Título: Filhos de Nazistas
Autora: Tania Crasnianski
Editora: Vestígio
Páginas: 240
Ano: 2018
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*Cortesia da editora
Esse livro relata com detalhes a vida familiar dos homens mais odiados do mundo e como seus filhos reagiram após terem o conhecimento de quem realmente eram os seus pais. É quase inacreditável que aqueles homens monstruosos pudessem ter uma vida tão tranquila, tão comum, ao mesmo tempo em que eram capazes de ações tão atrozes.
Quando aconteceu a Segunda Guerra Mundial, os filhos dos líderes nazistas eram crianças ou adolescentes e não tinham conhecimento do trabalho dos pais. Algumas crianças visitaram campos de concentração, mas nada entendiam. Os filhos do comandante de Auschwitz, Rudolf Höss, sempre moraram perto dos campos e tinham contato direto com os prisioneiros que eram criados de sua família. O livro mostra uma cena em que a pequena Brigitte queria comer morangos e a mãe alerta que é preciso lavá-los antes, pois estão cobertos de pó pretos e têm cheiro de cinzas. Os morangos estavam, na verdade, cobertos com as cinzas que chegavam de Auschwitz.
Rolf passou anos sem contato com o pai, que fugiu para o Brasil (antes passou por Argentina e Paraguai) e morou em uma periferia de São Paulo. Só após 21 anos é que concordou em se encontrar com ele e a sua viagem durou muito tempo de planejamento para despistar os caçadores de nazistas. Foi o único que teve a chance de confrontar o pai e descobriu que este não guardava qualquer remorso, pelo contrário, continuava convicto de ter feito um bem aos judeus (pois os que escolhia para os experimentos tinham a chance de viver, enquanto outros eram mandados diretamente para a morte, dizia ele).
Muitos desses homens cruéis não foram capazes de reconhecer as suas próprias ações como desumanas, Höss, por exemplo, acreditava que a câmara de gás era um meio menos sofrido de morrer (mas também via como algo mais aceitável de se ver, não havia banho de sangue, "só" um monte de corpos empilhados). A maioria dizia apenas ter cumprido as ordens de Hitler, muitos - mas não todos - de seus descendentes e familiares assumiram essa postura e ainda hoje os defendem.
Para a minha surpresa, muitos filhos sentem orgulho dos feitos de seus pais e defendem a todo custo os ideais do nacional-socialismo. E eles não são os únicos, existem jovens neonazistas que se reúnem com os veteranos em assembleias cujo objetivo é a exaltação da raça ariana. Nessas reuniões os dirigentes do nazismo são louvados, são vistos como vítimas. Há também grupos e associações de apoio aos prisioneiros e acusados nos processos depois da guerra.
A autora fez um enorme trabalho de pesquisa, ela mesma é descendente de um ex-oficial, o livro é muito bem fundamentado e ao final da obra estão notas, fontes em arquivos e bibliografia geral. É uma leitura que eu recomendo demais, já li muitos livros sobre o assunto, mas nenhum tão completo quanto este. Além de nos mostrar mais a fundo a vida desses homens antes, durante e depois da guerra, o livro nos permite conhecer as suas famílias com detalhes impressionantes e possui algumas fotos dos filhos e seus pais, alguns até mesmo ao lado de Hitler.
Como eu gostaria que esse livro fosse lido por muitas pessoas, é uma obra excelente, rica em História. Inclusive, vemos que quase todos os descendentes desses líderes do nazismo escreveram livros contando as suas visões sobre a época e como o peso dos atos de seus pais recaiu sobre eles.
Autora: Tania Crasnianski
Editora: Vestígio
Páginas: 240
Ano: 2018
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*Cortesia da editora
Sinopse: Até 1945, seus pais eram
considerados heróis. Depois da derrota alemã, ficou claro que eram carrascos.
