Meia Lágrima
Não,a água não me escorre
entre os dedos,
tenho as mãos em concha
e no côncavo de minhas palmas
meia gota me basta.
Das lágrimas em meus olhos secos,
basta o meio tom do soluço
para dizer o pranto inteiro.
Sei ainda ver com um só olho,
enquanto o outro,
o cisco cerceia
e da visão que me resta
vazo o invisível
e vejo as inesquecíveis sombras
dos que já se foram.
Da língua cortada,
digo tudo,
amasso o silencio
e no farfalhar do meio som
solto o grito do grito do grito
e encontro a fala anterior,
aquela que emudecida,
conservou a voz e os sentidos
nos labirintos da lembrança.
Conceição Evaristo
(no livro “Poemas da recordação e outros movimentos”. Belo Horizonte: Nandyala, 2008.)
Olha meu bem eu tenho que lhe ser sincera. eu não suporto poesia, fui obrigada por muito tempo no colégio a estudar essa literatura e hoje eu simplesmente não suporto, mas mesmo assim obrigada pelo lindo conteúdo.
ResponderExcluirBeijos
Olá, tudo bem? Que poema mais lindo!!! Eu já disse que amo ler poesias? Hahahaha. Ainda não conhecia o autor nem o livro, mas já fiquei louca para ler.
ResponderExcluirBeijos,
Duas Livreiras
tai uma autora que ouço muito falar, que vejo trechos de suas obras mas ainda não li nada porém quero muito!! amei a poesia e não esperava nada menos impactante de uma autora de tamanho peso.
ResponderExcluirOi Beatriz, obrigada por compartilhar conosco esse poema, eu tenho muita vontade de ler as obras da autora e amei começar por esse poema.
ResponderExcluirOlá,
ResponderExcluirEu sou uma pessoa muito devagar para poema rs então na real não sei se entendi.
Porém sempre bom estar informada sobre assuntos diversos.
Debyh
Eu insisto
Oi!
ResponderExcluirMuito legal essa iniciativa de instigar a poesia. Eu gosto e me identifico com alguns, esse particularmente tem uma linguagem de fácil compreensão e é lindo.
Beijos!