, entendo que é para causar estranheza mesmo, incomodar, e a autora faz isso muito bem.

A trama se divide entre passado e presente. No passado, vemos como as coisas foram se moldando e como a família já estava destruída antes do massacre. No presente, vemos a investigação avançando e acompanhamos os irmãos lidando com os traumas. 

Quem gosta de Charlie Donlea, Robert Bryndza, Harlan Coben, Angela Marsons e Anne Holt precisa dar uma chance a esse livro, vai se surpeender também.

/Publi 



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