Gudrun, Edda, Niklas e os outros retratados neste livro são os filhos de
Himmler, Göring, Hess, Frank, Bormann, Höss, Speer e Mengele, alguns dos principais
responsáveis pelo horror nazista. Crianças ou adolescentes durante a guerra,
eles a viveram sob a proteção de seus pais afetuosos e poderosos. Para eles, a
queda do Reich foi um verdadeiro choque de realidade. Inocentes, inconscientes
dos crimes de seus pais, descobriram então toda a sua extensão. Alguns julgaram
e condenaram. Outros continuaram reverenciando esses homens execrados por toda
a humanidade. Filhos de nazistas retrata a ascensão e o cotidiano, ao mesmo
tempo extraordinário e banal, desses altos funcionários que realizavam
diariamente seu trabalho de morte – e depois conviviam com suas famílias,
instaladas por vezes ao lado dos campos de concentração e extermínio – e
descreve as existências singulares de seus filhos ao se tornarem adultos: a queda,
a miséria, a vergonha ou o isolamento. Que laços eles mantiveram com seus pais?
Como viver com um nome amaldiçoado pela História? Em que medida a
responsabilidade pelos crimes é transmitida aos descendentes?
A Segunda Guerra Mundial é uma mancha na História. Todos os atos desumanos e abomináveis jamais serão esquecidos. Os líderes do nazismo são odiados por quase toda a população mundial, mas existem aqueles que os veneram. Os filhos. Nem todo filho de nazista idolatra o pai ou apoia seus atos, mas alguns deles têm pelos pais uma grande admiração.
Quando aconteceu a Segunda Guerra Mundial, os filhos dos líderes nazistas eram crianças ou adolescentes e não tinham conhecimento do trabalho dos pais. Algumas crianças visitaram campos de concentração, mas nada entendiam. Os filhos do comandante de Auschwitz, Rudolf Höss, sempre moraram perto dos campos e tinham contato direto com os prisioneiros que eram criados de sua família. O livro mostra uma cena em que a pequena Brigitte queria comer morangos e a mãe alerta que é preciso lavá-los antes, pois estão cobertos de pó pretos e têm cheiro de cinzas. Os morangos estavam, na verdade, cobertos com as cinzas que chegavam de Auschwitz.
"Enquanto saboreia os morangos, sentada na entrada da casa, a menininha olha em volta para ver se tem alguma coisa queimada. Às vezes sente um cheiro horrível. Um dia, ouviu adultos se queixando disso também. Estavam falando de 'cremação', uma palavra cujo significado a menina de 9 anos não conhece. Também ouviu seu pai dizer a um dos seus subalternos que não dava para continuar daquele jeito, pois, quando o tempo está ruim, ou quando o vento está forte, o fedor de carne queimada empesteia o ar a quilômetros de distância."Brigitte é uma das filhas desses líderes que não aceitam o que o mundo fala de seus pais, para ela o pai não exterminou tantas pessoas quanto dizem: "Como pode haver tantos sobreviventes, se tantos assim foram assassinados?, para ela, o pai confessou ser responsável pelas mortes por ter sido torturado. Mas nem todos os descendentes de Höss pensam assim, Rainer (neto de Rudolf) tem dificuldade em aceitar o passado familiar, já tentou se suicidar, já teve ataques cardíacos e sofre de crises de asma (que ficam piores cada vez que vasculha a sua história). Para a família ele é um traidor.
"Para construir suas vidas, aluns resolveram minimizar a implicação dos pais nos horrores nazistas. Outros optaram por uma rejeição violenta, sem deixar lugar para o afeto. A coexistência entre afeto profundo e o reconhecimento da culpa é dolorosa e complexa. Mas todo tiveram de encarar a reação da sociedade diante da evocação de seus sobrenomes, que os vinculavam fatalmente a seus pais, fosse qual fosse a relação que mantinham com estes."Uma das histórias que mais me chamou atenção foi a de Rolf Mengele, filho de Josef Mengele, o médico que fazia experimentos com gêmeos. Há algum tempo, assisti a um vídeo de uma sobrevivente gêmea de Mengele, ela conta que foi uma cobaia humana e revela as atrocidades às quais foi submetida. Quem quiser assistir ao vídeo é só clicar aqui e uma guia será aberta diretamente no youtube.
