[Resenha] O Corvo

16 de maio de 2019

Título: O Corvo
Autor: Edgar Allan Poe | Organização, posfácios e tradução dos ensaios Paulo Henriques Britto
Editora: Companhia das Letras
Páginas: 200
Ano: 2019
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*Cortesia da editora
Sinopse: O poema mais assustador da literatura ocidental e suas traduções.
“A morte de uma mulher bela é, sem sombra de dúvida, o tema mais poético do mundo.” Assim Edgar Allan Poe justificaria a gênese de “O corvo”, poema publicado sob pseudônimo originalmente em 1845. Mas o que faz com que esses versos hipnotizantes sobre perda e desejo, escritos de modo tão calculado pelo mestre do terror há quase dois séculos, tenham merecido tantos elogios e tamanha controvérsia?
Nesta edição, o leitor vai conhecer as traduções mais notáveis de “O corvo” para a nossa língua ― as de Fernando Pessoa e Machado de Assis ―, analisadas pelo poeta, tradutor e professor Paulo Henriques Britto, que também traduz três textos fundamentais de Poe sobre poesia (“A filosofia da composição”, “A razão do verso” e “O princípio poético”) e examina a faceta ensaística do escritor.
Resenha
O estudante ouve novas batidas à janela e ao abri-la tem uma surpresa, adentra ao seu quarto um corvo negro de aspecto antigo e pousa no alto da porta. O jovem se apavora quando começa a conversar com o corvo e ao perguntar seu nome à ave ela responde chamar-se “Nunca mais”.
“Pasmei de ouvir este raro pássaro falar tão claro, / Inda que pouco sentido tivessem palavras tais. / Mas deve ser concedido que ninguém terá havido / Que uma ave tenha tido pousada nos seus umbrais, / Ave ou bicho sobre o busto que há por sobre seus umbrais, / Com o nome ‘Nunca mais’.” (Tradução de Fernando Pessoa)
Movido pelo medo e pelo nervosismo por ter um animal falando consigo e ainda mais com palavras tão sinistras o estudante começa a fazer questionamentos, ora ao corvo ora a si mesmo, e as respostas dadas são sempre “Nunca mais”.  O poema é extenso, mas não ao ponto de se tornar uma leitura cansativa, em um de seus ensaios (A Filosofia da Composição) Poe conta que essa foi a sua preocupação inicial ao escrever The Raven e depois, estabelecer o tamanho do poema.
“Levando em conta todas essas considerações, bem como o grau de excitação que considerei não superior ao gosto do público, e ao mesmo tempo não inferior ao da crítica, decidi de imediato qual seria a extensão apropriada ao poema planejado – cerca de 110 versos. O poema terminou tendo 103 versos.”
Neste mesmo ensaio Poe conta como foi o processo de criação do poema, onde revela ter começado pelo final e depois foi criando situações para chegar a ele, sem nunca deixar de se preocupar com a métrica.
Paulo Henriques Britto faz uma análise crítica sobre o poema original e as traduções por Fernando Pessoa e Machado de Assis, pontuando as diferenças entre eles e o texto escrito por Poe. A tradução de Fernando Pessoa se mantém fiel à obra original e com poucas alterações, Fernando Pessoa inclusive aperfeiçoou o texto ao fazer uma correção quanto ao nome da mulher amada pelo estudante. Já a tradução de Machado de Assis é completamente diferente e nem parece se tratar do mesmo poema.

O professor Paulo Henriques Britto também analisa detalhadamente a estrutura do poema e mostra como o uso de algumas palavras foi necessário para manter a métrica, tornando o texto tecnicamente perfeito e ao mesmo tempo previsível, a repetição de fonemas o deixa com um ritmo mecânico, são rimas já esperadas. No entanto, mesmo com esse excesso (completamente justificável) a qualidade da obra é inquestionável.
Minha impressão
Eu já tive contato com as obras de Poe, mas ainda não havia lido O Corvo e quando recebi esta edição encantadora da editora eu me animei bastante para a leitura. A edição traz o poema original e duas traduções, uma por Fernando Pessoa e a outra por Machado de Assis. Além do poema, o livro conta com a análise técnica do professor e poeta Paulo Henriques Britto sobre o poema e os ensaios de Poe. 

Em um primeiro momento, tive dificuldade de compreender o poema com a tradução de Fernando Pessoa devido às palavras utilizadas, com a tradução de Machado de Assis eu pude entender melhor, porém, Fernando Pessoa se manteve fiel ao texto original, com todas as rimas e pouquíssimas alterações. Depois de ler a análise do professor, voltei e reli as duas traduções do poema, da segunda vez gostei muito mais da tradução de Fernando Pessoa, a tradução de Machado de Assis peca na estrutura. 

Os ensaios de Poe explicam muito sobre a criação do poema, suas inspirações, questões semânticas, a preocupação com o leitor e com a crítica e mostram os pensamentos dele sobre poesia e versificação. São textos de muita qualidade. 

Essa é uma edição muito caprichada, em capa dura e com lindas ilustrações. O trabalho de Paulo Henriques Britto é admirável e seus textos analíticos são excelentes. 

Minha nota para o livro

7 comentários:

  1. Oi, tudo bem? Não tenho interesse no autor nem no livro, são temáticas que não passam perto do meu interesse mesmo. Mas achei legal a ideia de pegarem um único poema dele e fazerem toda uma explicação e tal. Acho que pra quem é fã deve ser bem especial mesmo.

    Love, Nina.
    www.ninaeuma.blogspot.com

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  2. Sinceramente nunca me interessei pelos livros desse autor, toda vez que leio a resenha de suas obras percebo que o enredo não me atraí. Por isso nem tenho muito o que dizer, simplesmente não faz meu estilo de leitura. No entanto para quem curti, com certeza deveriam dar uma chance, pois os poemas apesar de traduzidos, ora de forma fiel e com poucas alterações, e ora totalmente novo para que o leitor conseguisse compreender o que era descrito me pareceu bastante positivo.

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  3. Oii, tudo bem?

    Ainda não conhecia a obra, mas já estou bem interessada. Adoraria ler o poema original e as duas traduções para poder compará-las e tirar conclusões. Gostei de saber que a edição também conta com uma análise técnica do professor e poeta Paulo Henriques Britto.
    Adorei a resenha!!

    Beijinhos!!

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  4. Oi, tudo bem? Concordo com você essa edição está simplesmente incrível. Não conheço a escrita do autor mas já vi muitos elogios. Esse em especial é um dos mais comentados. Fiquei curiosa em ler. Beijos, Érika =^.^=

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  5. Que capa maravilhosa, meu deus! hahaha
    Eu sou bem chata para leitura de poemas, principalmente quando são longos... Porém, me interessei bastante por sua resenha. É diferente a construção dessa obra, por que ela pensa num determinado texto, além de duas traduções (e por escritores incríveis). Realmente é cativante! <3
    www.palavrasambulantes.com

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  6. Eu nunca li nada do Poe, acredita? Mas quero muito! Gostei de saber sobre a edição e tradução, é importante saber antes, pra não pensar que não é uma leitura que não é pra mim... kkkk Adorei essa capa

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  7. Olá,
    Já li algumas coisinhas do Poe mas este ainda não. Na verdade sempre tenho receio por ser um poema, acabo ficando perdida e deixando passar. Mas a edição parece estar muito linda!

    Debyh
    Eu Insisto

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