Rolf passou anos sem contato com o pai, que fugiu para o Brasil (antes passou por Argentina e Paraguai) e morou em uma periferia de São Paulo. Só após 21 anos é que concordou em se encontrar com ele e a sua viagem durou muito tempo de planejamento para despistar os caçadores de nazistas. Foi o único que teve a chance de confrontar o pai e descobriu que este não guardava qualquer remorso, pelo contrário, continuava convicto de ter feito um bem aos judeus (pois os que escolhia para os experimentos tinham a chance de viver, enquanto outros eram mandados diretamente para a morte, dizia ele).
Muitos desses homens cruéis não foram capazes de reconhecer as suas próprias ações como desumanas, Höss, por exemplo, acreditava que a câmara de gás era um meio menos sofrido de morrer (mas também via como algo mais aceitável de se ver, não havia banho de sangue, "só" um monte de corpos empilhados). A maioria dizia apenas ter cumprido as ordens de Hitler, muitos - mas não todos - de seus descendentes e familiares assumiram essa postura e ainda hoje os defendem.
"Mais de setenta anos depois, há poucos sobreviventes entre aqueles que foram os carrascos e as vítimas daquela época. Com eles, a memória subjetiva dos protagonistas dessa tragédia vai se apagar. Mas se é para os nomes dos dirigentes do regime nazista soarem como uma advertência para o futuro, devemos preservar o conhecimento a respeito desse período. Infelizmente, a juventude parece às vezes se afastar da História, por ignorância ou falta de interesse. É claro que não se deve generalizar."
Minha impressão
Eu sempre me interessei muito por livros históricos, mais ainda quando abordam a Segunda Guerra Mundial. Quando vi esse livro eu fiquei curiosíssima com ele, eu quis ver como os filhos dos homens mais monstruosos já vistos reagiram com a notícia de que os seus pais foram os responsáveis por tantas mortes e como seguiram com as suas vidas.
Para a minha surpresa, muitos filhos sentem orgulho dos feitos de seus pais e defendem a todo custo os ideais do nacional-socialismo. E eles não são os únicos, existem jovens neonazistas que se reúnem com os veteranos em assembleias cujo objetivo é a exaltação da raça ariana. Nessas reuniões os dirigentes do nazismo são louvados, são vistos como vítimas. Há também grupos e associações de apoio aos prisioneiros e acusados nos processos depois da guerra.
A autora fez um enorme trabalho de pesquisa, ela mesma é descendente de um ex-oficial, o livro é muito bem fundamentado e ao final da obra estão notas, fontes em arquivos e bibliografia geral. É uma leitura que eu recomendo demais, já li muitos livros sobre o assunto, mas nenhum tão completo quanto este. Além de nos mostrar mais a fundo a vida desses homens antes, durante e depois da guerra, o livro nos permite conhecer as suas famílias com detalhes impressionantes e possui algumas fotos dos filhos e seus pais, alguns até mesmo ao lado de Hitler.
Como eu gostaria que esse livro fosse lido por muitas pessoas, é uma obra excelente, rica em História. Inclusive, vemos que quase todos os descendentes desses líderes do nazismo escreveram livros contando as suas visões sobre a época e como o peso dos atos de seus pais recaiu sobre eles.
Minha nota para o livro
Olá Beatriz, este livro me lembra um pouco "O menino do pijama listrado", só que bem mais elucidativo. Todo livro que tem como cenário a segunda guerra, trás fortes emoções, e imagino que com este não seja diferente. Me interessou bastante.
ResponderExcluirParabéns pela resenha.
Bjos
Vivi
http://duaslivreiras.blogspot.com.br/
Olá, Viviane. Que bom que se interessou pelo livro, mas preciso alertá-la para o fato deste ser totalmente diferente de "O menino do pijama listrado". Este fala sobre os filhos dos nazistas e suas reações ao descobrirem o trabalho de seus pais durante a guerra. O do menino fala sobre uma criança judia que estava no campo de concentração e fez amizade com um menino alemão. De fato é bem mais claro e intenso que o outro, mas são visões completamente diferentes. Recomendo muito a leitura!
ExcluirNão sei se conseguiria ler este livro, apesar de adorar me aprofundar em fatos históricos. Mas acredito que ver como os filhos enxergaram certas posturas, como sentimento de apoio, não me faria bem.. É triste =/ Mesmo assim eu amei sua resenha, pude matar um pouquinho da minha curiosidade sobre o conteúdo <3
ResponderExcluirSai da Minha Lente
É no mínimo curioso pensar em como os filhos dos nazistas entendiam aquilo que os pais faziam na Segunda Guerra Mundial. Deve ser algo difícil de aceitar. Um livro bastante interessante.
ResponderExcluirBeijos
Mari
Pequenos Retalhos
Oiii Beatriz
ResponderExcluirÉ uma visão diferente e bem interessante, eu queria entender como esses filhos podem enxergar o lado positivo do que seus pais fizeram, acho que deve ser uma leitura meio amarga e ao mesmo tempo fora do habitual que sempre lemos sobre a Segunda Guerra pois aqui quem fala são os filhos deles, dos nazistas. Eu gosto de livros históricos, e acredito que esse é um que me agradaria, vai pra lista com certeza.
Beijos
www.derepentenoultimolivro.com
Oi Bea,
ResponderExcluirAdorei a resenha, vi sobre esse livro há poucos dias em outro blog. Sinceramente não sei se tenho estomago para ler, só lendo aquele momento dos morangos que você descreveu já me passou um sentimento ruim. Fico só pensando como podem eles pensar que os pais estavam certos em matar tantas pessoas? Realmente será verdade que somos moldes de nossas famílias e costumes? Realmente são questões relevantes. Acredito sim ser uma belíssima obra, porém não sei se tenho coragem suficiente para reviver o passado que exterminou com tantas pessoas inocentes.
Beijos
Raquel Machado
Leitura Kriativa
https://leiturakriativa.blogspot.com.br
Olá, ainda não conhecia esse livro, mas pela sua resenha, me pareceu mesmo uma obra super interessante. Deve ser bem complicado carregar um sobrenome de um nazista, ter um pai que fez o que fez. É uma leitura que quero fazer.
ResponderExcluirOi, bia. Eu gosto muito de livros que trazem a temática da segunda guerra, e acho que esse é bem inovador, por trazer a visão de pessoas que nunca ouvimos antes. Deve ser difícil para muitos desses filhos conciliarem os monstros de quem todos os livros falam e os pais que muitas vezes lhes davam carinho... Dica anotadíssima
ResponderExcluirOi. esse deve ser um livro forte, fala da memória celular e familiar dos ligados diretamente em algo tão repugnante, não é de se estranhar as tentativas de suicídio. Eu pretendo ler esse livro, mas não este ano, pois sei que foi ficar numa mescla de desespero a considerar o momento atual do Brasil neonazista e depressiva a jugal pela realidade, mas está na minha lista sim.
ResponderExcluirOla
ResponderExcluirPedi esse livro a um tempinho,ainda tenho esperança de ganhar. Impressionante como a familia defende tudo o que os pais fizeram....
Será uma leitura interessante com certeza.
Bjus
Olá,
ResponderExcluirAssim como você, me interesso muito por obras que retratem o período da Segunda Guerra.
Não conhecia o título, mas com certeza já sei que preciso dele para ontem.
Sem sombra de dúvidas que é uma leitura forte e tensa, mas muito intrigante pelo fato de mostrar como era a estrutura familiar dos chefes nazistas e também mostra tudo o que recai sobre os ombros dos filhos, que na época nem entendiam o que tudo isso significava.
LEITURA DESCONTROLADA
Uaaau
ResponderExcluirEsse livro parece ser um soco no estômago. =O
Interessei-me, mas preciso me preparar psicologicamente antes para realizar essa leitura.
Bjs
http://livrelendo.blogspot.com